Avaliação do preenchimento da ficha de notificação de aids-Sinan: uma abordagem qualitativa.

Edital/Chamamento: 
Estratégico

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Maria Bernadete Falcão da Silva

Instituição

Instituição: 
PN-DST/AIDS – SVS; MS.
Parcerias institucionais: 
.
Período de Vigência: 
Julho a dezembro 2000
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

Estudo qualitativo realizado com a técnica de grupo focal com os profissionais de saúde que possuem a responsabilidade de preencher os campos da ficha de notificação de aids do Sinan. Onze cidades do Estado de São Paulo e 11 do Estado do Rio de Janeiro foram representadas por um profissional de saúde da área para compor os dois grupos focais. O primeiro grupo focal aconteceu na cidade do Rio de Janeiro e o segundo na cidade de São Paulo. O estudo objetivou identificar as motivações subjetivas de cada profissional na hora do preenchimento da ficha do Sinan, segundo os seus relatos, a fim de detectar se havia incoerência de entendimento do conceito de múltiplos parceiros no ato da coleta de dados e/ou no preenchimento da ficha de notificação de aids.

Objetivos

Descrever o processo de preenchimento da ficha do Sinan e identificar possíveis incoerências conceituais no ato da notificação, com especial atenção para o conceito de múltiplos parceiros.

Materiais e Método

Este estudo foi realizado com técnica de investigação qualitativa, por meio de grupos focais. Dois Estados foram eleitos para a pesquisa, Rio de Janeiro e São Paulo, por registrarem os maiores números de casos de aids do Brasil, até o ano de 2000. Em cada Estado, foram selecionados 11 municípios que indicavam possuir os maiores registros de casos de aids. A escolha dos municípios buscou também configurar a heterogeneidade geográfica do seu respectivo Estado. Dessa forma, o grupo focal do Rio de Janeiro ficou assim constituído: 2 profissionais do Município do Rio de Janeiro e 1 profissional de cada um dos demais municípios: Niterói; Petrópolis; Volta Redonda; São João de Meriti; Duque de Caxias; Nova Iguaçu; São Gonçalo; Belford Roxo; Campos e Cabo Frio. São Paulo contou com a seguinte representação: 2 profissionais do Município de São Paulo e um de cada município: Santos; Bebedouro; Campinas; São José do Rio Preto; Santo André; Sorocaba; Osasco; São José dos Campos; Bauru e Araraquara. No Rio, o grupo focal aconteceu em 2 de outubro de 2000, com duração de 3 horas e os participantes consentiram ter suas falas gravadas em áudio. O grupo focal de São Paulo ocorreu em 4 de outubro, a entrevista durou 4 horas e meia e o grupo também permitiu a gravação.

Resultados - Parciais ou Finais

As equipes estão compostas de forma variada, desde as mais completas, como as multidisciplinares, quanto as menores, formada por apenas um médico. Tal falta de homogeneidade na composição da equipe gera diferentes procedimentos de acolhimento do paciente HIV positivo ou vivendo com aids. As equipes multidisciplinares revelaram-se como as que melhor conseguem acolher o paciente e ao mesmo tempo notificar com boa qualidade de informação. A maioria dos serviços ali representados trabalha com busca ativa de prontuários para coletar os dados para notificação. Os participantes registraram insatisfação com a falta de notificação dos casos assintomáticos. Os campos da ficha com maior dificuldade de preenchimento foram os seguintes: data exata do diagnóstico; raça; ter tido relações sexuais com parceiro sabidamente HIV positivo e todos os campos sobre o comportamento de risco do paciente e do parceiro. Quanto ao conceito de múltiplos parceiros, não houve consenso entre os grupos focais. No Rio de Janeiro foram identificados três conceitos diferentes e em São Paulo, quatro. Esses diferentes conceitos são frutos de visões subjetivas a respeito do que seja múltipla parceria, que tanto pode ser considerada dentro do tempo de incubação do vírus (10 anos em média) quanto em diferentes linhas de tempo (6 meses, 12 meses, 3 anos) em caso de monogamia seriada.
Palavras-Chave: 
Ficha do Sinan. Ficha de notificação de aids. Múltiplos parceiros. Notificação compulsória. Parceria múltipla.

Divulgação e/ou Publicações

FALCÃO, B. Avaliação do preenchimento da ficha de notificação de aids-Sinan: “Uma abordagem qualitativa.” In: Boletim Epidemiológico DST/AIDS 2001, Rio de Janeiro, p.23-30, mar. 2001. Disponível em: http://www.saude.rj.gov.br/dstaids/BolDST.pdf. Acesso em: 30 de mar. 2006.

__. Avaliação do preenchimento da ficha de notificação de aids-Sinan: uma abordagem qualitativa. In: REUNIÃO NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA – PN-DST/AIDS, 1., 2001, Brasília.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Conhecimentos e informações em DST/HIV e Aids: um recurso para a resposta nacional. Série Estudos Pesquisas e Avaliação nº 4. Brasília, DF, 2003.