GLOBAL AIDS MONITORING

DCCI se reúne à sociedade civil, a organismos internacionais e a coordenadores de saúde para elaboração do GAM 2018

Relatório global vai retratar conquistas e desafios da resposta global ao HIV

23.03.2018 - 09:35
04.11.2022 - 10:41

 

Nos últimos dias 20 e 21 de março, o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) reuniu em Brasília representantes de organismos internacionais, de organizações da sociedade civil e de coordenações municipais e estaduais de HIV/aids para ouvir suas contribuições à elaboração do texto brasileiro que vai integrar o Global Aids Monitoring 2018.

O GAM 2018 – relatório global coordenado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) – incluirá um retrato das conquistas e novos desafios da resposta do Brasil ao HIV, atualizando metas e indicadores, de acordo com os compromissos assumidos junto à Organização das Nações Unidas (ONU) em 2016. As contribuições da sociedade civil serão incorporadas ao relatório técnico brasileiro a ser elaborado pelo DCCI. O GAM 2018 será apresentado na Conferência Internacional de Aids (AIDS 2018) que acontece entre os dias 23 e 27 de julho, em Amsterdam, na Holanda.

A diretora do DCCI, Adele Benzaken, destacou, na abertura do encontro, que “poucos países no mundo realizam essa consulta nesse formato presencial”. “Aqui, a fala é de vocês”, reiterou – acrescentando que o debate servirá “para que se tenha um consenso e um texto final que reflita a opinião de todas as instituições aqui representadas”. “Com a participação de todos, vamos compor um relatório robusto e representativo dos desafios e avanços da realidade brasileira no combate à epidemia de HIV/aids”, disse.

A diretora do Unaids no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, lembrou que a construção do GAM 2017 exigiu um esforço enorme, envolvendo 175 países. “Convido todos a terem esse olhar – a definir qual é o papel de vocês no Brasil e qual é o papel do Brasil no mundo”, observou.

SOCIEDADE CIVIL – O coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), Eduardo de Matos Cheruli, de Goiânia, participou pela primeira vez do encontro. “Vivi por 10 anos em situação de rua”, disse, revelando que, em 2011, recebeu o convite para participar de um seminário que debatia o enfrentamento de doenças que afetavam a população em situação de rua. De acordo com Eduardo, o acesso ao serviço de saúde “foi um fator preponderante para que hoje, seis anos depois de sair das ruas, eu possa estar aqui, falando nessa reunião”.

Para Eduardo, contribuir pela primeira vez para a elaboração do relatório GAM é oportunidade de compartilhar outra perspectiva. “Vejo nossa participação de forma muito positiva; estamos trazendo uma parcela vulnerável e excluída da sociedade a essa discussão”, concluiu.

O representante da Associação Brasileira de Redução de Danos (Aborda) Álvaro Mendes também expôs a importância da sociedade civil na construção do GAM: “Por trabalharmos com pares, utilizamos a linguagem própria aos movimentos sociais, específicas de cada um”, disse.

Já Lam Matos, do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (Ibrat), ressaltou que o encontro amplia o diálogo de inclusão com o Ministério da Saúde e com o Unaids: “É a segunda vez que participamos dessa reunião, e já conseguimos ver a inserção dos homens trans nas ações do Departamento”, disse, ressaltando que “a gente se sente respeitado e amparado”.

O representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+) Jair Brandão destacou a importância da incorporação da profilaxia pré-exposição (PrEP) no Sistema Único de Saúde (SUS), sugerindo que os estados agilizem a oferta nos serviços já indicados.

Para Simmy Larrat, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), é preciso criar novos diálogos com os jovens, principalmente agora, com o uso da PrEP como prevenção ao HIV.

Carlos Brite, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) observou que, nos dez compromissos que visam acelerar a resposta para acabar com a epidemia de aids até 2030, deve-se reforçar alguns pontos importantes – como garantir e viabilizar recursos públicos; ampliar o acesso ao conhecimento, com mais informações sobre prevenção e tratamento às populações-chave; e fortalecer a rede básica de saúde, oferecendo cuidado integral às pessoas vivendo com HIV.

Ao final do encontro, os grupos da sociedade civil apresentaram as propostas levantadas e que posteriormente irão compor o relatório brasileiro.

Acesse aqui os 10 compromissos previstos pelo Unaids para atingir as metas globais até 2030, que serviram de base às contribuições debatidas nesta reunião. 

 

 

Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
Conheça também a página do DCCI no Facebook:
https://www.facebook.com/ISTAidsHV

Típo da notícia: Notícias do DCCI