MULHERES DA FLORESTA

Mulheres de comunidades extrativistas do Acre e Pará retomam o projeto A Bagagem das Mulheres da Floresta

Oficina sobre prevenção das IST, do HIV/aids e das hepatites virais dá início a esta nova etapa

23.02.2018 - 11:58
04.11.2022 - 10:41

[node:title]Mulheres da floresta que vivem em comunidades extrativistas do estado do Acre e Pará reuniram-se em Brasília para uma oficina sobre ações de prevenção das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Compareceram representantes de cada comunidade, treze do Acre e doze do Pará. O encontro, promovido pelo DCCI, DAGEP e DAB, retoma o projeto “A Bagagem das Mulheres da Floresta”, que teve início na terça-feira (20) e seguiu até quinta-feira (22).

A Diretora do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Adele Benzaken, expos que está sendo retomada essa agenda das mulheres da floresta, do campo e das águas para que elas se tornem multiplicadoras de saúde nos estados que compõem a Amazônia Legal. A intenção é que a educação pelos pares reproduza todos os conhecimentos que elas adquirirem durante esta oficina em Brasília.

“Nessa região o extrativismo é intenso, e alguns componentes que dão vulnerabilidade ao HIV e a outras IST estão presentes, como por exemplo a prostituição próximas em áreas de garimpo, de ribeirinhos, em comunidades indígenas, onde há informações escassas sobre a questão da prevenção dessas infecções. Por isso é importante a formação de agentes multiplicadores de informações e conhecimentos sobre o direito ao acesso à saúde pública”.

Veja aqui entrevista com Adele Benzaken

Edel Moraes, do arquipélago do Marajó, vice-presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) destacou: “Em nossos territórios, estamos a quatro, cinco ou dez dias de distâncias umas das outras. Cada uma de nós tem a responsabilidade de formar outras agentes multiplicadores de informações e conhecimentos em sua comunidade”.

Veja aqui entrevista com Edel Moraes

O acesso às comunidades é difícil e os meios de comunicação são precários, afirmaram algumas das participantes. “A gente está neste momento fazendo a inclusão dessas mulheres da floresta, em razão de elas estarem na invisibilidade para as ações de saúde local. Esta oficina atende aos anseios delas por ações de saúde em seus territórios”. Afirmou Angela Mendes, da Secretaria da Mulher Trabalhadora Extrativista Rural, do CNS.

A Bagagem das Mulheres da Floresta é um projeto que nasceu em 2004 dentro do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) em parceria com três áreas do Ministério da Saúde: DCCI, Departamento de Apoio à Gestão Participativa e Controle Social (DAGEP), e Departamento de Atenção Básica (DAB). E já recebeu o prêmio internacional ActionAid Americas 2007, Prêmio Direitos Humanos Internacional, e Prêmio Nacional Chico Mendes, na categoria saúde e meio ambiente.

No primeiro dia do evento, a diretora Adele Benzaken ministrou uma aula sobre a estratégia denominada “Prevenção Combinada”, implementada pelo DCCI.  “O Ministério da Saúde, com esta oficina, reconhece os determinantes sociais de saúde como fundamentais”.  E lançou um desafio às mulheres participantes: quem aqui sabe o que é prevenção combinada? A resposta veio de forma detalhada sobre o tema. A Diretora explicou cada ítem que compõe a estrutura da mandala, assim distribuídos: Testagem regular para o HIV, HV e outras IST; Profilaxia Pós-Exposição (PEP); Profilaxia Pré-Exposição (PrEP); Prevenir a Transmissão Vertical; Imunizar HBV e HPV; Redução de Danos; Diagnosticar e tratar as pessoas com IST e HV; Usar Preservativo masculino, feminino e gel lubrificante; e Tratar todas as pessoas vivendo com HIV/Aids.

Confira aqui todas as informações que você precisa saber sobre a Prevenção a Combinada

Edel Moraes comentou: “Agora estamos tomando conhecimento sobre a prevenção combinada disponível no SUS, entendo a linguagem dos termos e vamos traduzir essas informações para nossa comunidade”.

A diretora Adele Benzaken explicou também a importância do uso de preservativo masculino e ou feminino como forma de evitar as infecções sexualmente transmissíveis, como manuseá-los e usá-los corretamente.

Maria Luzia da Silva Lucena, do município Jordão (Acre) comentou:O que eu achei mais importante é saber lidar com os preservativos tanto masculino quanto feminino. Vou ensinar cada pessoa da comunidade que ainda não sabe lidar. E também as formas das doenças virais, como se prevenir e tratar. O preservativo feminino me chamou muito a atenção, porque é desconhecido no meu território.”

Claudelice Santos, do projeto de assentamento agroextrativista situado entre os rios Praia Alta e Piranheira, do município de Nova Ipixuna, disse: “Imagina lá no interior onde só se chega de barco ou depois de muita caminhada. É uma grande esperança de que a gente possa levar muitas informações e tentar mudar a realidade da saúde local. A gente quer contribuir para que as informações venham pra comunidade, pras pessoas terem mais dignidade”.

Ivo Brito, da área de ações estratégicas do DCCI, destacou: “O grande ganho de uma proposta dessa natureza é chegar em lugares longínquos onde muitas vezes o SUS ainda não chegou, porque o acesso é muito difícil e limitado. Então, é uma grande oportunidade pra nós poder trabalhar com essas mulheres. A experiência já demonstrou que podemos alcançar excelentes resultados relacionados à saúde”.

COMUNICAÇÃO - A oficina tratou também do tema Pensando a comunicação em saúde como instrumento importante para disseminar o conhecimento e informações na comunidade, considerando o contexto em que as mulheres da floresta estão inseridas, onde os meios de comunicação são precários ou inexistentes, gerando assim um isolamento da comunidade. Este tema foi ministrado por assessores do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) e Departamento de Atenção Básica (DAB), que convidaram as participantes a improvisar um exercício em que elas faziam o papel de locutoras de rádio anunciando notícias e informações sobre saúde à comunidade. Ao final, concluíram que as mulheres da floresta mostraram que são excelentes comunicadoras.

Leidi Aquino, moradora da reserva extrativista Chico Mendes, do Acre, observou: “Este projeto contribuiu muito para a questão da sensibilização e da informação, principalmente das mulheres que moram dentro das áreas de reserva extrativista, os ribeirinhos e comunidades indígenas. Contribuiu muito para o conhecimento, para as pessoas saberem que tem direito e que existe uma política pública e que elas podem buscar esse direito”.

Ao final do encontro, as lideranças das comunidades extrativistas construíram uma agenda de intervenção local para formação de novas multiplicadoras e desenvolvimento de ações de prevenção no âmbito das IST, do HIV/aids e das hepatites virais, dividida em quatro eixos: Prevenção; Educação e Comunicação em Saúde; e Participação e Controle Social.

Assessoria de Comunicação
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis

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Típo da notícia: Notícias do DCCI