O que é hanseníase?

O que é hanseníase?

A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais, podendo acarretar danos irreversíveis, inclusive exclusão social, caso o diagnóstico seja tardio ou o tratamento inadequado.

As lesões neurais decorrentes conferem à doença um alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.

A infecção por hanseníase acomete pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece.

O Brasil ocupa a 2ª posição do mundo entre os países que registram casos novos. Em razão de sua elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país, sendo de notificação compulsória e investigação obrigatória.  

Breve história da Hanseníase 

A imprecisão sobre a origem e datação da hanseníase não incidem sobre a constatação histórica de que a hanseníase é uma das doenças mais antigas da humanidade. A discussão sobre a origem da hanseníase no continente asiático ou africano ainda se mantém entre os especialistas, todavia, sabe-se é que conhecida há mais de quatro mil anos na Índia, China, Japão e Egito. 

No decorrer dos séculos, ainda de forma imprecisa, a hanseníase era agrupada juntamente com outras patologias cutâneas como a psoríase, escabiose, impetigo, pela designação de lepra. 

Nas Américas, a hanseníase pode ter chegado entre os séculos XVI e XVII com a expansão colonialista dos espanhóis e portugueses, visto não existir evidências sobre a doença entre os povos originários. No Brasil, documentos históricos indicam a existência de casos de hanseníase no século XVII, na cidade do Rio de Janeiro. Ao longo dos séculos, foram desencadeados no país diferentes processos sociais e institucionais para controle e redução da carga da doença, sendo que até o final do século XX, a maioria das estratégias implementadas foram de cunho intervencionista e de caráter higienista, seguindo as perspectivas sanitárias vigentes. 

A partir da década de 1980 o Brasil dispõe de iniciativas institucionais que modificam a estratégia de cuidado as pessoas acometidas pela hanseníase, com o fechamento dos hospitais colônia que pressupunham a internação compulsória daqueles acometidos pela doença. Em 1995, como iniciativa inovadora para ressignificação social da doença, o Brasil determina através da Lei nº 9.010, que o termo “lepra” e seus derivados não podem mais ser utilizados na linguagem empregada nos documentos oficiais da Administração centralizada e descentralizada da União e dos estados. 

Esses passos foram importantes para ampliar a compreensão da história da hanseníase enquanto uma trajetória que não é do bacilo, mas de pessoas e famílias acometidas pela doença. 

 

Quais são os principais sinais e sintomas da hanseníase?

Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são:

Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou área (s) da pele com alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio) e/ou dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato);

Comprometimento do (s) nervo (s) periférico (s) – geralmente espessamento (engrossamento) –, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;

Áreas com diminuição dos pelos e do suor;

Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés;

Diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés;

Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.

Como a hanseníase é transmitida?

A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de adoecer. A forma de eliminação do bacilo pelo doente são as vias aéreas superiores (por meio do espirro ou tosse), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Também é necessário um contato próximo e prolongado.

Os doentes com poucos bacilos – paucibacilares (PB) – não são considerados importantes fontes de transmissão da doença, devido à baixa carga bacilar. Já as pessoas com muitos bacilos – multibacilares (MB) – constituem o grupo contagiante, mantendo-se como fonte de infecção enquanto o tratamento específico não for iniciado.

A hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, o tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Geralmente, esse período dura em média de dois a sete anos; porém, há referências a períodos inferiores a dois e superiores a dez anos.

O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada, com caso novo diagnosticado de hanseníase são as principais formas de prevenção.

Caderneta de Saúde da Pessoa Acometida pela Hanseníase

A Caderneta de Saúde da Pessoa Acometida pela Hanseníase é um instrumento para que o paciente acompanhe e registre seu tratamento e tenha em mãos orientações sobre a doença, direitos autocuidado. Enquanto uma ferramenta de registro, ela é muito importante para gestão do cuidado às equipes de saúde, todavia, é de posse do paciente. A Caderneta deve ser entregue ao paciente no momento do diagnóstico.

Para conhecer a caderneta de saúde da pessoa acometida clique em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/campanhas/2021/67495/caderneta_curvas_2021_com_capa_1.pdf