Pesquisador(es)
Pesquisador(es) Responsável(eis):
Ana Gabriela Álvares Travassos
Instituição
Instituição:
Fundação Baiana de Infectologia(FBaI).
Endereço:
Rua João das Botas, 185, sala 703, Salvador, BA, Brasil.
Parcerias institucionais:
Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (CEDAP); Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz (LACEN-BA).
Período de Vigência:
2013-2015
Situação:
Concluída
Introdução e Justificativa
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) bacterianas causadas pela Chlamydia trachomatis (CT) e a Neisseria gonorrhoeae (NG) apresentam recrudescimento no mundo. A coinfecção do HIV e as IST bacterianas potencializam a transmissibilidade destes agentes. Esta situação parece decorrer do aumento de linfócitos T CD4 e citocinas pró-inflamatórias capazes de induzir replicação viral local do HIV. As infecções por CT e NG em sítios extragenitais, como em região anal, habitualmente não são diagnosticadas, possibilitando a persistência da cadeia de transmissão destas infecções.
Objetivos
Identificar a prevalência de infecção genital e anal por CT e NG em PVHA, atendidas no Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (CEDAP), Salvador, Bahia, e as características associadas a estas infecções.
Materiais e Método
Estudo de corte transversal, realizado no período de junho de 2013 a junho de 2015. Foram avaliadas PVHA atendidas no ambulatório especializado do CEDAP, independentemente de sinais e sintomas. Foram incluídas PVHA que tinham ou já tiveram vida sexual, e excluídos os que utilizaram antibióticos 30 dias antes da inclusão, gestantes com complicações obstétricas e mulheres histerectomizadas. Realizaram-se entrevistas face a face por meio de questionário padronizado. Foram colhidas amostras de urina em homens e de endocérvice em mulheres para investigação de CT e NG. A pesquisa por CT e NG foi realizada por meio de teste de qPCR, em sistema fechado – IVD do Cobas 4800® (Roche, Mannhein, Germany), utilizando-se o meio de transporte Cobas® PCR Media Female, para as amostras de endocérvice e região anal, e o Cobas® PCR Media Urine para as amostras de urina somente masculinas. Todo o material foi coletado durante o atendimento médico realizado no CEDAP e processado no LACEN-Bahia. Foi colhida amostra sanguínea para avaliar a contagem de linfócitos T CD4+, realizada por meio de citometria de fluxo (Facscalibur, Becton and Dickinson, Califórnia, EUA) e a carga viral do HIV quantificada usando PCR Real time (Abbot molecular, Illinois, EUA). A análise estatística foi realizada com o pacote Statistical Package Social Sciences (SPSS), versão 20.0.
Resultados - Parciais ou Finais
A frequência de casos positivos de CT e NG foi de 12,2% (61/498) no total, 9,2% (28/305) casos entre mulheres e 17,1% (33/193) entre homens. Encontramos 14,1% (27/193) de casos positivos no ânus, e 3,1% (6/193) na região genital em homens, enquanto 5,6% (17/305) e 3,6% (11/305) em mulheres, respectivamente. Entre os homens, a infecção anal foi associada com idade50 cópias/ml (p=0,020), e nenhum uso antirretroviral (p=0,008). A infecção anal nas mulheres foi associada com idade
Conclusões:
As oportunidades perdidas do diagnóstico de IST bacterianas em sítios extragenitais podem afetar a transmissão do HIV. A ampliação dos sítios de pesquisa destas infecções em PVHA é necessária para o diagnóstico e tratamento precoce.
Palavras-Chave:
Infecções anogenitais. HIV. Chlamydia trachomatis. Neisseria gonorrhoeae. Infecções sexualmente transmissíveis.
Divulgação e/ou Publicações
TRAVASSOS, Ana Gabriela Álvares. Anogenital infection by Chlamydia trachomatis and Neisseria gonorrhoeae in HIV-infected men and women in Salvador, Brazil. Brazilian Journal of Infectious Diseases (BJID). DOI: 10.1016/j.bjid.2016.09.004. 2016.
TRAVASSOS, Ana Gabriela Álvares. In: 4º CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE HIV - Aids E VÍRUS, 2014a. (Apresentação de trabalho/Comunicação).
TRAVASSOS, Ana Gabriela Álvares. In: IX SIMPÓSIO SOBRE AVANÇOS NA PATOGENIA E MANEJO DA AIDS, 7 e 8 de agosto de 2014b. (Apresentação de trabalho/Comunicação).
TRAVASSOS, Ana Gabriela Álvares. In: X CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DST, e VI CONGRESSO BRASILEIRO DE AIDS, no período de 17 a 20 de maio de 2015. (Apresentação de trabalho/Comunicação/Publicação de Resumos).
TRAVASSOS, Ana Gabriela Álvares. In: 4º CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE HIV - Aids E VÍRUS, 2014a. (Apresentação de trabalho/Comunicação).
TRAVASSOS, Ana Gabriela Álvares. In: IX SIMPÓSIO SOBRE AVANÇOS NA PATOGENIA E MANEJO DA AIDS, 7 e 8 de agosto de 2014b. (Apresentação de trabalho/Comunicação).
TRAVASSOS, Ana Gabriela Álvares. In: X CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DST, e VI CONGRESSO BRASILEIRO DE AIDS, no período de 17 a 20 de maio de 2015. (Apresentação de trabalho/Comunicação/Publicação de Resumos).
Aplicabilidade para o SUS
O nosso trabalho aponta para a necessidade de avaliação de infecções sexualmente transmissíveis em sítios extragenitais. Em mulheres heterossexuais vivendo com HIV, esta investigação deve ser realizada principalmente em gestantes, adolescentes e jovens. O critério de relato de sexo anal em mulheres, critério utilizado para indicar esta investigação em outros países, não foi associado em nossa população feminina. Em homens vivendo com HIV, observamos necessária a investigação de sítios extragenitais, principalmente em homens jovens e que praticam sexo anal.
Com os resultados, sugerimos a inclusão da investigação de infecções sexualmente transmissíveis em região anal como recomendação no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para assistência a IST em pessoas vivendo com HIV, de forma mais ampla para um rastreamento eficiente que leve a redução da transmissão do HIV e outras IST.
A partir de nossos dados, sugerimos a realização de pesquisas para a investigação das IST em sítios extragenitais, como orofaringe e região anal, em pessoas que não estão infectadas pelo HIV, porém já tem diagnóstico de outras IST ou que apresentam vulnerabilidades como adolescentes, gestantes e homens que fazem sexo com homens. Essas informações poderiam contribuir para a formulação de novas estratégias de rastreamento e prevenção secundária.