Painel debate o papel das populações-chave na resposta ao HIV
Representantes da sociedade civil destacaram a importância de ações de prevenção entre pares
O papel da sociedade civil nas ações de prevenção combinada ao HIV/aids foi destaque do painel Protagonismos das populações-chave na resposta ao HIV, que reuniu representantes da sociedade civil organizada e do governo, na terça-feira (27/09), em uma das primeiras sessões científicas que abriram o 11º Congresso Brasileiro de HIV/Aids e 4º Congresso de Hepatites Virais. O evento acontece em Curitiba até sexta-feira (29/09).
O objetivo do painel era debater a estratégia da prevenção combinada e o papel das populações diretamente afetados pela epidemia do HIV/aids – pessoas em situação de rua; que usam álcool e outras drogas; população LGBT e profissionais do sexo – e que muitas vezes são estigmatizadas pelo preconceito e pela discriminação social.
“Nós temos muito claro que política pública que não emana do povo não responde às necessidades da sociedade. Por isso que reunimos nesse painel pessoas que irão contar suas histórias de vida e experiência de como atuar junto aos seus pares em estratégias de prevenção ao HIV”, destacou o moderador do painel, o consultor técnico do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, Aids e das Hepatites Virais (DIHAV) do Ministério da Saúde, Gil Casimiro. “Qual é o papel, qual a importância dessas pessoas na efetividade da estratégia da Prevenção Combinada e na resposta brasileira ao HIV/aids”, provocou.
A experiência com o trabalho de redução de danos e a participação das pessoas que usam álcool e outras drogas na elaboração e implementação de políticas públicas foram abordadas pelo presidente honorário da Associação Brasileira de Redução de Danos (Aborda), Domiciano Siqueira. “Nossa estratégia com os usuários é buscar, junto com ele, algo que seja mais importante que a droga e, a partir do desejo dele de alcançar esse novo objetivo, introduzimos também temas como qualidade de vida e prevenção, testagem e tratamento do HIV”, conta.
A vivência como criança vítima de violência doméstica e morador de rua, foi o ponto de partida da fala do coordenador do Movimento Nacional da População de Rua no Rio Grande do Sul, Richard Gomes Campos, para explicar seu trabalho de prevenção ao HIV junto às pessoas em situação de rua. “Meu papel não só como pessoa que viveu na rua, mas como alguém que também vive com HIV é ser um agente de transformação da realidade dessas pessoas, faço isso com o meu exemplo e com informação.”
Já o trabalho que alia o teatro, informação sobre direitos de cidadania e ações de prevenção ao HIV entre as prostitutas da Paraíba e de toda região nordeste, foi destaque da fala da coordenadora geral da Associação das Prostitutas da Paraíba (Apros), Maria Luzanira da Silva. Ela conta a importância de realizar ações conjuntas de promoção dos direitos das profissionais do sexo, com atividades de prevenção ao HIV e a outras ISTs, como incentivo à realização de testagem entre prostitutas.
Encerrando o painel a consultora técnica do DCCI, Alícia Krüger, destacou o protagonismo da população LGBT na implementação da prevenção combinada, a partir do resgate histórico da luta dos movimentos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais por direitos, o que inclui o de acesso à saúde.
“Falo não só como representante do DCCI, falo como mulher trans que conhece a luta de movimentos como Rede Trans e da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, e sabe do protagonista desses e de outros movimentos LGBT na resposta brasileira ao HIV”, lembra Alícia. “Foi pela atuação intensa desses movimentos, que mostram pro SUS suas especificidades e exigiram respeito à diversidade, que hoje chegamos à possibilidade de combinar variadas estratégias de prevenção ao HIV, a partir dos contextos e realidades de cada população e individuo”, destaca.
Assessoria de Comunicação
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
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