Pesquisador(es)
Instituição
Introdução e Justificativa
A hepatite B gera impacto na saúde pública mundial, já que pode levar à cirrose hepática, hepatocarcinoma e insuficiência hepática fulminante. Por ser um agravo prevenível pela vacinação, torna-se essencial conhecer a prevalência e dados vacinais de indivíduos de populações vulneráveis, como a indígena. Entre 2007 e 2008, foram realizadas quatro expedições para o município de São Gabriel da Cachoeira (SGC), localizado no Amazonas, pelo Laboratório de Referência Nacional para Hepatites Virais/Fiocruz do Rio de Janeiro. O município de SGC está situado ao longo do Rio Negro, possui cinco terras indígenas e 520 aldeias.
Objetivos
O objetivo foi estudar a circulação do vírus da hepatite B (VHB) e entender o perfil de imunização desta população.
Materiais e Método
Foi realizada análise retrospectiva do banco de dados das expedições ao município e dos registros de imunização realizados no Distrito Sanitário Especial Indígena do Rio Negro.
Resultados - Parciais ou Finais
Foram acessadas 194 aldeias (2011 indivíduos). Todos que realizaram testes sorológicos e/ou imunização foram incluídos no estudo. Dos 2.011 participantes, 1.953 foram testados para HBsAg por testes rápidos ou sorológicos em amostras de sangue coletadas em campo. A infecção pelo VHB (HbsAg positivo) foi confirmada em 45 participantes (2.3%), sendo 5 (cinco) não índios (11,11%) que trabalhavam ou viviam em regiões indígenas e 40 índios (88,8%). Destes, identificamos nove etnias, sendo as quatro principais: 11 (27,5%) Tukano, 7 (sete) (17,5%), Hupda, 6 (seis), (15%) Kubeo e, 6 (seis) (15%) Wanana. Verificou-se que 55% (22) eram provenientes do polo base Iauarete e Carurú do Waupes. A idade dos índios variou de 13 a 85 anos, com média de 40,7. A maioria dos infectados eram homens (n=24; 60%) e, dentre as mulheres (n=16; 40%), quatro estavam grávidas (25%). Os índios foram submetidos a testes adicionais: HBeAg positivos 2/32 (6,25%), HBV DNA detectável 13/33 (39,4%), dos quais 3 (três) tinham HBV DBNA > 2000UI/ml. O anti-HBs foi positivo em 76,24% (n=1178), sendo mais frequente nas duas primeiras décadas de vida. O perfil anti-HBs e anti-HBc positivo foi mais comum nos indivíduos maiores de 20 anos e anti-HBs isolado nos mais jovens. Informações sobre imunização foram acessadas em 60,11% (n=1209) dos participantes. Todos, índios nativos, cuja média das idades é de 27.83 anos (variando de um mês a 79 anos). A maioria realizou a primeira dose da vacina após os dois meses de idade (87,51%). Dos 1.209 avaliados, 1.200 (99,26%) completaram pelo menos três doses da vacina; 22 (1,8%) eram HbsAg positivo, e 378 (38.8%), anti-HBc positivo. Todos os HBsAg positivo receberam a vacina após os dois meses (idade média 29,87 +/- 18.63 anos), e nos 378 anti-HBc positivo, a vacina foi realizada com idade média de 39.9 anos.
Diante do exposto, torna-se necessária a ampliação do acesso à vacina, sobretudo de forma precoce, ao nascimento, na tentativa de reduzir a transmissão vertical na população indígena.
Divulgação e/ou Publicações
LEWIS-XIMENEZ, L. L. et al. Perfil epidemiológico e vacinal dos portadores de VHB do Alto Rio Negro entre 2007-2008. In: 11º Congresso de HIV/Aids; 4º CONGRESSO DE HEPATITES VIRAIS: PREVENÇÃO COMBINADA: MULTIPLICANDO ESCOLHAS, 2017, Curitiba. Anais... Brasília: Ministério da Saúde, 2017. v. 1. p. 199-199. (Publicação de Trabalho/Anais) LEWIS-XIMENEZ, L. L. et al. Perfil epidemiológico e vacinal dos portadores de VHB do Alto do Rio Negro entre 2007-2008, 2017. (Apresentação de Trabalho/Congresso).
SILVA, Ana Isabel Coelho Dias da. Marcadores sorológicos de hepatite B e perfil de imunização da população indígena do Alto Rio Negro do Município de São Gabriel da Cachoeira. 2017. Tese (Doutorado em Medicina Tropical) - Fundação Oswaldo Cruz. Orientadora: Lia Laura Lewis-Ximenez de Souza Rodrigues.
Aplicabilidade para o SUS
Constatar a necessidade de ampliar o acesso à vacina contra hepatite B em áreas remotas do Brasil, em especial as áreas indígenas.