HEPSUMMIT2017

Segundo dia da Cúpula foi dedicado às intervenções de diagnóstico, tratamento e prevenção de hepatites

Fornecimento igualitário de serviços é considerado o “aqui e agora” da eliminação

03.11.2017 - 11:59
04.11.2022 - 10:40

 

O segundo dia da Cúpula Mundial de Hepatites, realizada em São Paulo de 1º a 3 de novembro, começou com um debate sobre as estratégias para eliminar a hepatite E, uma forma muitas vezes negligenciada do vírus da hepatite, seguido de uma discussão sobre o papel das sociedades de doenças hepáticas na eliminação da epidemia. A sessão plenária da manhã abordou as cinco intervenções principais necessárias ao enfrentamento da hepatite: vacinação infantil; prevenção da transmissão vertical; segurança de transfusões e injeções; redução de danos; diagnóstico e tratamento. Em uma apresentação de Hande Harmanci, da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi enfatizada a importância de uma abordagem de saúde pública para ofertar essas intervenções.

A diretora do Departamento de IST, HIV/Aids e Hepatites Virais (DCCI), do Ministério da Saúde do Brasil, Adele Benzaken, reforçou os comentários feitos no dia anterior pelo Ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante o anúncio do tratamento para todos. A sessão também contou com apresentações sobre os desafios e oportunidades para serviços de hepatite B na Nigéria (Ministério da Saúde da Nigéria), intervenções para prevenir a infecção pela hepatite B ao nascimento (John Ward, dos Centros para o Controle de Doenças - CDC, dos Estados Unidos); prevenção e tratamento da hepatite C para pessoas que usam drogas injetáveis (Greg Dore, do Instituto Kirby) e serviços de hepatites para populações indígenas (Luana Silveira de Faria, do Ministério da Saúde do Brasil).

A sessão “Acesso a medicamentos para hepatites” foi aberta pelo parlamentar português Ricardo Leite, que afirmou que os governos devem tornar o acesso uma prioridade. O parlamentar enfatizou que “o compromisso político do governo é uma obrigação moral e ética”. A apresentação foi seguida pela fala de Giten Khwairakpam, da amfAR, que ofereceu um panorama sobre a obtenção de medicamentos genéricos. O tema foi complementado por Andrew Hill, da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, que discorreu sobre o custo e a eficácia dos genéricos. Seus estudos mostraram que os medicamentos para hepatite C podem ser comprados por U$70 – e, até o final do ano, esse preço pode baixar para até U$50. Porém, ambos os palestrantes concordaram que, sem a ampliação do diagnóstico e a vinculação ao cuidado, a queda dos preços não fará diferença. Yvan Hutin, da OMS, concluiu a sessão destacando que o preço dos medicamentos é apenas um aspecto. O acesso apenas será eficiente quando envolver o produto certo, no lugar certo, no momento certo, para as pessoas que dele necessitam.

Após a sessão, o público participou de oficinas para explorar maneiras de superar as barreiras ao acesso. À tarde, os participantes assistiram a uma série de discussões paralelas. Os tópicos foram desde intervenções de tratamento e prevenção até a oferta igualitária de serviços.

A sessão “Intervenções de prevenção”, iniciada por Amr Kandeel, Ministro da Saúde de Egito, discutiu como a adoção de um plano abrangente de prevenção em 2003 resultou em uma cobertura de 95% da hepatite B e na triagem de mais de 4 milhões de pessoas para a hepatite C nesse país. Arshad Altaf, da OMS, complementou o tema enfocando a segurança de injeções no Uganda e na Índia, ressaltando a importância das atividades de conscientização. Na mesma linha, Huma Qureshi, do Conselho de Pesquisa em Saúde do Paquistão, discutiu os desafios e oportunidades da segurança de injeções do Paquistão, país que conta com o maior nível de injeções terapêuticas no mundo (13-14 injeções por pessoa/ano). A conselheira discutiu a campanha para promover a segurança das injeções em 26 serviços de saúde em todo o Paquistão, que incluiu manejo de seringas e treinamento para 1.500 trabalhadores de saúde. Jinlin Hou, do Hospital Nanfang, China, ressaltou as atividades para a prevenção da transmissão vertical, e Marcelo Addas-Carvalho, do Centro de Sangue da Unicamp, discutiu a segurança sanguínea. Niklas Luhmann, da Médecins du Monde, abordou a prevenção entre pessoas que usam drogas injetáveis e aproveitou a oportunidade para apresentar a declaração da comunidade de hepatites sobre a descriminalização.

Na sessão “Intervenções de testagem”, um painel de cinco especialistas revisou os processos científicos, logísticos, éticos e políticos para a implementação de testagem de ponta para as hepatites virais. Philippa Easterbrook, da OMS, afirmou que, embora tenha havido grandes progressos no último ano, não se observou o mesmo avanço na testagem. Ela ressaltou, porém, que o sucesso na ampliação do diagnóstico é possível, seguindo o modelo de testagem do HIV.

Maud Lemoine, do Imperial College de Londres, discutiu o projeto PROLIFICA (prevenção de fibrose hepática e câncer de fígado na África). Continuando as apresentações, Radi Hammad, Ministro da Saúde do Egito, debateu o bem-sucedido programa de triagem para hepatite C do seu país. Saleem Kamili, do CDC, apresentou um panorama sobre o presente e o futuro das inovações do diagnóstico.

“Ofereça serviços onde as pessoas estão, e elas virão” foi a principal mensagem da sessão “Fornecendo serviços de alta qualidade em hepatites”. Esse sentimento foi ecoado por Abigael Lukhwaro, da Médécins du Monde do Quênia. Ambos os países trabalham com clínicos gerais e grupos de pares nas comunidades para ofertar aconselhamento e educação para prevenção. Houve consenso de que a abordagem “apenas diga não” não funciona, e de que se deve trabalhar com a comunidade para atender suas necessidades e prevenir a reinfecção.

Na oficina interativa “Fornecendo serviços igualitários” os participantes trabalharam juntos aplicando o esquema PROGRESS para a equidade em cenários hipotéticos.

A oficina “Intervenções de tratamento” compartilhou lições a serem aprendidas a partir de programas bem-sucedidos de tratamento e discutiu diferenças entre tratamento nos setores público e privado.

Complementando os mais de 200 pôsters em exibição no Golden Hall, as apresentações orais aconteceram durante a tarde. Apresentadores selecionados divulgaram mais detalhes dos seus pôsters sobre a oferta de serviços – modelos para testagem e tratamento, modelagem e custo-efetividade para a ampliação global, epidemiologia e fatores de risco em uma perspectiva global e experiências com ampliação nacional.

O dia se encerrou com atualizações sobre a questão das hepatites em crianças, onde os participantes aprenderam que 52 milhões de crianças vivem atualmente com hepatites B ou C. Em seguida à apresentação da manhã sobre as populações indígenas, uma reunião lateral examinou os desafios da abordagem à hepatite D e apresentou atualizações sobre a Conferência dos Povos Indígenas sobre Hepatites Virais, que aconteceu no início do ano.

Destaques da mídia

Alta dos medicamentos: droga que custa R700 deverá ser vendida a R1milhão nos EUA, The Times Live<https://www.timeslive.co.za/news/south-africa/2017-11-02-medicine-price-rip-off-drug-that-cost-r700-to-make-sells-for-r1m-in-us/>, 2/11/2017

Especialistas se reúnem no Brasil para combater as hepatites, Al Jazeera<https://www.youtube.com/watch?v=7ZSSm6iT_UA>, 1/11/2017

Austrália rumo à eliminação dos casos de hepatite C até 2030, Xinhua<http://news.xinhuanet.com/english/2017-11/01/c_136720874.htm>, 2/11/2017

Nove de 194 países mantêm a promessa de erradicar a hepatite: Cúpula, AFP/France24, 2/11/2017

'No rumo certo', Brasil deve eliminar hepatite C até 2030, diz relatório, Estadão<http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-esta-no-rumo-certo-e-deve-eliminar-hepatite-c-ate-2030-diz-relatorio,70002069531>, 1/11/2017

Acompanhe a programação da Cúpula Mundial de Hepatites:
www.worldhepatitissummit.org
www.aids.gov.br

Assessoria de Comunicação
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis

Conheça também a página do DCCI no Facebook:
https://www.facebook.com/ISTAidsHV

Típo da notícia: Notícias do DCCI