Jovens do Centro-Oeste participam de oficina de prevenção combinada
Ao final do encontro, foi construída a agenda de intervenção local para ações de prevenção combinada
Cerca de 60 representantes da sociedade civil e de movimentos sociais do Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás participaram, entre os dias 7 e 9 de fevereiro, em Brasília, da Oficina de Prevenção Combinada com Jovens - Região Centro-Oeste. Durante os três dias foram realizadas atividades ligadas à juventude, prevenção, sexualidade, discriminação, preconceito e estigma. Os jovens também debateram quais as formas de atuação em suas respectivas regiões e construíram agenda de intervenção local para ações de Prevenção Combinada em HIV/Aids. O evento, promovido pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), foi o último dos sete encontros realizados nas cinco regiões brasileiras, desde 2017.
“O jovem pertence à parcela da população em que a epidemia deu uma guinada desde 2010, principalmente entre os homens que fazem sexo com homens”, destacou a diretora do DCCI, Adele Benzaken. “Temos que provocar a reação dos jovens para se cuidar e que este público se aproprie da Prevenção Combinada. O jovem precisa ser o foco de resistência ao HIV/Aids. Por isso, é importante que os que participaram dessa oficina se engajem para que multipliquem o que aprenderam aqui. O Brasil ainda é um país de jovens e o jovem precisa se cuidar”.
Em uma das atividades realizadas na oficina, os participantes foram divididos em cinco grupos e apresentaram suas propostas de itens para a mandala de prevenção. Dentre os assuntos propostos estão a conscientização, informação, acolhimento, quebra de tabu, direitos garantidos, igualdade, redução de danos, educação sexual nas escolas e humanização dos profissionais de saúde e das pessoas.
“Esperamos que os participantes saiam do evento sem dúvidas, mas caso precisem de apoio podem procurar pela Unesco, que tem material para a continuidade dos trabalhos nas suas regiões de atuação”, disse a representante da Unesco, Mariana Braga. “Os jovens têm atendido aos chamados, participando de cursos. Vocês são o presente da resposta ao HIV/Aids”, afirmou Georgiana Braga-Orillard, do Unaids Brasil.
Para Baby Brasil, do Instituto Amizade de Direitos Humanos, Cidadania e Sustentabilidade, que atua em Goiás e no Distrito Federal, as maiores dificuldades para os jovens está no restrito acesso à educação e saúde. “Pretendemos dialogar com a gestão pública, propor que os serviços essenciais ao jovem sejam melhorados e que os recursos sejam aplicados de forma responsável”, afirmou. “Nas regiões em que atuamos prevalece o tabu, a falta de informação, as pessoas são diagnosticadas mas não sabem acessar os meios para se obter os testes e o tratamento. Vamos buscar novas lideranças e trazer os jovens para a luta”.
Segundo Lucas Bianchi, do Instituto Águia Morena, de Campo Grande (MS), o evento vem ao encontro da possibilidade de potencializar e instrumentalizar os jovens que querem atuar com àqueles que adoecem com HIV/Aids. “Com a oficina, podemos evoluir nas nossas ações e levar os conhecimentos adquiridos para nossa realidade”, disse. “Queremos levar o que aprendemos aqui, usar o linguajar deles, para entenderem mais as questões da prevenção às doenças. Jovens para jovens, não é coisa técnica que os confunda”, afirmou outra integrante da Águia Morena, Mickaela Arinos Martinez.
Dados – De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2016, a taxa de detecção quase triplicou entre os homens de 15 a 19 anos, passando de 2,4 casos por 100 mil habitantes, em 2006, e para 6,7 casos em 2016. Entre os com idade entre 20 e 24 anos, a taxa de detecção passou de 16 casos por 100 mil habitantes, em 2006, para 33,9 casos em 2016. Já nas mulheres, houve aumento da doença entre 15 a 19 anos – passou de 3,6 casos para 4,1.
Quanto à forma de transmissão, o agravo cresce entre homens que fazem sexo com homens, mudando o perfil, nos últimos 10 anos, quando a proporção maior de casos era de transmissão heterossexual. Na comparação com 2006, observa-se aumento de 33% nos casos de transmissão de homens que fazem sexo com homens.
Prevenção Combinada – Na resposta brasileira à epidemia de HIV/aids, as estratégias de prevenção sempre resultaram de uma atuação conjunta entre o governo brasileiro, os profissionais e trabalhadores da saúde envolvidos e a sociedade civil. Nos últimos anos, essas estratégias foram reestruturadas, levando ao conceito de “prevenção combinada” – um conjunto de estratégias de prevenção que inclui a testagem regular para o HIV; a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP); a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP); a testagem durante o pré-natal e o tratamento da gestante que vive com o vírus; a redução de danos entre pessoas que usam silicone industrial, hormônios álcool e outras drogas; a testagem e o tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e das hepatites virais; o uso de preservativo masculino e feminino; as imunizações; e o tratamento antirretroviral para todas as pessoas infectadas com HIV.
Hoje, a chamada “prevenção combinada” é o grande mote da resposta brasileira ao HIV/aids, em consonância com outros países que são vanguarda no enfrentamento global ao agravo.
Assessoria de Comunicação
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
Conheça também a página do DCCI no Facebook:
https://www.facebook.com/ISTAidsHV