Camisinha, um direito seu: Campanha direcionada às mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família - 2010

Camisinha, um direito seu: Campanha direcionada às mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família - 2010
Data da campanha: 
2010

 

Diante do crescimento da incidência de aids entre as mulheres nos últimos anos, o governo federal, em uma ação interministerial inédita, decidiu incorporar a luta contra a doença às ações do principal programa social brasileiro. A partir de agora, serão realizadas ações de prevenção às DST/HIV/aids nos centros de assistência do Ministério do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome (MDS) que atendem aos beneficiários do Bolsa Família. Esses serviços também poderão disponibilizar preservativos.

Para levar a iniciativa ao conhecimento das mulheres e dos gestores do programa, foi concebida a campanha “Camisinha, um direito seu”, que tem duas beneficiárias do Bolsa Família como garotas-propaganda dos materiais impressos. Constam da campanha folders, cartazes, faixas, porta-preservativos, manuais explicativos para as mulheres sobre a importância do uso da camisinha e materiais que ensinam aos gestores por que realizar essas ações em conjunto com a saúde. Além disso, serão veiculados spots nas rádios do país, com mensagem às mulheres gravada pela atriz e cantora Zezé Motta.

O Ministério da Saúde, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e o MDS são parceiros na campanha, que prevê a distribuição de 1 milhão de camisinhas em Centros de Referência em Assistência Social, localizados nas capitais brasileiras. Nesses locais são atendidas 1,2 milhão de mulheres em situação de pobreza ou extrema pobreza. O objetivo é facilitar o acesso ao preservativo às mulheres de baixa renda, orientá-las sobre como discutir com o parceiro a questão do uso da camisinha e incentivá-las a fazer o teste de HIV. A campanha “Camisinha, um direito seu” é uma mobilização para a ação continuada de prevenção do HIV/aids voltada às beneficiárias do Bolsa Família.

Feminização

A ação é parte do Plano Nacional de Enfrentamento de Feminização da Epidemia de Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis, criado em razão do aumento da epidemia entre as mulheres. 

Segundo o Boletim Epidemiológico de 2009, em 1986 a razão entre os sexos era de 15 casos de aids em homens para cada caso em mulheres; a partir de 2002, essa razão estabilizou-se em 15 casos em homens para cada 10 em mulheres. Na faixa etária de 13 a 19 anos, o número de casos de aids é maior entre as moças do que entre os rapazes. A inversão apresenta-se desde 1998, com oito casos em meninos para cada dez casos em meninas.

Entre 2000 e junho de 2009, foram registrados no Brasil 3.713 casos de aids em meninas de 13 a 19 anos (60% do total), contra 2.448 meninos. Na faixa etária seguinte (20 a 24 anos), há 13.083 (50%) casos entre elas e 13.252 entre eles. No grupo com 25 anos e mais, há uma clara inversão – 174.070 (60%) do total (280.557) de casos ocorrem entre os homens.

A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira, lançada pelo Ministério da Saúde em 2009, também ajuda a explicar a vulnerabilidade das jovens à infecção pelo HIV. De acordo com o estudo, 64,8% das entrevistadas entre 15 e 24 anos eram sexualmente ativas (haviam tido relações sexuais nos 12 meses anteriores à pesquisa). Dessas, apenas 33,6% usaram preservativos em todas as relações casuais.

Entre os homens, 69,7% dos entrevistados eram sexualmente ativos. Porém, eles usam mais a camisinha: 57,4% afirmaram ter usado o insumo em todas as relações com parceiros ou parceiras casuais.