Incidentes críticos referentes às medidas de prevenção da hepatite B e Aids com base nos relatos de mulheres profissionais do sexo.

Edital/Chamamento: 
Edital Modalidade Pesquisas nº 01/2013
Número do Projeto: 
CA 130/2013

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Rosilane de Lima Brito Magalhães

Instituição

Instituição: 
Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Endereço: 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella, Bairro Ininga (Departamento de Enfermagem), Teresina, PI, Brasil.
Parcerias institucionais: 
Universidade Federal do Piauí; Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP/USP); Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade Federal de Goiás (UFG).
Período de Vigência: 
2013-2015
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids, existem atualmente cerca de 35 milhões de pessoas infectadas pelo HIV no mundo. No que se refere à hepatite B, cerca de dois bilhões de pessoas já foram infectadas pelo vírus da hepatite B, e 240 milhões são portadoras crônicas. Mulheres profissionais do sexo apresentam elevado risco para essas infecções, pois se encontram em condições desfavoráveis, quando fazem um acordo verbal com seus clientes; na maioria das vezes, realizam suas atividades em ambientes poucos seguros, e em algumas situações deixam de usar o preservativo durante a relação sexual. A vacina contra hepatite B é a medida mais eficaz para prevenção dessa infecção. Embora seja recomendada e disponível gratuitamente para profissionais do sexo, uma baixa cobertura vacinal tem sido observada nesta população.

Objetivos

Analisar os incidentes críticos positivos e negativos relacionados ao HIV e à hepatite B relatados por mulheres profissionais do sexo e verificar as condições de saúde de mulheres profissionais do sexo relacionadas à infecção pelo HIV e hepatite B.

Materiais e Método

Inicialmente, realizou-se um estudo transversal. A seguir, foi formada uma coorte de mulheres para vacinação contra hepatite B. Para o recrutamento das participantes, foi realizado contato com a Associação de Mulheres Profissionais do Sexo do Estado do Piauí, e em seguida, foram selecionadas sete mulheres dessa população-alvo, denominadas de “sementes”, que apresentaram características diversificadas, para buscar uma amostra representativa. Um total de 416 mulheres participou do estudo. Todas foram entrevistadas, utilizando-se um instrumento que foi validado quanto à forma e conteúdo. A seguir, foram testadas para o HBsAg e anti-HIV pelo teste rápido.

Resultados - Parciais ou Finais

A maioria era jovem; possuía baixa escolaridade; solteiras e referiu parceria fixa e/ou casual remunerada na prostituição, parceria afetiva fora da prostituição e uso inconsistente do preservativo com parceria fixa. O consumo do álcool foi elevado (81,5%), sendo o crack a principal droga. Doze mulheres nunca realizaram o exame para prevenção do câncer do colo uterino. Todas as participantes aceitaram realizar os testes rápidos, e foram detectados 12 (2,9%) casos positivos para anti-HIV, e dois casos (0,4%) para HBsAg. As mulheres com resultados positivos foram encaminhadas para o Serviço de Assistência Especializado de Teresina. Do total, somente 28,3% referiu vacinação prévia contra hepatite B. Das mulheres que iniciaram o esquema vacinal, 16,3% concluíram as três doses. A prevalência do anti-HIV nas profissionais do sexo de Teresina foi quase nove vezes maior do que a encontrada em gestantes do Estado do Piauí (2.9% versus 0.33%), acrescido da elevada frequência de comportamentos de risco evidencia o risco de infecção pelo HIV nesta população-chave.
Conclusões: 
A elevada aceitabilidade da primeira dose da vacina, associada à baixa completude do esquema vacinal em profissionais do sexo, evidenciam a necessidade de estratégia mais persuasiva que vá além da oferta da vacina no local de trabalho.
Palavras-Chave: 
Profissionais do sexo. Mulher. Hepatite B. HIV. Aids. Vacina.

Divulgação e/ou Publicações

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BRITO, Giselle Mary Ibiapina. Prevalência da sífilis em mulheres profissionais do sexo e fatores associados. (PIBIC).

MARTINS, Polyanna Maria Oliveira. Caracterização de mulheres profissionais do sexo com diagnóstico sorológico positivo para HIV. (ICV).

MARTINS, Polyanna Maria Oliveira. Seguimento do HIV em mulheres profissionais do sexo. (PIBIC).

OLIVEIRA, Vanessa Moura Carvalho de. Levantamento da situação vacinal contra Hepatite B de mulheres profissionais do sexo da zona central de Teresina/PI. (PIBIC).

OLIVEIRA, Vanessa Moura Carvalho de. Caracterização de mulheres profissionais do sexo com diagnóstico sorológico positivo para sífilis. (ICV).

Aplicabilidade para o SUS

Os resultados demonstram ainda a necessidade de garantir o acesso de populações de maior vulnerabilidade em unidade de saúde. Garantir capacitação de profissionais referente à realização de testes rápido em diferentes níveis de atenção. A detecção de 12 casos de HIV poderá ser impactante na redução de novos casos. Um aumento da vacinação contra hepatite B poderá ter impacto na redução de novos casos de novas infecções. Urge investir na promoção da saúde com vista à realização de educação em saúde sobre a prevenção de vários agravos que esta população está exposta; ampliar estratégia de rastreamento de casos de HIV e hepatite B, C e sífilis nesta população; desenvolver melhor acolhimento dos casos detectados nos Serviço Ambulatorial Especializado e também nas Unidades Básicas de Saúde, para melhor adesão do tratamento do HIV e redução da transmissibilidade.