PESQUISA

Jornada Científica do Brasil-França apresenta resultados e projetos futuros de pesquisas sobre HIV/aids e hepatites virais

Encontro reuniu pesquisadores que participam do programa de cooperação da Agência Francesa de Pesquisa sobre HIV/Aids e Hepatites Virais

07.05.2018 - 11:05
04.11.2022 - 10:42

 

Jornada Científica do Brasil-França apresenta resultados e projetos futuros de pesquisas sobre HIV/aids e hepatites viraisSÃO PAULO - O Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais (DCCI) do Ministério da Saúde e Agência Francesa de Pesquisa sobre HIV/Aids e Hepatites Virais (ANRS) promoveram, nesta segunda-feira (2), a “6ª Jornada Científica do Programa de Cooperação em Pesquisa sobre HIV, Aids e Hepatites Virais”. O evento, realizado em São Paulo, reuniu pesquisadores para apresentarem resultados de pesquisas financiadas no âmbito do projeto de cooperação, bem como debater temas de interesse dos dois países para desenvolvimento de projetos de estudos futuros sobre esses agravos.

Abrindo o evento a diretora do DCCI, Adele Benzaken, destacou a longevidade e a importância dessa parceria para o Brasil. “Essa é umas das cooperações mais antigas do Ministério da Saúde, da qual nós orgulhamos muito. Pois esse intercâmbio reflete não só na formação dos nossos pesquisadores, mas também na construção de projetos de pesquisa bilaterais”, disse da diretora do DCCI, fazendo menção ao desejo brasileiro de que o projeto de cooperação também passe a promover estágios com pesquisadores franceses nas instituições de pesquisa brasileiras.

O diretor da Agência Francesa de Pesquisa sobre HIV/Aids e Hepatites Virais, François Dabis, também destacou os 17 anos de parceria entre o Brasil e a França na pesquisa sobre HIV/aids e agora, mais recentemente, sobre as hepatites virais. “Este é um momento muito oportuno de partilha, troca e de balanço das pesquisas realizadas nesses últimos dois anos”.  Ele destacou o interessante em 2018 de que Brasil e  França, mesmo com características diferentes, possam trilhar caminhos de atuação comum, “principalmente no campo da pesquisa científica sobre HIV/aids e hepatites virais para que possamos pensar no futuro e no controle dessas epidemias”, reforçou François Dabis. Desde o inicio da parceria entre os dois países é a primeira vez que um diretor a ANRS vem ao Brasil participar de uma jornada científica.

Também participaram da mesa de abertura a co-coordenadora francesa do Programa ANRS/DCCI e médica do Serviço de Doenças Infecciosas e Tropicais do Hospital Saint-Louis na França, Nathalie de Castro; a co-coordenadora brasileira do Programa ANRS/DCCI, Cristina Pimenta; e o Diretor emérito de pesquisa do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), Bernard Larouzé.

SOBRE O PROJETO – A Cooperação Brasil-França é a mais antiga que o Brasil desenvolve na área de IST, HIV/aids e hepatites virais. Em 2018, essa parceria comemora 28 anos. O objeto da cooperação é qualificar profissionais brasileiros e fortalecer as respectivas respostas nacionais a esses agravos, e com isso produzir impactos em áreas consideradas prioritárias, como prevenção, aconselhamento, assistência, vigilância epidemiológica, capacitação da sociedade civil e gestão de programas.

RESULTADOS – Na programação da 6ª Jornada Científica os resultados de cinco projetos de pesquisa que estão em curso ou recém-concluídos foram apresentados pelos bolsistas e pesquisadores que participam do programa de cooperação Brasil-França. O primeiro estudo apresentando trouxe os resultados de estudos clínicos fase II, coordenado pelo Instituto Evandro Chagas da Fiocruz, e fase III, coordenado pela Universidade de Bordeaux na França, sobre o uso do raltegravir para tratamento da coinfecçao tuberculose/HIV (TB/HIV). O segundo estudo apresentado detalhou o desenvolvimento de um modelo matemático francês para melhor estimar a incidência de HIV e sua possibilidade de adaptação para a população brasileira que integra o “Projeto SAMBA – uso de dados de vigilância sobre pessoas que vivem com HIV que iniciam terapia antirretroviral para o mapeamento epidêmico: o caso do Brasil”.

Em seguida foram apresentados os resultados do estudo “Rede Sexual na Infecção Do HIV Entre HSH: Observação, Análise e Modelização Comparativa entre Brasil e França”, que, entre outros objetivos, buscou mostrar como a estrutura da rede de contatos sexuais impacta nas medidas de prevenção e influencia o risco de adquirir a HIV; e o estudo “Saúde e Cidadania das Pessoas Trans no Contexto do HIV/Aids no Brasil: Abordagem Comparativa Brasil-França” que comparou os resultados de questionários aplicados com pessoas trans na França e no Brasil, e, no caso brasileiro, buscou fugir dos indicadores tradicionais binários de sexo/gênero criando  categorias de análise a partir da autodefinição dos próprios pesquisados.

Encerrando a sessão de apresentações de resultados de pesquisa, o projeto “Filodinâmica das Variantes Não-Pandêmicas do Vírus da Imunodeficiência Humana Tipo 1 Subtipo B no Brasil” detalhou a metodologia utilizada para caracterizar a dinâmica de disseminação no Brasil, incluindo origem e rotas,  da variante Bcar do HIV-1,  subtipo do vírus que é predominante apenas na Região do Caribe.

FUTURO – Durante a jornada também foram apresentadas propostas de temas para desenvolvimento de pesquisas futuras na área de HIV/aids, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). Na área de infeções oportunistas foi apresentada a proposta de projeto para avaliação de um medicamento para o tratamento da coinfecçao TB/HIV. Já no campo das hepatites virais foram apresentados estudos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros e franceses para tratamento e cura da hepatite Delta, que incide na Região Amazônica, e também de desenvolvimento de vacina para prevenção desse subtipo do vírus da hepatite.

Também foram apresentados como temas prioritários de pesquisas o desenvolvimento de metodologias qualitativas com populações-chave, estudos sobre a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), incluindo a perspectiva da introdução da PrEP sob demanda no Brasil – modalidade de dispensação da profilaxia que já ocorre na França – e  outro que investiga a incidência outras IST na população trans.

 

Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Típo da notícia: Notícias do DCCI