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Seminário reúne especialistas brasileiros e franceses para debater avanços nas pesquisas sobre HIV/aids
BRASIL-FRANÇA
Seminário reúne especialistas brasileiros e franceses para debater avanços nas pesquisas sobre HIV/aids
Evento faz parte das atividades científicas realizadas no âmbito do projeto de cooperação entre os dois países
04.05.2018 - 09:33
última modificação:
04.11.2022 - 10:42
Foi realizado nessa quinta-feira (3), em São Paulo, o 25º Seminário Técnico-Científico Brasil-França em Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais. O encontro tem por objetivo o compartilhamento de experiências e a discussão temática sobre pesquisas e evidencias científicas relacionadas a esses agravos. Participaram do seminário cerca de 80 pessoas, entre pesquisadores e especialistas brasileiros e franceses, profissionais de saúde, gestores, representantes da sociedade civil e ex-estagiários do Programa de Cooperação. O evento dá seguimento a agenda de atividades do Projeto de Cooperação Brasil-França, iniciada na quarta-feira (2) com a “6ª Jornada Científica do Programa de Cooperação em Pesquisa sobre HIV, Aids e Hepatites Virais”.
A sessão inaugural do 25º Seminário Técnico-Científico Brasil-França em IST, HIV/Aids e Hepatites Virais foi aberta pelo diretor da Agência Francesa de Pesquisa sobre HIV/Aids e Hepatites Virais (ANRS), François Dabis, que destacou os principais objetivos de atuação da agência que há 27 anos busca conduzir as melhores contribuições científicas na luta contra o HIV e, mais recentemente, incorporou também o fomento a pesquisas sobre as hepatites virais. Dabis ressaltou a importância da cooperação entre o Brasil e a França, classificando como “uma cooperação dinâmica, que envolve troca de informações, conhecimento e de financiamento, que é muito enriquecedora para os dois países.”
Também participaram da sessão inaugural o adido de Cooperação da Embaixada da França, Damien Gairin-Calvo; a co-coordenadora francesa do Programa ANRS/DCCI e médica do Serviço de Doenças Infecciosas e Tropicais do Hospital Saint-Louis na França, Nathalie de Castro; o coordenador de Controle de Doenças da secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Marcos Boulos; e a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais (DCCI) do Ministério da Saúde, Adele Benzaken.
SESSÕES TEMÁTICAS - Após a abertura, a diretora do DCCI deu inicio as sessões técnicas apresentando os avanços brasileiros no alcance da meta 90-90-90 de resposta ao HIV, durante o painel intitulado “Cascata, Acesso a Diagnóstico Precoce e Políticas de Testagem”, que também contou com a participação da epidemiologista Virginie Superivie, do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm).
Durante a apresentação, Adele mostrou o perfil da epidemia de HIV no Brasil – estimado em 855 mil pessoas vivendo com o vírus e concentrada em populações-chave e em jovens – e os dados mais recentes da cascata de cuidado contínuo do HIV, que mostram o patamar do Brasil no alcance da meta 90-90-90. Em 2017, 84% das pessoas que vivem com HIV foram diagnosticadas, 75% estavam em tratamento e 92% com carga viral suprimida.
“Esses dados demonstram que o tratamento preconizado pelo Brasil em seus protocolos está funcionando bem. Só em 2017, nós iniciamos o tratamento com mais 70 mil pessoas, somando, atualmente temos mais de meio milhão de pessoas em tratamento antirretroviral no país. Também, em 2017, introduzimos o dolutegravir como tratamento de primeira linha e passamos a ofertar a PrEP”, pontuou Adele Benzaken.
Dando sequencia às sessões temáticas, pesquisadores brasileiros e franceses apresentaram as principais evidencias de pesquisas no âmbito do Programa de Cooperação e sua aplicabilidade na prevenção e tratamento do HIV/aids no Brasil, na França e também na Guiana Francesa. A profilaxia e tratamento de infeções oportunistas e redução da mortalidade por aids ocupou o debate de duas sessões, uma que tratou sobre a coinfecçao tuberculose (TB)/HIV e principais doenças oportunistas neurológicas em pacientes com HIV – toxoplasmose e meningite por criptococose e por tuberculose – e a outra que abordou a histoplasmose – doença cutânea que, embora ainda com poucos dados sobre sua incidência relacionada ao HIV, as evidencias indicam que a coinfecçao histoplasmose/HIV responde por cerca de 40% das mortes por aids, índice similar ao da coinfecçao TB/HIV.
Os desafios da implementação do tratamento antirretroviral imediato (Timing do tratamento), que busca reduzir a quase zero o intervalo entre o diagnostico do HIV e o inicio do tratamento, também foi tema de uma das sessões. Atualmente no Brasil esse intervalo é de cerca de 40 dias. O abandono, a irregularidade do tratamento e a resistências aos medicamentos antirretrovirais foram discutidos durante outra sessão, com destaque para o trabalho de monitoramento da resistência ao HIV no Brasil, com a reorganização da Rede Nacional de Genotipagem (Renageno) e do fluxo de solicitação de exames de genotipagem do HIV. Encerrando as sessões temáticas, pesquisadores da London School of Hygiene and Tropical Medicine e do Instituto Nacional do Câncer (INCA) debateram a relação entre alguns tipos de câncer e o HIV, com destaque para a relação entre o HPV e o risco aumentado de infecção por HIV e também da incidência de mortes de pessoas vivendo com HIV em decorrência do câncer do colo do útero.
ESTÁGIOS – A última mesa do seminário reuniu quatro bolsistas selecionados pelo Programa Cooperação, que fizeram um relato dos trabalhos que desenvolveram durante o estágio na França, em 2017. Os temas dos trabalhos apresentados foram: “Melhores práticas da oferta de PrEP na França e diferenças com a oferta de PrEP no Brasil”; “Gestão da Pesquisa Clínica em HIV/aids fomentada pela ANRS: o estudo REFLATE – TB 2, uma parceria de sucesso Brasil – França”; “Prevenção do HIV na população jovem: busca de experiências exitosas na França com potencial de aplicação no Brasil” e “Experiência prática na avaliação dos medicamentos destinados ao tratamento de Hepatites Virais”.
Em 2018, mais sete bolsistas foram selecionados pelo Programa de Cooperação Brasil-França, via edital público, para desenvolverem estágios na França relacionados à temática do HIV/aids e das hepatites virais.
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Típo da notícia: Notícias do DCCI