HEPAIDS2017

Abertura emociona ao lembrar conquistas de direitos e ações conjuntas na luta contra o HIV e as hepatites virais

Prevenção Combinada é tema de evento que reúne cerca de 4 mil participantes em Curitiba

27.09.2017 - 13:55
04.11.2022 - 10:40

Abertura emociona ao lembrar conquistas de direitos e ações conjuntas na luta contra o HIV e as hepatites viraisA resposta brasileira ao HIV e às hepatites virais só é possível em conjunto com a sociedade civil, instituições da área de saúde, pesquisadores, organismos internacionais e poder público. Assim afirmou a diretora do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), Adele Benzaken, na solenidade de abertura do 11º Congresso de HIV/Aids e 4º Congresso de Hepatites Virais (HepAids 2017), na última terça-feira (26/09), no Teatro Positivo de Curitiba.  

O evento – que nesta edição tem como tema a Prevenção Combinada – foi organizado pelo DCCI e reúne cerca de 4 mil participantes, entre ativistas, cientistas, gestores e profissionais de saúde de todo o Brasil, além de especialistas internacionais. O HepAids 2017 se encerra na próxima sexta-feira (29/09).

Participaram também da sessão de abertura o secretário de Vigilância em Sáude, Adeilson Loureiro Cavalcante; o presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate às Hepatites Virais, deputado federal Marcos Reátegui (PSD-AP); o diretor para a América Latina e Caribe do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), César Nuñez; a diretora do Unaids no Brasil, Georgiana Braga-Orillard; o diretor-geral da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Sezifredo Paz; a secretária Municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak; a representante do Conselho Nacional de Saúde, Heliana Hemetério; a representante do movimento social de HIV/aids, João Maria de Castro; e a representante do movimento social de hepatites virais, Sandra Dolores de Paulo Lima.

“Aprendemos, ao longo dos anos, a conviver com diferentes crises – e sempre encontramos as alternativas para solucioná-las, sem retroagir ou perder direitos”, disse Adele Benzaken, ao reforçar a união entre as várias frentes. “Quando trabalhamos juntos, mesmo quando temos diferenças de pontos de vista, somos mais fortes e asseguramos a sustentabilidade da resposta brasileira – e não há razão, portanto, para medo de retrocessos”, assegurou. (leia aqui discurso na íntegra)

A diretora destacou também a atenção às populações mais afetadas pelo HIV e o estigma que sofrem. “Numa epidemia concentrada como a do HIV no Brasil, as realidades de estigma, discriminação, pobreza e outros fatores de vulnerabilidade se impõem e mostram sua cara perversa em números que muitas vezes não aparecem nos boletins epidemiológicos”, reiterou. “Gays e outros homens que fazem sexo com homens; homens e mulheres trans; travestis; trabalhadores sexuais; e pessoas que usam drogas têm persistentemente vivenciado violações de direitos e sofrido toda espécie de agressões, expressa de diferentes formas – sendo a mais extrema a violência física seguida de morte”, disse.

JUVENTUDE – Quanto à aproximação com o público jovem – faixa etária com os maiores índices de casos notificados de HIV nos últimos anos –, ações, campanhas e cursos desenvolvidos pelo Ministério da Saúde contribuíram para o diálogo com essa parcela da população. “É importante também deixar registrado o valor do movimento de jovens – que se articulam, se mobilizam e potencializam a resposta brasileira, com muito a nos ensinar sobre como fazer prevenção a partir de suas próprias experiências e seu ciclo de vida”, disse Adele. “Os que são e os que já foram jovens sabem o quanto este período da vida é importante para a consolidação de valores e para fazer ecoar as vozes na construção de um mundo melhor para todos nós”, afirmou. “Os jovens estão ocupando as escolas e as redes sociais para dizer que estão presentes – e essa presença reclama direitos, participação e políticas públicas: por isso, eles precisam ter vez e voz”.

O diretor para a América Latina e o Caribe do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), César Nuñez, destacou a importância de alcançar os jovens na resposta à epidemia de AIDS. “O tema deste Congresso: prevenção combinada, é essencial. Precisamos reconhecer que estamos falhando em relação à prevenção com várias populações e é vital rever esse fato”, disse Nuñez. “Precisamos ser capazes de falar a linguagem do jovem de hoje, capazes de engajar os homens, capazes de quebrar tabus. Apesar de estar presente de forma mais contundente em algumas populações-chave, o HIV é uma questão de todos.”

A secretária Municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, enfatizou a atenção às pessoas com HIV e hepatites virais. “Estamos falando de cuidar, e não somente da cura: precisamos melhorar o cuidado aos pacientes”, disse. A secretária lembrou o Programa Mãe Curitibana, que, ao implantar a testagem de HIV para gestantes, reduziu a zero o índice de transmissão vertical na capital paranaense.

O secretário de Vigilância em Saúde, Adeilson Loureiro Cavalcante, enfatizou o esforço do DCCI no combate, prevenção e atenção à sífilis, ao HIV e às hepatites. “É importante, num momento como este, salientar o protagonismo deste Departamento na luta e na atenção a tais agravos”, disse.

HEPATITES VIRAIS –  A ampliação do acesso ao diagnóstico, do tratamento e do avanço da cobertura vacinal para as hepatites também foram destacados pela diretora do DCCI. “Isso nos faz vislumbrar que, até 2030, alcançaremos um país sem níveis epidêmicos das hepatites virais”, afirmou Adele Benzaken.

Já a representante do movimento social de hepatites virais Sandra Dolores de Paulo Lima deu ênfase à resistência das entidades da sociedade civil para que suas reivindicações fossem atendidas quanto à atenção aos pacientes com hepatites. “O mais importante é a luta; nunca desistir: juntos fazemos a diferença, e esta é uma luta de todos nós”, disse. Sandra discursou a favor de um sistema de saúde voltado aos interesses da população, como o Sistema Único de Saúde. “O SUS é nosso, e isso ninguém tira de nós”, exclamou.

Adele Benzaken concordou: “A vida humana não pode ser tratada como mercadoria e o valor da saúde não pode ser aferido pelos interesses do setor privado”, disse – acrescentando que “o valor passa necessariamente pela igualdade no acesso ao tratamento a preços justos, pela equidade no que se refere ao reconhecimento de necessidades de saúde diferenciadas e pelo fortalecimento dos sistemas nacionais”.

MENSAGEM – Ao final da solenidade – e antes do show com o cantor curitibano Zé Rodrigo, que interpretou canções da banda Queen, de Freddie Mercury –, Adele Benzaken voltou a alertar sobre os riscos do preconceito e do abandono às pessoas que vivem com HIV. “A aids chega ao mundo trazendo o estigma, o medo e o desespero, expondo de forma cruel a precariedade dos nossos sistemas de saúde. Nunca, na história recente da saúde pública, houve tanto preconceito em relação a uma infecção como a que houve com a aids. Foi preciso a luta e o sacrifício de muitos para que pudéssemos estar aqui hoje, com as nossas conquistas, apontando caminhos para superar os inúmeros desafios”, afirmou a diretora, segundos antes de ser ovacionada pelo público. (leia a mensagem final aqui)

Assista ao discurso na íntegra.

 

Assessoria de Comunicação
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis

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