Brasil apresenta resultados preliminares em investigação sobre Dolutegravir
Conferência “HIV Research for Prevention” em Madri recebe palestra sobre o uso do antirretroviral em mulheres no período periconcepcional
O Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DCCI) participa do HIV Research for Prevention (HIVR4P 2018), conferência científica global focada em pesquisa de prevenção do HIV, que acontece na cidade de Madri na Espanha, entre os dias 21 e 25 de outubro.
O DCCI participa de palestra com apresentação de sua diretora Adele Benzaken, convidada pela organização como representante oficial do Ministério da Saúde, para apresentar os resultados preliminares em mulheres que utilizam antirretrovirias (ARV) durante o período periconcepcional no Brasil. “Desde 2017, o Brasil oferta gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o dolutegravir (DTG), antirretroviral considerado como um dos mais eficazes para a supressão viral do HIV. Atualmente, perto de 200 mil mulheres utilizam o medicamento em seus esquemas de tratamento”, afirma.
A conferência incentiva a troca de informações e experiências entre pesquisadores que trabalham com vacinas contra o HIV, microbicidas, Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), tratamento como prevenção e outras abordagens biomédicas O programa científico do HIVR4P inclui quatro dias de sessões plenárias de líderes globais em pesquisa e políticas de prevenção do HIV, pesquisas apresentadas em sessões de resumo oral e pôster, simpósios e mesas redondas com especialistas e sessões pré-conferência baseadas na pesquisa das comunidades científicas de todo o mundo.
Cabe destacar que o Brasil é um dos países mencionados no Relatório Global da Organização Mundial de Saúde (OMS) pelo seu pioneirismo na América Latina em incluir, em seus Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, o DTG no tratamento de primeira linha para o HIV.
No entanto, em maio de 2018, a OMS divulgou um alerta sobre o potencial risco de DTN em mulheres expostas ao DTG. O alerta foi emitido após divulgação dos resultados de um estudo clínico prospectivo, de vigilância de base populacional, realizado em Botswana.
Em resposta a este alerta, o DCCI, em agosto deste ano, iniciou uma investigação nacional de mulheres expostas ao dolutegravir (DTG) durante a concepção e seus conceptos. Foi realizado um treinamento com profissionais – que já se encontram em campo – que foram capacitados para a coleta de dados a partir dos prontuários médicos, resultados de exames, sistemas de informações e cartões pré-natal. Posteriormente, preencherão um formulário on-line que, por sua vez, fará o envio para o banco de informações do DCCI.
Foram selecionados 70 revisores e 4 supervisores, por meio da análise de 1.500 currículos de profissionais que estão responsáveis por um número específico de casos de gestantes, expostas ou não ao DTG, em 26 estados brasileiros, com exceção do Acre. Ao todo, 3380 prontuários estão em análise, com a garantia do sigilo e confidencialidade dos dados.
Importante ressaltar a relevância desta investigação em um país continental como o Brasil. Segundo a diretora do DCCI, Adele Benzaken “o esforço para realizar esta investigação é enorme. Sem parcerias de diversas entidades teríamos dificuldades de chegar em 290 cidades em todo território nacional, para realizar esse levantamento e acessar diferentes serviços com uma variedade de sistemas de informação tão complexos”, aponta.
Esta capacitação foi realizada em Brasília, fruto da parceria entre o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (DCCI) e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz); o National Institute of Allergy and Infection Disease (NIH) – agência de pesquisas médicas do governo norte-americano –; o Caribbean, Central and South American Network for HIV Epidemiology (CCASAnet); e a Universidade Vanderbilt (EUA).
A investigação está revisando os prontuários de mulheres vivendo com HIV (MVHIV) que fizeram uso do DTG no período periconcepcional e que fizeram uso da terapia antirretroviral (TARV) sem o DTG, contendo efavirenz (EFV) ou raltegravir (RAL).
A investigação ainda está em andamento: no total, já foram revisados 62,7% dos casos (2.120 prontuários) e 37,3% destes prontuários continuam em processo de análise (1.260 prontuários), totalizando 3380.
A conclusão da investigação destes dados está prevista para novembro deste ano e a divulgação dos achados devem ser divulgados tão logo sejam concluídas as análises do cruzamento dos dados.
O dolutegravir (DTG) é recomendado no protocolo clinico brasileiro como a opção de primeira linha para pessoas que vivem com HIV (PVHIV). Porém, mulheres com potencial de engravidar devem usar EFV e gestantes a partir da 14ª semana de gestação devem fazer uso do RAL.
A diretora do DCCI ressalta ainda que as políticas públicas agem para garantir à mulher o direito à saúde sexual e reprodutiva, por isso “podemos dizer que as mulheres que vivem com HIV recuperaram seu direito de ser mães. Conceber é um direito do ser humano”, conclui.
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
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