Doença negligenciada em pauta

Ministério da Saúde reúne especialistas para discutir lobomicose

No Brasil, os casos se concentram na região amazônica; dos 907 casos registrados no mundo, 496 (55% do total) foram detectados no Acre

17.05.2022 - 10:06
04.11.2022 - 10:45

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O Ministério da Saúde reuniu, na terça-feira (10), profissionais de saúde dos estados brasileiros mais afetados pela lobomicose. Conhecida como doença de Jorge Lobo ou Lacaziose, a lobomicose e é causada por um fungo, o Lacazia loboi, que causa infecção crônica na pele humana, podendo haver lesões localizadas ou disseminadas pelo corpo.

O encontro foi conduzido pela médica especialista em medicina tropical e em micologia médica Maria Adelaide Millington, consultora técnica da Coordenação-geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (CGDR/DCCI/SVS/MS), responsável por Micoses Endêmicas.

No Brasil, os casos se concentram na região amazônica, com predomínio nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Mato Grosso. Até hoje, foram registrados 907 casos no mundo, sendo 496 (55%) no Acre. Contudo, estima-se que o número de casos seja ainda maior – “prevalência oculta”, tendo em vista o difícil acesso das regiões de floresta às unidades de saúde.

O tratamento da lobomicose depende da apresentação clínica, podendo envolver cirurgias, enxertos e tratamento medicamentoso prolongado. Trata-se de um agravo raro, que afeta principalmente a população e trabalhadores de áreas rurais e de florestas densas. Devido à dificuldade no diagnóstico correto e à falta de tratamento eficaz, a lobomicose acaba sendo uma doença negligenciada, pouco descrita na literatura médica. É de evolução crônica, sem um medicamento específico para o tratamento e nem sempre é possível chegar à cura.

Por essa razão, o Ministério da Saúde reuniu especialistas no assunto, discutiu esquemas terapêuticos e a melhor distribuição dos medicamentos pelo SUS para os tratamentos, além de avanços no diagnóstico da doença. A Organização Panamericana da Saúde (OPAS/OMS) também esteve presente no evento e apoiará na realização da próxima reunião envolvendo outros países da América, que também registram casos da doença.  

Participaram da reunião Cláudio Salgado e Patrícia da Costa, da Universidade Federal do Para (UFPA); Conceição Azevedo e Daniel Santos, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Dayvison Freitas, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI); Fabio do Valle, da Fundação de Medicina Tropical  Dr. Heitor Vieira, de Manaus; Franciely Gonçalves, do Serviço de Dermatologia Sanitária do Acre; Joelma Duarte, da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso; Marcos Florian, da Universidade Federal de São Paulo  (Unifesp); Patrícia Rosa, da Instituição Lauro de Souza Lima (Bauru/SP); Miguel Aragón, da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS); Nicole Menezes e Andressa Veras, do Ministério da Saúde.

Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis

Típo da notícia: Notícias do DCCI