Estudo epidemiológico sobre a prevalência nacional de infecção pelo HPV.

Edital/Chamamento: 
PROADI-SUS
Número do Projeto: 
PROADI SUS

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Eliana Márcia Wendland

Instituição

Instituição: 
Associação Hospitar Moinhos de Vento (AHMV).
Endereço: 
Rua Ramiro Barcelos, 910, Porto Alegre, RS, Brasil.
Parcerias institucionais: 
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Instituto do Câncer do Estado de São Paulo; Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Período de Vigência: 
2016-2017
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

O Papillomavirus humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível mais comum, atingindo 11,7% da população mundial. O vírus HPV é a principal causa do câncer cervical, além de verrugas genitais, câncer de pênis e de orofaringe. O câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Em 2014, foi iniciado o Programa Nacional de Vacinação para o HPV, usando a vacina quadrivalente, que contém os tipos (6, 11, 16 e 18), associados a verrugas genitais e neoplasias cervicais. Adicionalmente, o número de casos de câncer de orofaringe, associado ao HPV, vem crescendo a níveis epidêmicos. No entanto, apesar de existirem estudos locais sobre a prevalência do HPV, não existem estudos com abrangência nacional e com metodologia uniforme para avaliar sua prevalência e tipos mais frequentes.

Objetivos

Determinar a prevalência da infecção pelo HPV e seus tipos no Brasil e nas diferentes regiões do País, além de avaliar fatores sociodemográficos e comportamentais associados.

Materiais e Método

Ao todo, 8.626 homens e mulheres sexualmente ativos, entre 16 e 25 anos, foram recrutados por profissionais de saúde treinados em 119 Unidades Básicas de Saúde distribuídas nas 26 capitais brasileiras e Distrito Federal. Após consentirem, os participantes responderam a uma entrevista contendo dados sociodemográficos, comportamentais, história reprodutiva e sexual, conhecimento acerca do HPV e vacinação. Todos foram convidados a realizar uma coleta de HPV oral e HPV genital (peniano ou de colo uterino). As amostras foram encaminhadas para o laboratório central, onde o DNA foi extraído através de processo automatizado. Posteriormente, uma alíquota do material enviado para Universidade de São Paulo foi genotipado (Linear Array Roche®). Os dados foram ponderados pela população de cada capital e por sexo.

Resultados - Parciais ou Finais

Ao final do estudo, 7.693 participantes foram incluídos na análise. A idade média foi de 21,6 anos, sendo que 33,8% pertencem à classe C, e 56,8% se autodeclararam pardos. A prevalência do HPV no Brasil, na faixa etária entrevistada, foi de 54%, sendo a prevalência de HPV significativamente maior nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, quando comparado à Região Sul. Dos jovens entrevistados, 15,7% referiram fumar cigarros, 72,4% relataram já terem feito uso de bebidas alcoólicas e 31,6% de drogas, ao longo da vida. Em relação às infecções sexualmente transmissíveis (IST), 13,8% referiram a presença de uma IST prévia ou apresentaram resultado positivo no teste rápido para HIV ou sífilis. A idade da primeira relação sexual foi semelhante entre os sexos, com idade média de 15,21 anos. Ainda, 71,33% referiram usar algum método anticoncepcional, sendo o anticoncepcional hormonal o mais utilizado. Cerca de 50% dos jovens referiu usar preservativo, e 33% tiveram dois ou mais parceiros no último ano.
Conclusões: 
Tais resultados irão contribuir para o conhecimento epidemiológico necessário para fortalecer e redirecionar as políticas de controle do câncer de colo do útero e infecção pelo HPV no Brasil. A oportunidade da pesquisa levou jovens saudáveis, porém com comportamento de risco, a um atendimento preventivo em saúde, em que foi possível orientar e realizar testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites. Ainda assim, o estudo terá continuidade nos próximos anos para avaliação da efetividade da vacinação no país.
Palavras-Chave: 
HPV. Prevalência. Vacinação Papilomavirus.

Divulgação e/ou Publicações

WENDLAND, Eliana Márcia. Prevalence of papillomavirus in Brazil: a systematic review protocol. BMJ Open, v. 6, n. 11, p. e011884, 22 nov. 2016. doi: 10.1136/bmjopen-2016-011884.

WENDLAND, Eliana Márcia. HPV In Rio 2016. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Prêmio de melhor trabalho oral. Data: 13 de julho de 2016. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

WENDLAND, Eliana Márcia. XIX Congresso Brasileiro dez Patologia do Trato Genital Inferior e Coloposcopia. João Pessoa, Paraíba. Data: 03 de novembro de 2016. (Apresentação de Trabalho/Conferência).

WENDLAND, Eliana Márcia. I Simpósio de Infecções Sexualmente Transmissíveis: do laboratório à clínica. Manaus, Amazonas. Data: 21 de novembro de 2016. (Apresentação de Trabalho/Conferência).

WENDLAND, Eliana Márcia. 31st International Papilloma virus Conference – HPV 2017. Apresentação dos resultados da Revisão Sistemática: “PREVALENCE OF HUMAN PAPILLOMAVIRUS INFECTION (HPV) ON HEALTHY POPULATION IN BRAZIL: A SYSTEMATIC REVIEW AND META-ANALYSIS”. Cape Town, África do Sul. Data: 28 a 4 de março de 2017. (Apresentação de Trabalho/Congresso).

WENDLAND, Eliana Márcia. 21º Congresso Internacional de Epidemiologia – WCE2017. Apresentação dos resultados do estudo piloto: Pilot data of nationwide prevalence of Papillomavirus in Brazil: POP-Brazil Study. Saitama, Japão. Data: 19 a 22 de agosto de 2017. (Apresentação de Trabalho/Congresso).

WENDLAND, Eliana Márcia. HepAids 2017 (11º Congresso de HIV/Aids e 4º Congresso de Hepatites Virais – Prevenção Combinada: Multiplicando Escolhas.

APRESENTAÇÃO dos resultados preliminares de HIV e sífilis: “HIV e Sífilis em jovens: análise dos resultados do Estudo POP-Brasil”. Curitiba, Brasil. Data: 26 a 29 de setembro de 2017. (Apresentação de Trabalho/Congresso).

Aplicabilidade para o SUS

As informações levantadas são fundamentais para avaliar a adequação da vacina à realidade da população brasileira, além de ser imprescindível para avaliar o impacto do programa de vacinação do HPV. O conhecimento acerca das prevalências regionais e os fatores associados à positividade da infecção servirão como uma importante ferramenta para o planejamento de ações estratégica para o enfrentamento da infecção pelo HPV e cânceres a ele associados.