TRATAMENTO

Brasil apresenta resultados sobre uso do dolutegravir na Conferência Internacional de Aids

Mais de 120 mil brasileiros já utilizam o medicamento, considerado um dos mais eficazes na supressão da carga viral do HIV

26.07.2018 - 18:15
04.11.2022 - 10:42

 

[node:title]Os resultados brasileiros da incorporação do medicamento dolutegravir (DTG) para tratamento do HIV são destaque em quatro sessões científicas da 22ª Conferência Internacional de Aids, que termina hoje (27) em Amsterdã. Desde 2017, o Brasil oferta gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o antirretroviral, considerado um dos mais eficazes para a supressão viral do HIV. Atualmente, 122 mil brasileiros utilizam o DTG em seus esquemas de tratamento.

O Brasil é um dos países mencionados no Relatório Global da Organização Mundial de Saúde (OMS) e foi convidado a participar da sessão “O papel do dolutegravir na primeira e terceira linhas e as novas diretrizes no diagnóstico precoce em lactentes”, pelo seu pioneirismo na América Latina em incluir, em seus Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, o DTG no tratamento de primeira linha para o HIV.

Durante a sessão, foram apresentadas novas orientações sobre o papel dos regimes terapêuticos baseados em dolutegravir no tratamento de primeira e terceira linhas e na profilaxia pós-exposição (PEP), bem como diretrizes para melhorar o diagnóstico precoce em bebês. O Ministério da Saúde do Brasil participou de painel com outros representantes governamentais, pesquisadores e sociedade civil do Quênia, Malásia, Estados Unidos e Suíça, que analisaram as implicações desses novos rumos para os programas de tratamento do HIV em seus países.

Um dos coordenadores desse painel foi o diretor do Departamento de HIV/Aids e do Programa Global de Hepatite da OMS, Gottfried Hirnschall, que gravou um depoimento sobre o Brasil.

Durante a sua apresentação, a representante do Ministério da Saúde brasileiro, Adele Benzaken, diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, destacou que, atualmente, o país tem 572 mil brasileiros recebendo tratamento antirretroviral de forma gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS); desse total, 19% usam o DTG. “Esperamos que a proporção de pessoas em dolutegravir aumente com o tempo”, disse. 

Adele Benzaken explicou que, para o paciente mudar para o DTG, certos critérios devem ser considerados; por exemplo, o medicamento não é recomendado para pessoas com carga viral detectável e para mulheres grávidas. Até o momento, no Brasil, o medicamento não foi incorporado para menores de 12 anos, mas deve estar disponível em breve para aqueles acima de seis anos.

ESTUDOS BRASILEIROS – Além da sessão da OMS, que incluiu a experiência do programa de aids brasileiro na incorporação do dolutegravir, mais quatro outros estudos sobre o antirretroviral foram apresentados pelo Ministério da Saúde durante a Conferência em Amsterdã.

Pesquisa realizada com mais de 100 mil pacientes, que comparou a eficácia do dolutegravir com outros antirretrovirais, foi selecionada para uma das sessões orais do Congresso realizadas no dia 24. Outros dois estudos – um deles, sobre a eficácia virológica da mudança de regimes contendo raltegravir para aqueles contendo DTG, e o outro sobre farmacovigilância – foram apresentados em formato de pôster.

Já o relato da experiência brasileira sobre a negociação de preços para compra do dolutegravir também foi destaque nas sessões de apresentação oral de pôsteres, no dia 25, sob o título “Como foi possível oferecer inibidores de integrase como ART de primeira linha, mantendo a sustentabilidade da política brasileira de acesso universal a medicamentos”. O trabalho traz um relato de toda a negociação com a indústria farmacêutica para a compra do dolutegravir. Durante a negociação, o valor do comprimido de DTG passou de 8,8 dólares para um dólar por comprimido, o que permitiu uma economia de mais de 1,1 milhão de dólares aos cofres públicos.

O financiamento de toda a terapia antirretroviral distribuída pelo SUS é realizado com recursos exclusivamente nacionais. Em 2017, foi investido R$ 1,1 bilhão para aquisição de medicamentos para o tratamento do HIV.

Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
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