Projeto para enfrentar epidemia de sífilis será lançado em Porto Alegre
Parceria do Ministério da Saúde e do Hospital Moinhos de Vento vai coletar dados e monitorar estratégias de tratamento no combate à doença
Com uma das maiores taxas de detecção da sífilis adquirida no Brasil – 116 casos para cada 100 mil habitantes, contra 75 da média nacional –, Porto Alegre foi escolhida para receber o Projeto SIM, que vai coletar dados e monitorar estratégias de tratamento e combate à doença. Das 9h às 18h, em um dos maiores pontos de circulação da capital gaúcha, o Largo Glênio Peres, serão realizados exames gratuitos para diagnósticos de sífilis, HIV e hepatites virais a quem aceitar participar do estudo.
Os pacientes com resultado positivo para sífilis serão divididos em três grupos de acompanhamento: por aplicativo de celular; por contato telefônico; e pelo protocolo atual, que é a indicação do tratamento com orientação de retorno para novas doses de medicação e monitoramento nas unidades de saúde. A ideia é identificar a eficácia desses métodos, especialmente em termos de logística e integração, e avaliar a viabilidade de implementação em outros municípios do país.
A unidade móvel do Projeto SIM estará disponível para a comunidade buscar orientações por meio de material gráfico, vídeos e jingle. O espaço terá wi-fi gratuito e uma das novidades será um aplicativo para celular com a primeira fase do jogo SIM, no qual os usuários recebem várias informações sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
De acordo com o diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (DCCI/SVS/MS), Gerson Fernando Mendes Pereira, o objetivo é identificar qual a proporção de cidadãos que têm a doença e não sabe. “Espera-se que o projeto aponte as principais lacunas existentes no diagnóstico, tratamento e monitoramento da sífilis, indicando propostas de controle da doença. As diferentes estratégias a serem testadas no projeto servirão como um piloto, especialmente em termos de logística e integração, mostrando a viabilidade de implementação dessas estratégias em outros estados e municípios”, afirma.
O Projeto SIM, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Moinhos de Vento, faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). A proposta é coletar informações e avaliar estratégias para enfrentar a epidemia da doença.
ENCAMINHAMENTO MÉDICO
Além das pessoas que serão incluídas na pesquisa, os pacientes com testes de HIV positivo serão orientados a buscar o sistema de saúde com carta de encaminhamento e exames solicitados.
“Temos de testar formas novas de estimular a adesão ao tratamento. O uso de jogos de celular é uma prática comum. Vamos tentar mobilizar os pacientes por meio dessa interação”, explica a responsável técnica pelo Projeto SIM, Eliana Márcia Da Ros Wendland.
Para o secretário de Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, a pesquisa na capital gaúcha deve ser potencializada, impactando diretamente os serviços de saúde. “Por meio do estudo, é possível fornecer indicadores e balizadores que auxiliam o trabalho dos técnicos nas diversas áreas, possibilitando atendimento adequado e um tratamento baseado em evidências”, conclui.
PANORAMA DA SÍFILIS
A sífilis, tanto a congênita como a adquirida, apresenta aumento de casos no Brasil nos últimos anos. De acordo com Boletim Epidemiológico de Sífilis 2019, dados de notificação compulsória apontaram que as taxas da doença adquirida passaram de dois casos para cada 100 mil habitantes em 2010 para 42,5 casos em 2016, ano em que o agravo foi considerado como epidemia pelo Ministério da Saúde.
Em 2018, foram notificados 158.051 casos de sífilis adquirida em todo o país, com aumento de 28,3% em relação ao ano anterior. Em gestantes, foram 62.599 casos – ampliação de 25,7% dos casos na comparação com 2017. Já em bebês, foram registrados 26.219 casos de sífilis congênita (transmitida a mãe para o bebê), representando aumento de 5,2% em relação a 2017.
Para o controle da doença no Brasil, o Ministério da Saúde compra e distribui testes rápidos de diagnóstico e oferta tratamento com penicilina benzatina e cristalina. Em 2019, foram enviados aos estados 12,1 milhões de testes diagnósticos. Para 2020, a previsão é de distribuição de 13,9 milhões de testes.
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