Em talk show, jovens e adolescentes conversam sobre HIV e aids
“Pergunta Aê!” teve a participação de youtubers e lideranças jovens durante o Dia Mundial de Luta contra a Aids
Em comemoração ao Dia Internacional de Luta contra a Aids, cerca de 300 pessoas, sendo 250 adolescentes e jovens de escolas da rede pública de ensino, participaram do “Pergunta Aê!”, no Teatro Plínio Marcos (Funarte), em Brasília, na quinta-feira (1º).
Em formato de talk show, o evento teve como atrações o youtuber Doutor Maravilha, a dupla de humoristas Pedro HMC e Nelson Sheep (do Grupo Põe na Roda), a psicóloga e ativista Tamillys Lírio, a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, Adele Benzaken, e os consultores do DIAHV Alicia Krüger e Diego Callisto.
O talk show teve abertura da drag queen Baby Brasil e da banda Diva Drive. Assim que se apresentou à plateia, Nelson Sheep chamou o “Homem Camisinha” para desfilar no palco. Em seguida, o integrante do Põe na Roda lançou a primeira pergunta ao público: “Vocês sabem qual a diferença entre HIV e aids”?
As dúvidas foram desde o tabu de se transmitir o vírus pelo abraço e beijo até questões relacionadas a preconceito, uso das camisinhas masculina e feminina, rompimento do preservativo e a falta de diálogo sobre sexo em casa e na escola.
“Nós precisamos realizar eventos com este formato, chamando o jovem, falando com o jovem. Se nós falamos muito do jovem, temos é que estar interagindo com ele”, afirmou Adele Benzaken. “Este evento reflete a diretriz do Departamento de cada vez estar mais perto da linguagem do público jovem”, completou.
Interatividade – Tímidos no começo, os estudantes demoravam a se manifestar diante das perguntas de Nelson Sheep. “Podem perguntar o que vocês quiserem, não precisam ter vergonha. Ou vocês ainda têm vergonha de falar sobre sexo?”, questionou o apresentador. Foi o que bastou para os cerca de 300 participantes começarem a interagir.
“Vocês ainda acham que o HIV é transmitido pelo beijo ou abraço?”, continuou Sheep. “Quem responder corretamente vai ganhar como prêmio um beijo da Baby Brasil”. O estudante Thiago se manifestou e respondeu corretamente. O prêmio, no entanto, foi o abraço de Diego Callisto, que disse: “Venha aqui me abraçar, pois eu tenho HIV”. Ninguém mais segurou a plateia.
Ao longo do bate-papo, e em meio a tantas dúvidas sobre o preservativo, Alicia Krüger lançou o desafio: “E alguém aqui conhece a camisinha feminina?”
Poucos admitiram saber sobre essa outra forma de prevenção. Em meio à minoria, uma estudante de arquitetura da Unieuro desceu ao palco e explicou já ter usado o preservativo. “Sou lésbica, não tenho problema em me assumir como tal e me cuido. Usar a camisinha feminina não me causou nenhum desconforto”. Palmas, tanto para o hábito do uso do preservativo como à atitude da estudante ao se assumir homossexual publicamente. “Vale lembrar que somente uma das pessoas pode usar a camisinha na hora da transa”, alertou Alicia.
Prevenção com arte – Quem também deu seu recado foi a artista plástica Adriana Bertini, autora do laço vermelho da campanha, feito com camisinhas. O objetivo de usar os preservativos como material da obra é criar afinidade das pessoas com o produto. “Ainda não há o devido uso da camisinha porque não faz parte da nossa cultura. As pessoas não brincam, não manuseiam o preservativo”. Adriana Bertini contou que já realizou trabalhos em oficinas e escolas em que a tarefa dos alunos era levar uma camisinha para casa, criando com ela uma pequena obra de arte. “A proposta é rediscutir, aprender a usar a camisinha”.
TENHO HIV, e AGORA? – A notícia do resultado positivo para o HIV foi a dúvida de um dos estudantes que acompanhavam o talk show. “O importante é nunca alimentar o sentimento de culpa”, observou o Doutor Maravilha. “A pessoa precisa entender que ela vai participar da vida em sociedade. Tudo o que tinha planejado antes vai acontecer em sua vida daqui para frente”, completou Diego Callisto, que relatou sua reação ao saber que tinha o HIV. “Num primeiro momento você não quer acreditar, mas eu segui em frente. Sabia que estava vivo, que tinha muitos planos para o futuro”.
E quem tem o HIV, deve ou não contar ao parceiro ou à parceira? “Independentemente de falar ou não, a pessoa tem que usar e exigir o preservativo”, disse Adele Benzaken. E se o medicamento não for tomado no horário e dia previstos? “Basta fazer uso normal no dia seguinte e também quando lembrar que não usou o medicamento”, respondeu Diego Callisto.
“As pessoas entram em pânico. Dê carinho a quem tem está infectado, quebre o preconceito. Quando se tem o resultado positivo, o melhor a fazer é imediatamente se tratar. Precisa quebrar esse mito e iniciar o tratamento”, frisou Adele Benzaken.
FALAR SOBRE HIV/AIDS – E quando o assunto é aids, seja com a família ou na escola? “Falta conversa franca dentro de casa. Existem aí questões de geração, de moral, de religiosidade que vão se somando e dificultando o diálogo”, comentou Tamillys Lírio. “É preciso quebrar essa barreira, é preciso perguntar para os familiares, para os professores, para que eles também se sintam à vontade para falar sobre o assunto”.
A professora de sociologia Regina Cotrim, que acompanhava seus alunos de uma escola da Ceilândia, observou que entre os estudantes ainda existem tabus. “Quando abordo o assunto em sala de aula, me impressiono com a desinformação e preconceito dos adolescentes e jovens sobre o tema”, contou. “É difícil falar sobre HIV e aids em casa, pois ainda há muita ignorância”, completou Pedro HMC.
Uma das provas do preconceito enraizado na família foi revelada pela estudante Jadia. Ela pediu para abraçar Diego Callisto pois disse que “a mãe é preconceituosa e, no passado, a proibiu de seguir amizade com um rapaz soropositivo”. Diego atendeu ao pedido e a presenteou com dois preservativos. “Um é para você, o outro é para sua mãe”, disse.
A EXPERIÊNCIA DO TALK SHOW – Para a dupla do Grupo Põe na Roda, é evidente a diferença na forma de reagir do público em relação ao que o grupo faz constantemente no YouTube. “Pela internet, a pessoa não se identifica, se sente mais à vontade para falar”, disse Nelson Sheep. “No contato direto, ao vivo, a pessoa fica acuada no começo, mas em seguida se solta, percebe que o assunto é de interesse de todos. Quando nota que o público ao lado dela fala a mesma língua, o mesmo assunto e sem preconceito, não há como deixar de perguntar sobre tudo que está ligado ao HIV e aids”, afirmou Pedro HMC.
“O talk show é uma forma diferente de conversar com o público jovem. Pudemos esclarecer as dúvidas deles de maneira descontraída, direta e em linguagem acessível. Ficamos surpresos com as perguntas e com o interesse dos estudantes. É uma experiência que iremos levar adiante”, finalizou a diretora Adele Benzaken.
Assessoria de Comunicação
Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais
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