PESQUISA

Estudo apresenta dados nacionais de Prevalência da Infecção pelo HPV

A pesquisa indica prevalência geral estimada de HPV de 54,6 %, sendo o HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer presente em 38,4 % dos participantes

27.11.2017 - 10:54
04.11.2022 - 10:40

[node:title]O Ministério da Saúde divulgou nesta segunda-feira (27), em conjunto com o Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre (RS), dados preliminares do projeto POP-Brasil-Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Infecção pelo HPV. A pesquisa foi realizada em 26 capitais brasileiras e Distrito Federal. Do total de pessoas que participaram do estudo (7.586 entrevistas), 2.669 foram analisadas para tipagem de HPV. Das pessoas testadas, a prevalência estimada de HPV foi de 54,6 %, sendo que 38,4 % destes participantes apresentaram HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer.

A pesquisa faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). O lançamento ocorreu durante o encontro  “Estudo POP-Brasil: resultados e ações para o enfrentamento da infecção pelo HPV”, realizado na Universidade Federal de Ciências Sociais de Porto Alegre (UFCSPA).

O estudo indica ainda que 16,1% dos jovens tem uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) prévia ou apresentaram resultado positivo no teste rápido para HIV ou sífilis. Os dados finais deste projeto serão disponibilizados no relatório a ser apresentado ao Ministério da Saúde em abril de 2018.

A diretora do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, explica que a vacinação contra HPV foi implementada em 2014 como estratégia para o enfrentamento da doença. "Até então, não há estudos de prevalência nacional do HPV que possam medir o impacto da vacina no futuro. O sucesso da vacinação deve ser monitorado, não somente em termos de cobertura, mas principalmente em termos de efetividade na redução da infeção pelo HPV”.

Ainda segundo a diretora do DCCI, “os desafios a serem enfrentados resumem-se em aumentar a cobertura vacinal nas Mulheres Vivendo com HIV/aids na faixa etária de 09 a 26 anos de idade; ampliar a vacinação para homens vivendo com HIV/aids até 26 anos de idade; ampliar para homens que fazem sexo com homens até 26 anos de idade; e ampliar para meninos”.

Conduzido pela médica epidemiologista do Hospital Moinhos do Vento, Eliana Wendland, a pesquisa POP-Brasil foi realizada em 119 Unidades Básicas de Saúde e um Centro de Testagem e Aconselhamento nas 26 capitais brasileiras e Distrito Federal, contando com a colaboração de mais de 250 profissionais de saúde. O Estudo identificou os fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais e regionais associados à ocorrência do HPV em mulheres e homens entre 16 e 25 anos de idade, usuários do SUS nas 27 capitais brasileiras.

Até o momento, das 27 cidades incluídas, a maioria concluiu a meta do estudo (Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Recife, Salvador, São Luís, Teresina e Vitória) e as outras estão em fase de finalização (Boa Vista, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Rio Branco, Rio de Janeiro e São Paulo).

PERFIL - A população do estudo foi composta por 5.812 mulheres e 1.774 homens, sendo a média de idade de 20,6 anos. A maioria das entrevistas era composta de indivíduos que se autodeclararam pardos (56,6 %), seguido de brancos (23,9 %) e pretos (16,7 %). Apenas 111 indivíduos se autodeclararam amarelos (1,7 %) e 74 indígenas (1,2 %). Essa distribuição é  a mesma observada pelo último censo brasileiro onde os grupos raciais pardo e branco representaram a maioria da população dessa mesma faixa etária.

Em relação à escolaridade, 37,9 % dos jovens referiram estar estudando; 28,3 % interromperam os estudos e 33,8 % concluíram os estudos. A população que compôs o POP-Brasil foi, majoritariamente, da classe C (55,6 %) ou D-E (26,6 %), seguida da classe B (15,8 %) e somente 112 indivíduos foram incluídos na classe A (2,0 %). Dos indivíduos que referiram estar trabalhando, 21,0 % o fazia sem carteira de trabalho assinada (ou trabalho informal – por conta própria), 20,8 % trabalhavam com carteira assinada, 1,0 % era servidor público e 57,0 % somente estudavam.

A maioria dos indivíduos referiu estar em uma relação afetiva estável, sendo que 41,9 % estavam namorando e 33,1% casados (ou morando com o parceiro); o restante estava sem relacionamento, sendo solteiro (24,2 %) ou divorciado (0,7 %).

Dos jovens entrevistados, 15,6 % referiram fumar cigarros, 70,8 % relataram já terem feito uso de bebidas alcoólicas e 27,1 % de drogas, ao longo da vida. A droga mais utilizada foi a maconha (23,7 %). Quanto à saúde sexual, a média de idade de início da atividade sexual foi de 15,3 anos sendo 15,4 anos para mulheres e 15,0 anos para homens.

A diferença média de idade entre parceiros na primeira relação sexual foi de 3,8 anos. Entre as mulheres, 47,7 % já engravidaram, sendo que dessas, 63,4 % tiveram um filho e 35,4 % tiveram 2 ou mais. A idade média para a primeira gestação foi de 17,1 anos. Somente cerca da metade dos indivíduos (51,5 %) referiram usar camisinha rotineiramente e, apenas 41,1 % fizeram uso na última relação sexual. O comportamento sexual de risco foi observado em 83,4 % dos entrevistados, sendo que a média de parceiros sexuais no último ano foi de 2,2 e a média de parceiros nos últimos 5 anos de 7,5.

O estudo é uma parceria do Ministério da Saúde, o Hospital Moinhos de Vento (RS), a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina (FMUSP) – Centro de Investigação Translacional em Oncologia), Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Secretarias Municipais de Saúde das capitais brasileiras e Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.

Confira publicações sobre HPV:

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas, IST, Assistência e Tratamento, Saúde da Pessoa Vivendo, Medicamentos, Profissionais de Saúde

Álbum Seriado das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)

Nota informativa conjunta nº 046/2016 sobre a ampliação da imunização contra o Papilomavírus Humano (HPV) em Mulheres Vivendo com HIV/aids

Quadro de Prevalência do HPV nas capitais do país:

Capitais

Prevalência de HPV

Recife (PE)

41,2 %

Florianópolis (SC)

44,0 %

Maceió (AL)

45,1 %

João Pessoa (PB)

45,6 %

Curitiba (PR)

48,0 %

Manaus (AM)

50,3 %

Belém (PA)

50,8 %

Boa Vista (RR)

51,0 %

São Paulo (SP)

52,0 %

Natal (RN)

52,9 %

Porto Velho (RO)

52,9 %

Fortaleza (CE)

53,4 %

Goiânia (GO)

54,1 %

Fortaleza (CE)

53,4 %

Goiânia (GO)

54,1 %

Teresina (PI)

54,3 %

Rio de Janeiro (RJ)

54,5 %

Aracaju (SE)

54,6 %

Vitória (ES)

55,1 %

Rio Branco (AC)

55,9 %

Porto Alegre (RS)

57,1 %

São Luís (MA)

59,1 %

Macapá (AM)

61,3 %

Cuiabá (MT)

61,5 %

Palmas (TO)

61,8 %

Salvador (BA)

71,9 %

Brasília (DF)

Sem dados suficientes

Campo Grande (MS)

Sem dados suficientes

Belo Horizonte (MG)

Sem dados suficientes

                  

Por Nivaldo Coelho, da Agência Saúde.

Com informações da Assessoria de Comunicação
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI)

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