Estudos demonstram os avanços e desafios que caracterizam a epidemia no Brasil
Em foco, conscritos das Forças Armadas, pessoas trans e travestis, mulheres profissionais do sexo, gays e outros homens que fazem sexo com homens
A diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken, abriu nesta quarta-feira (27/9) a mesa redonda Estudos de abrangência nacional de comportamentos, atitudes, práticas e prevalência de HIV, sífilis e hepatites B e C – reunindo quatro estudos realizados no Brasil por meio da metodologia Respondent-Driven Sampling (RDS).
A sessão do 4º Congresso de HIV/Aids e 11º Congresso de Hepatites Virais (HepAids2017) – evento que segue até sexta-feira (29/09) em Curitiba – apresentou as seguintes pesquisas: Estudo com pessoas trans e travestis em 12 capitais brasileiras (Maria Amélia Veras/SP); Estudo com mulheres profissionais do sexo em 12 capitais brasileiras (Célia Landmann Szwarcwald/RJ); Estudo com gays e outros homens que fazem sexo com homens em 12 capitais brasileiras (Ligia Kerr/CE); e Estudo com conscritos das Forças Armadas no Brasil (Rosa Dea Sperhacke/RS). A sessão foi moderada pela infectologista Márcia Rachid.
O Estudo com mulheres profissionais do sexo em 12 capitais brasileiras, por exemplo, teve como objetivo estimar as taxas de prevalência de HIV, sífilis, hepatites B e C, bem como identificar os fatores associados à infecção do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) entre as trabalhadoras do sexo – incluindo as características sociodemográficas e de profissão, as práticas sexuais e o uso de drogas lícitas e ilícitas. A pesquisa comparou os resultados desse estudo de 2016 com outro que o precedeu, em 2009, a fim de identificar avanços e desafios no período.
Assim, o inquérito concluiu que, nas 12 cidades analisadas, houve três grandes avanços em relação ao estudo anterior: aumento na cobertura de testagem de HIV e maior distribuição e uso de preservativos. Segundo o estudo, os desafios são muitos, na comparação com 2009: o início de sexo pago mais precoce, desta vez; a diminuição da cobertura de exame ginecológico; a diminuição da participação em organizações não-governamentais e palestras; e o aumento da prevalência de sífilis. O uso de drogas e a prevalência de HIV mantiveram-se em um mesmo patamar na comparação entre os dois anos.
PREVALÊNCIA – Já o objetivo do Estudo com gays e outros homens que fazem sexo com homens em 12 capitais brasileiras foi estimar a prevalência da infecção pelo HIV, da sífilis e das hepatites B e C entre homens que fazem sexo com homens (HSH); e avaliar os conhecimentos e práticas sexuais nesta população. A professora titular em Epidemiologia da Universidade Federal do Ceará Ligia Kerr explicou que uma pesquisa formativa, qualitativa, precede o estudo RDS: “É preciso conhecer a população e saber se aceita a realização da pesquisa ali, por exemplo – e a melhor hora e local para levá-la adiante”, explicou a pesquisadora.
De acordo com o estudo, há sutis mudanças no contexto de risco que marca os HSH: agora, a ênfase agora está na liberdade individual (ser versátil, ou “fluido”, é uma característica: o fato de ser HSH não impede o sexo com mulheres, por exemplo); não há mais “locais tipicamente gays”; e as tecnologias do sexo, ou redes sociais como o Grindr, o Whatsapp e o Facebook, por exemplo, representam novas formas de organização e interação para a população HSH. Além disso, apesar da nova abertura na sociedade brasileira, o estigma persiste, e muitos locais permanecem “proibidos” para os homens que fazem sexo com homens – como estádios e outros locais de grande aglomeração – pelo risco que representam.
Assessoria de Comunicação
Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais
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