Estudo de coorte prospectivo para avaliar sobrevida e a prevalência e incidência de complicações não infecciosas em pacientes com HIV/Aids.

Edital/Chamamento: 
Edital Modalidade Pesquisas nº 01/2013
Número do Projeto: 
CA 118/2013

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Unaí Tupinambás

Instituição

Instituição: 
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Departamento de Clínica Médica.
Endereço: 
Av. Professor Alfredo Balena, 190, Santa Efigênia, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Período de Vigência: 
2013-2015
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

A melhora na sobrevida entre os pacientes com HIV/Aids em uso de terapia antirretroviral combinada (TARV), devido à reconstituição imune, vem modificando o padrão de morbidade-mortalidade nesta população. Nos pacientes em TARV, além da atenção das complicações da imunodeficiência, grande importância tem sido dada ao envelhecimento, toxicidade da terapia, prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, tais como: diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemias, doenças renais crônicas, doenças ósseas e neurológicas (notadamente déficits cognitivos).

Objetivos

Avaliar em um estudo longitudinal a mortalidade por causas infecciosas e não infecciosas nesta população, notadamente aquela que ocorre dentro de 24 meses após início da TARV. Está sendo analisada a prevalência das complicações não infecciosas nos pacientes vivendo com HIV/Aids e em tratamento antirretroviral (ARV) acompanhados em serviço de referência.

Materiais e Método

Foram incluídos no estudo pacientes de ambos os sexos, com 18 anos ou mais de idade, que iniciaram TARV a partir de março de 2014 até maio 2015, totalizando 100 participantes. Nesta população, foram avaliadas a prevalência dos fatores de risco para DCV e a prevalência de complicações não infecciosas. Foram coletados dados demográficos, comportamentais (focando aqueles relacionados com maior risco de desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas, como tabagismo, etilismo, sedentarismo, fatores de risco para doenças cardiovasculares, etc.), e laboratoriais para avaliar a efetividade (genotipagem pré-tratamento, carga viral do HIV, contagem de subpopulações de linfócitos) e segurança (hemograma, ureia, creatinina, TGO, TGP, bilirrubinas totais e frações, glicemia de jejum, colesterol total e frações, triglicérides, urina) da TARV. Todos estes exames fazem parte da rotina do atendimento na rede SUS. Além destes exames, foram solicitados os seguintes exames para pacientes incluídos após a aprovação do estudo: ultrassom de artérias carótidas, dosagem de vitamina D, PTH, densitometria óssea, dosagem de marcadores inflamatórios (PCR ultrassensível us-PCR, dímero-D, citocinas inflamatórias e moléculas endoteliais antes e 24 meses após início da terapia antirretroviral. Avaliação de adesão ao tratamento foi realizada por meio de análise dos registros de dispensação da farmácia do centro onde será realizado a pesquisa, utilizando instrumentos validados. Os dados foram coletados em fichas clínicas de estudo formuladas especificamente para este projeto. A base de dados foi constituída utilizando o programa EpiData 3.2, e a análise estatística realizada no software STATA. Associações entre exposições e desfechos foram estimadas por razões de taxas, riscos, odds ou hazards, através de modelos lineares generalizados, para controle de possíveis efeitos de confusão. O estudo contribui para melhor entendimento da mortalidade precoce (dentro de 12 meses após início da TARV), obtenção de conhecimentos sobre o impacto da terapia antirretroviral nas modificações dos fatores de risco para doença cardiovascular (DCV) e outras complicações não infecciosas, fornecendo subsídios ao Ministério da Saúde para a elaboração de políticas públicas de saúde e dos guias terapêuticos nacionais.

Resultados - Parciais ou Finais

Os dados gerados ainda estão em análise (em agosto de 2017, fizemos a coleta final de acompanhamento de 24 meses após início da terapia antirretroviral). No entanto, as análises basais e os dados de revisão sistemática sobre antropometria já foram publicados (ver publicações), contribuindo, sobremaneira, no manejo e diagnóstico de complicações não infecciosas da infecção pelo HIV. Destaco o artigo a ser publicado indicando a concordância entre as médias antropométricas e uso de densitometria óssea para o diagnóstico de lipodistrofia. Outro dado intrigante, apesar de a amostragem não ter sido calculada para este desfecho, foi o encontro de Resistência transmitida a drogas (~13,5%) – a grande maioria para a classe ITRNN. Nessa situação, mesmo na presença das mutações para esta classe, após 24 meses os pacientes mantiveram carga viral indetectável com a terapia estruturada com ITRNN (artigo em execução, foi apresentado dados no congresso de infectologia em 2015, com 12 meses de seguimento).
Palavras-Chave: 
HIV/Aids. Estudo coorte. Doenças crônicas não transmissíveis. Complicações não infecciosas. Efetividade. TARV.

Divulgação e/ou Publicações

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GUIMARAES, N. S.; GRECO, Dirceu B; KAKEHASI, A. M.; FAUSTO, Maria Arlene; GUIMARAES, M. M. M.; TUPINAMBÁS, Unaí Prevalência e Motivos para recusar participação em pesquisa clínica. Revista Bioética (Impresso), v. 24, p. 286, 2016. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br.

SERNIZON GUIMARÃES, Nathalia; FAUSTO, Maria Arlene; KAKEHASI, Adriana Maria; NAVARRO, Anderson Marliere; TUPINAMBÁS, Unaí. Can anthropometry measure the body fat of people living with HIV/AIDS?: A systematic review. Revista Española de Nutrición Humana y Dietética (Actividad Dietética), v. 21, p. 101-111, 2017.

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DUANI, H.; TUPINAMBÁS, Unaí. Mulheres em Minas Gerais tem menor risco de resistência antirretroviral do HIV-1: estudo retrospectivo 2002-2012, 2015. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Disponível em: http://infecto2015.com.br/; Local: Gramado RS; Cidade: Gramado; Evento: XIX Congresso Brasileiro de Infectologia; Inst. promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Infectologia.

GUIMARAES, N. S.; CAPORALI, J. F. M.; KAKEHASI, A. M.; FAUSTO, Maria Arlene; CARMO, P. V.; PAULA, M. G. P.; GUIMARAES, M. M. M.; GUIMARAES, A. R.; PIMENTEL, P. H.; FERREIRA, N. R. S.; BRAGA, V. A. R.; CARVALHO, B. G. L.; TANAJURA, P. R.; TUPINAMBÁS, Unaí. Prevalência de excesso de peso e obesidade abdominal em indivíduos infectados pelo HIV, iniciando TARV assistidos em Centro de Referência de Tratamento em Doenças Infecto-parasitárias, 2012. BH-MG, 2015. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Disponível em: http://www.infecto2015.com.br/; Local: Gramado - RS; Cidade: Gramado; Evento: XIX Congresso Brasileiro de Infectologia; Inst. promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Infectologia.

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PAULA, M. G. P.; GUIMARAES, M. M. M.; GUIMARAES, N. S.; CAPORALI, J. F. M.; KAKEHASI, A. M.; FAUSTO, M. A.; GUIMARAES, A. R.; PIMENTEL, P.; FERREIRA, N. R. S.; BRAGA, V. A. R.; CARVALHO, B. G. L.; TANAJURA, P. R.; TUPINAMBÁS, Unaí. Avaliação das alterações da massa óssea em pessoas vivendo com HIV-Aids, virgens de TARV, em centro de referência em doenças infecciosas HC-UFMG - SMSA BH - Projeto Quarup, 2015. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Disponível em: http://www.infecto2015.com.br/; Local: Gramado; Cidade: Gamado; Evento: XIX Congresso Brasileiro de Infectologia; Inst. promotora/financiadora: Sociedade Brasileira Infectologia.

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Cidade: Belo Horizonte; Evento: XV Congresso Mineiro de Endocrinologia e Metabologia; Inst. promotora/financiadora: Sociedade Mineira de Endocrinologia e Metabologia Regional de Minas Gerais.

PENIDO, M. G.; GUIMARÃES, M. M. M.; GUIMARAES, N. S.; CAPORALI, J. F. M.; FAUSTO, M. A.; CARVALHO, P.; GUIMARÃES, A. R.; TANAJURA, P. R.; TUPINAMBÁS, Unaí. Avaliação da prevalência de alterações vitamina D e outros marcadores do metabolismo mineral ósseo em pessoas vivendo com HIV/Aids, virgens de TARV, em centro de referência Doenças Infecciosas HC-UFMG - SMSA BH. Projeto Quarup, 2015. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Disponível em: http://www.infecto2015.com.br/; Local: Gramado; Cidade: Gramado; Evento: XIX Congresso Brasileiro de Infectologia; Inst. promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Infectologia.

SARAIVA, I.; SILVA, M. L.; ROCHA, I. A. C.; SARAIVA, I. E. B.; TUPINAMBÁS, Unaí. Ativação celular em pessoas saudáveis e em pacientes infectados pelo HIV, 2015. (Congresso, Apresentação de Trabalho). Disponível em: http://www.infecto2015.com.br/; Local: Gramado RS; Cidade: Gramado; Evento: XIX Congresso Brasileiro de Infectologia; Inst. promotora/financiadora: Sociedade Brasileira de Infectologia.

Aplicabilidade para o SUS

O financiamento deste projeto trouxe grandes benefícios para o Sistema Único de Saúde. Primeiramente, destacamos a formação de recursos humanos. Vários alunos de graduação e pós-graduação tiveram seu primeiro contato com a pesquisa em serviço e vivenciaram “o que é fazer pesquisa clínica”. Propiciando reflexão crítica em relação do processo de produção de conhecimento seus pontos fortes e suas contradições. Nos diversos seminários realizados na pesquisa foram discutidos os problemas relacionados aos conflitos de interesse e ética em pesquisa clínica com seres humanos, contribuindo para a formação de profissionais comprometidos com assistência de qualidade com equidade e resolutividade.