Prevalência do HIV e fatores de risco relacionados ao álcool e outras drogas no Sistema Prisional do Piauí.

Edital/Chamamento: 
Edital Modalidade Pesquisas nº 01/2013
Número do Projeto: 
CA 111/2013

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Telma Maria Evangelista de Araújo

Instituição

Instituição: 
Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Endereço: 
Av. Universitária, s/nº, Campus Min. Petrônio Portela, Departamento de Enfermagem, Ininga, Teresina, PI.
Parcerias institucionais: 
SESAPI/UFPI/SEJUS.
Período de Vigência: 
2013-2014
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) apresenta uma expressiva relevância epidemiológica na contemporaneidade, com taxas de prevalência relativamente baixas na população geral, em contraste com prevalências mais elevadas em subgrupos populacionais de maior vulnerabilidade. Desde o início da epidemia, no mundo, mais de 78 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV. Estima-se 1,9 milhões de pessoas vivendo com HIV na América Latina e Caribe, sendo o Brasil o país mais afetado, com um terço dos casos (UNAIDS, 2017). A Organização Mundial de Saúde (OMS) define “populações-chave” os segmentos populacionais que, devido adoção de comportamentos que conferem alto risco específico, possuem maiores chances de infecção pelo HIV. Dentre as populações específicas, destaca-se a privada de liberdade, pois o confinamento estimula práticas que aumentam o risco de transmissão de doenças infecciosas.

Objetivos

Analisar a prevalência da infecção pelo HIV e fatores associados em internos de presídios do Estado do Piauí.

Materiais e Método

Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal, analítico, desenvolvido com 2.131 presidiários do Piauí. A coleta de dados foi realizada de novembro/2013 a maio/2014, por meio da aplicação de formulário pré-testado e realização de teste rápido para diagnóstico do HIV. Os dados foram digitados e analisados com a utilização do software SPSS. Foram realizadas análises univariadas, por meio de estatísticas descritivas simples. Na estatística inferencial, foram aplicados testes de hipóteses bivariados e multivariados, com a utilização de regressão logística simples (Oddis ratio não ajustado) e múltipla (Oddis ratio ajustado). O nível de significância foi fixado em p≤0,05.

Resultados - Parciais ou Finais

Dois mil cento e trinta e um (2.131) presidiários participaram do estudo; 1.116 (52,4%) eram residentes do interior do Estado; 1.037 (48,6%) estavam na faixa etária de 23 a 32 anos; 1.977 (92,8%) eram do sexo masculino; e 1.342 (63,0%) referiram escolaridade compatível com ensino fundamental incompleto; 1.312 (61,6%) se declararam pardos; 1.235 (58,0) em situação conjugal solteiros/separados/viúvos; e 793 (37,2%) sem renda pessoal. Verificou-se uma prevalência geral de 1,0% (IC 95%: 0,6 – 1,4) para a infecção pelo vírus HIV, sendo 1% dentre aqueles do sexo masculino e 1,3% do sexo feminino. Observou associação estatisticamente significativa entre a prevalência do HIV e a prática sexual com parceiros do mesmo sexo (p=0,05), seleção de parceiros por atributos físicos (p=0,04) e prática de sexo por via vaginal (p
Conclusões: 
A prevalência de HIV em internos do Piauí é superior à da população geral no País, evidenciando a necessidade de ações públicas de saúde, incluindo articulação entre esferas governamentais e entre gestão da Saúde e da Justiça, para elaborar estratégias de modo a contemplar a demanda de saúde dos internos do Sistema Prisional do Estado. Faz-se oportuna a ampliação de ações relacionadas ao diagnóstico do HIV na admissão e rotina, atividades contínuas de educação em saúde, capacitação dos profissionais de saúde que compõem a equipe da Justiça para fortalecer a promoção da saúde, prevenção e controle das IST/HIV/Aids.
Palavras-Chave: 
HIV. Prevalência. Prisões.

Divulgação e/ou Publicações

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Antonio SOUZA, Tiago da Silva; PINHEIRO, Daniela Mendes; ARAÚJO, Telma Maria Evangelista de; ROCHA, Silvana Santiago da. As influências socioculturais sobre as doenças sexualmente transmissíveis: análise reflexiva. Rev. Interdisciplinar, v. 8, n. 1, p. 240-246, 2015.

VARELA, Danielle Souza Silva; SILVA, Andréia Alves de Sena; MONTEIRO, Claudete Ferreira de Souza; ARAÚJO, Telma Maria Evangelista de, ROCHA, Silvana Santiago da. Faces da família frente ao processo de drogadição e encarceramento dos usuários: uma reflexão. Rev. Enferm. UFPI, v. 3, n. 2, p. 115-120, abr. jun. 2014.

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SOUSA, Karinna Alves Amorim de; ARAÚJO, Telma Maria Evangelista de; TELES, Araújo Sheila; RANGEL, Elaine Maria Leite, NERY, Inez Sampaio. Fatores associados à prevalência do vírus da imunodeficiência humana em população privada de liberdade. Rev.Esc. Enferm. USP, v. 51, p. 1-9, dez. 2017.

ARAÚJO, Telma Maria Evangelista de. Fatores de risco ao HIV/Aids relacionados à prática sexual de internos do sistema prisional do Piauí. In: X CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DST, 2015.

DIFICULDADES em executar ações de saúde em ambiente prisional. In: I CONGRESSO INTERNACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA DO DELTA DO PARNAÍBA, 2015. (Apresentação de trabalho/Comunicação).

ARAÚJO, Telma Maria Evangelista de. Prevalência do HIV associada a fatores de risco em sistema prisional do Piauí. In: II CONGRESSO IBERO AMERICANO DE EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA, 2015. (Apresentação de trabalho/Comunicação).

ARAÚJO, Telma Maria Evangelista de. Prevalência do HIV, sífilis, hepatites B E C em internos de presídio no Piauí - 65 CBEn – 2013. (Apresentação de trabalho/Comunicação).

ARAÚJO, Telma Maria Evangelista de. Vulnerabilidades associada às DST em penitenciária feminina de uma capital do Nordeste - 65 CBEn – 2013. (Apresentação de trabalho/Comunicação).

TORRES, Vanessa da Silva. Perfil epidemiológico dos casos de HIV/Aids em detentos do Piauí. Trabalho Conclusão de Curso (TCC), 2014.

SOUSA, Karinna Alves Amorim de. Prevalência do HIV e fatores associados em internos do sistema prisional do Piauí. 2015. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2015.

DIAS, Samya Raquel Soares. Vulnerabilidade de pessoas privadas de liberdade ao vírus da imunodeficiência adquirida. PIBIC, 2015.

Aplicabilidade para o SUS

Sabe-se que muitas populações ainda vivem marginalizadas, apresentando vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas. Os presidiários se encontram entre elas. Soma-se a isso o fato da carência de dados recentes, envolvendo saúde no ambiente prisional no Brasil, especialmente na região Nordeste, o que torna os problemas desconhecidos e/ou mascarados. A assistência à saúde das pessoas privadas de liberdade é um dever do setor Saúde e Justiça. Nessa perspectiva, esta pesquisa tem subsidiado a articulação entre eles, sendo que as ações propostas, com base nos seus resultados e conclusões, têm apresentado o potencial de serem incorporadas pelo SUS, na esfera estadual. Este estudo possibilitou uma transformação da atenção à saúde nos presídios do Piauí, de modo a fortalecer a promoção da saúde, prevenção e controle das IST/HIV/Aids no sistema prisional, pois a partir das suas recomendações observou-se o planejamento e a implantação das atividades, a saber: ações de ampliação do diagnóstico das IST na admissão e rotina das unidades penais, atividades contínuas de educação em saúde e disponibilização de insumos de prevenção, capacitação dos profissionais de Saúde e da Justiça nos ambientes prisionais e vacinação contra hepatite B dos suscetíveis. Destaca-se a sua importância na redução da vulnerabilidade individual e programática, uma vez que os casos reagentes ao HIV/Aids foram encaminhados para os serviços de referência do Estado, onde iniciaram o tratamento e acompanhamento. Assim, a descoberta e o tratamento oportuno das IST vêm favorecendo o controle da cadeia de transmissão dessas infecções.