Avaliação da aceitabilidade, factibilidade, segurança e adesão à Profilaxia oral Pré-Exposição (PrEP ) na prevenção da infecção pelo HIV em coorte de homens que fazem sexo com homens (HSH): inquérito epidemiológico e estudo de fase “1”. “PrEP Horizonte”.

Edital/Chamamento: 
Chamamento Público nº 20/2013
Número do Projeto: 
TC 257/2013

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Marise Oliveira Fonseca

Instituição

Parcerias institucionais: 
Faculdade de Farmácia da UFMG.
Período de Vigência: 
2014-2015
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

A Profilaxia Oral Pré-Exposição (PrEP) tem se mostrado como uma promissora estratégia na redução da transmissão do Vírus da Imunodeficiênvia Humana (HIV) em populações de alta vulnerabilidade. No entanto, muitas questões, tais como o esquema antirretroviral, a sua frequência e duração, requerem investigação. Até o momento, os antirretroviaris avaliados foram o Tenofovir ou a combinação da Emtricitabina e Tenofovir. Considerando a equivalência clínica e farmacológica entre emtricitabina e lamivudina, e a disponibilidade dessa última no Brasil e em outros países em desenvolvimento, o presente estudo optou por avaliá-la como componente da PrEP.

Objetivos

Investigar a tolerância, segurança e adesão da PrEP, constituída por Lamivudina, combinada com Tenofovir, em homens que fazem sexo com homens (HSH) e avaliar o comportamento sexual dos participantes durante o uso dos medicamentos.

Materiais e Método

Trata-se de um ensaio clínico de fase I, cujos participantes elegíveis eram voluntários HSH acompanhados em coorte aberta (Projeto Horizonte) com 18 anos ou mais de idade, HIV e hepatite B negativa, sem problemas renais e que relataram sexo anal desprotegido ou uma infecção sexualmente transmissível no ano anterior. O regime de drogas avaliado foi Tenofovir (300 mg/dia) e Lamivudina (300 mg/dia), administrado diariamente por quatro meses. Os participantes realizaram quatro visitas mensais (V1, V2, V3 e V4) com avaliação de eventos adversos laboratoriais e clínicos; dosagem dos medicamentos no sangue; testagem para hepatite b, sífilis e HIV e verificação da adesão à medicação. Estudo qualitativo foi realizado por meio de Grupos Focais para avaliação da experiência dos voluntários participantes do ensaio clínico. Foram incluídos 40 voluntários com idade média de 37,6 ± 7,2 anos, 72,5% (n = 29) pardos. Trinta e três participantes (82,5%) completaram as quatro visitas do estudo, e as razões para aqueles que não o finalizaram não foram relacionadas aos eventos adversos. A proporção de ocorrência de eventos adversos relacionados aos medicamentos estudados foi maior na primeira visita (43,6%, IC 95%: 29,3-59,0); e a chance de ocorrência de eventos adversos também foi maior na V1, em comparação com as demais (OR = 0,2 na V2, OR = 0,1 na V3 E OR = 0,1 na V4, IC 95%). A adesão média ao esquema foi de 74,6%, e não foram encontradas associações da adesão com idade, comportamento sexual e efeitos adversos. À regressão logística não foi encontrada diferença significativa no comportamento sexual dos participantes ao longo do estudo.
Conclusões: 
Este é o primeiro estudo a avaliar a Lamivudina como uma droga alternativa no esquema de Profilaxia Pré-Exposição. Boa tolerância, adesão e ausência de eventos adversos graves sugerem que a PrEP composta de Lamivudina e Tenofovir é segura para uso na população estudada e pode ser uma alternativa eficaz para países que não têm acesso a Emtricitabina.
Palavras-Chave: 
Profilaxia oral pré-exposição. Homens que fazem sexo com homens. Lamivudina. Tenofovir. HIV. Prevenção.

Divulgação e/ou Publicações

Apresentação de pôster e trabalho oral no X Congresso da Sociedade Brasileira de DST e VI Congresso Brasileiro de Aids (São Paulo 17 a 20 de maio de 2015). (Apresentação de trabalho/Congresso).

Apresentação de pôster no XIX Congresso Brasileiro de Infectologia (Infecto2015), 26 e 29 de agosto de 2015, Gramado/RS. (Apresentação de trabalho/Congresso).

X Congresso de HIV/Aids e III Congresso de Hepatites Virais, 17 a 20/11/2015, Jõao Pessoa/PB. (Apresentação de trabalho/Congresso).

MANCUZO, Alessandra. Avaliação da profilaxia oral pré-exposição em homens que fazem sexo com homens: estudo clínico de fase 1. 2017. Dissertação (Mestrado em Infectologia e Medicina Tropical) – Universidade Federal de Minas Gerais, 2017.

CARVALHO, Luisa Vilela. Avaliação da hepatite C no município de Belo Horizonte: prevalência, coeficiente de mortalidade, características sociodemográficas, notificação, vigilância e acesso ao diagnóstico e tratamento. Início: 2013. Iniciação Científica (Graduando em Graduação em Medicina) - Faculdade de Medicina da UFMG. (Orientador).

CARVALHO, Graziela Couto de. Avaliação da hepatite C no município de Belo Horizonte: prevalência, coeficiente de mortalidade, características sociodemográficas, notificação, vigilância e acesso ao diagnóstico e tratamento. Início: 2013. Iniciação Científica (Graduando em Graduação em Medicina) - Faculdade de Medicina da UFMG. (Orientador).

Aplicabilidade para o SUS

Possibilidade de incluir a associação Lamivudina e Tenofovir como constituintes da PrEP no País, medicamentos já disponíveis no SUS, representando menor custo. Contribuição do relato dos participantes do estudo para implementação da PrEP.