Pessoas que vivem com HIV têm 28 vezes mais chances de contrair tuberculose
Dia Mundial de Combate à Tuberculose: DCCI alerta para importância do diagnóstico e tratamento da coinfecção com o HIV
O dia 24 de março é o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. A data foi criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para chamar a atenção sobre a importância do diagnóstico e do tratamento da tuberculose (TB). A data serve também para alertar sobre os riscos da TB associada a outros agravos, como a infecção pelo HIV.
A tuberculose é a doença infecciosa mais frequente nas pessoas vivendo com HIV e tem grande impacto na qualidade de vida e na mortalidade dessa população. Uma pessoa vivendo com HIV tem 28 vezes mais chances de contrair tuberculose do que uma pessoa que não tem HIV. No Brasil, a proporção da coinfecção TB-HIV é de 9,4%, ou seja, dos 69 mil novos casos de tuberculose registrados em 2016, 6,5 mil também apresentaram resultado positivo para o HIV.
A coinfecção TB-HIV é a principal causa de morte em pacientes com aids. Em 2015, 22% das pessoas diagnosticadas com a coinfecção foram a óbito. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que, em todas as oportunidades de atendimento às pessoas vivendo com HIV, seja feita a investigação para tuberculose. Da mesma forma, todas as pessoas diagnosticadas com tuberculose devem ser testadas para o HIV.
“Embora essa seja uma recomendação antiga, que reforçamos sempre em nossas reuniões e capacitações com profissionais de saúde, e também com a ampliação da oferta de testes rápidos no SUS, ainda temos um percentual importante de pessoas com tuberculose que desconhecem sua condição sorológica para o HIV”, destaca a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DCCI) do Ministério da Saúde, Adele Benzaken.
Dados do Boletim Epidemiológico de Coinfecção TB-HIV de 2017 revelam que, do total de casos novos de TB notificados em 2016, 76,3% realizaram testagem para HIV, ou seja, 23,7% das pessoas com tuberculose no país ainda têm seu status sorológico para HIV desconhecido.
Além dos profissionais de saúde, as pessoas que vivem com o HIV também precisam ficar atentas aos sinais e sintomas da tuberculose – tosse, febre persistente, suor noturno e emagrecimento – e informar o profissional de saúde quando eles surgirem. A tuberculose tem cura e o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
TRATAMENTO – A diretora do DCCI destaca, ainda, a importância de iniciar logo o tratamento. “O tratamento antirretroviral tem um impacto significativo na sobrevida das pessoas diagnosticadas com tuberculose e coinfectadas com HIV, reduzindo, com isso, o número de mortes”.
Ela lembra também que o tratamento de ambas as infecções é a chave para a redução da mortalidade pela coinfecção TB-HIV e deve ser realizado o mais breve possível, de acordo com as orientações dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde.
Outra recomendação é a prevenção da infecção por tuberculose latente (ILTB) em pessoas vivendo com HIV. A tuberculose é latente quando a pessoa teve contato com o microbacilo causador da TB, mas não tem a doença ativa. O tratamento da ILTB reduz o risco de reativação da doença em mais de 60%.
PERFIL DA COINFECÇÃO – No ano de 2016, foram identificados 6.501 casos novos de pacientes com TB coinfectados com o HIV. Desse total, 71,9% eram do sexo masculino, 58,1% tinham entre 35 e 64 anos, 60,1% eram da raça/cor negra (pretos e pardos) e 32,7% eram brancos. Quanto à escolaridade, 51,1% eram analfabetos ou cursaram até o ensino fundamental completo.
Em relação às vulnerabilidades sociais das pessoas com coinfecção TB-HIV, 4,7% das pessoas estavam em situação de rua, 5,7% eram pessoas privadas de liberdade e 4,2% eram beneficiários de algum programa de proteção social do governo.
No Brasil e no mundo, a coinfecção TB-HIV vem afetando cada vez mais pessoas pobres, moradoras de periferia e com deficiência de moradia, alimentação e condições de saneamento. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio da Estratégia pelo Fim da Tuberculose, propõe uma mudança de paradigma, especialmente no que diz respeito às populações mais vulneráveis, com a concentração de esforços no diagnóstico precoce e na continuidade no tratamento, além de melhores condições de vida das populações mais afetadas.
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
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