Epidemiologia molecular do vírus da hepatite B: estudo da diversidade genética, características virológicas e avaliação de resistência genotípica aos antivirais em pacientes da Amazônia Ocidental Brasileira.

Edital/Chamamento: 
Edital Modalidade Pesquisas nº 01/2013
Número do Projeto: 
CA 121/2013

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Cintia Mara Costa de Oliveira

Instituição

Instituição: 
Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado.
Endereço: 
Av. Pedro Teixeira, 25, Dom Pedro, Manaus, AM, Brasil.
Parcerias institucionais: 
Universidade Federal do Amazonas.
Período de Vigência: 
2013-2015
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

O vírus da hepatite B (VHB) é um Orthohepadnavirus, cujo genoma se replica através de um RNA intermediário, tornando-o suscetível a elevada taxa de mutações (104 a 105 substituições de bases/sítio/ano). No presente, são reconhecidos 10 genótipos (A-J), e diversos estudos têm indicado padrões característicos quanto à distribuição geográfica desses genótipos. Nas Américas, verifica-se uma associação forte entre os genótipos e populações nativas das Américas Central e do Sul. O genótipo F apresenta a mais elevada divergência entre todos. No Brasil, são encontrados os genótipos A, B, C, D e F. Na Amazônia, o genótipo F predomina entre os indígenas, e o A, entre a população em geral, seguido do D. Em relação ao tratamento, os análogos nucleot(s)ídeos apresentam grandes vantagens sobre a terapia com interferon, pois podem ser administrados oralmente e são relativamente livres de efeitos adversos. Além disso, são potentes inibidores da replicação viral. Contudo, o tratamento com esses medicamentos deve ser mantido por longos períodos, levando à seleção de vírus com mutações de resistência, o que constitui uma das principais limitações ao tratamento, pois quando transmitidos a novos hospedeiros, constituem importante barreira para o eventual controle dessa infecção. A detecção dessas mutações de resistência é importante para o monitoramento da dinâmica viral associada ao tratamento.

Objetivos

Descrever a epidemiologia molecular do vírus da hepatite B e identificar perfis de mutações de resistência ao uso de antivirais em pacientes portadores do VHB na Amazônia Ocidental Brasileira.

Materiais e Método

Seleção de amostras com carga viral do VHB acima de 350 UI/mL; extração de DNA/VHB; amplificação dos genes S e Polimerase por PCR; sequenciamento e análise das sequências nucleotididias para caracterização dos genótipos, subgenótipos, pesquisa de mutações de resistência e dados socioepidemiológicos.

Resultados - Parciais ou Finais

No período de 26 de novembro de 2013 a 28 de fevereiro de 2015, foram incluídas no estudo um total de 345 amostras de pacientes que apresentavam carga viral acima de 350 UI/ml, selecionadas da demanda do ambulatório de hepatites virais da FMT-HVD. Foi realizada a amplificação do DNA VHB por PCR de todas as 345 amostras. Destas, 239 (75,6%) foram PCR positivas. Após o sequenciamento e análise filogenética, obteve-se os seguintes resultados: genótipo A= 165 (69,04%); Genótipo F= 28 (11,71%); genótipo D= 42 (17,57%); genótipo C= 2 (0.84%); e genótipo E= 2 (0.84%). Os subgenótipos identificados foram: A1, A2; F1, F2; D1, D2, D3, D4. A pesquisa de mutações de resistência no gene da polimerase do VHB identificou seis pacientes infectados com VHB mutantes. Sendo um paciente infectado com VHB, droga resistente na posição A181S (Lamivudine, Adefovir); quatro infectados com VHB, droga resistente posição M204I (Lamivudine, Entecavir, Telbivudine); em ambas as situações, os pacientes não faziam uso de antivirais; e uma paciente infectada com VHB droga resistente (posição A181T) resistentes a Lamivudine, Telbivudine, Adefovir, que relatou ter feito uso de Lamivudine por seis meses durante gravidez.
Conclusões: 
Os genótipos A, F e D são os mais prevalentes na região; existe a presença de VHB mutante droga resistentes circulando na região, inclusive em pacientes que nunca fizeram uso de antivirais.
Palavras-Chave: 
Mutações de Resistência. Amazônia. Genótipos.

Divulgação e/ou Publicações

MENDES, Filipe de Souza. Caracterização molecular e epidemiológica do vírus da hepatite B circulantes no estado do Amazonas e sua relação com a virulência. Início: 2016. Dissertação (Mestrado profissional em Biotecnologia) – Universidade Federal do Amazonas, 2016. (Orientador).

NÓBREGA, Vânia Valesca Aguiar Da. Caracterização de mutações de resistência antivirais do vírus hepatite B. Início: 2015/2016. Iniciação Científica (Graduando em Farmácia) – Centro Universitário do Norte. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. (Orientador).

Aplicabilidade para o SUS

A identificação de mutações de resistência antivirais do VHB, tanto primária quanto secundária, é de extrema importância para a condução terapêutica dos pacientes. No mundo inteiro, a comunidade científica tem demandado esforço no sentido de investigar a presença de cepas mutantes entre os portadores do VHB. Sabe-se também que a indicação do medicamento adequado é fundamental para o sucesso do Programa de Controle das Hepatites Virais, mantido pelo SUS; portanto, nesse sentido, esta pesquisa traz informações inéditas sobre a biologia molecular das cepas de VHB que circulam no estado do Amazonas, subsidiando as informações nacionais do SUS.