Ensaio clínico farmacocinético para avaliar a eficácia e segurança do uso concomitante de ritonavir, saquinavir e rifampicina em pacientes infectados pelo HIV e tuberculose.

Edital/Chamamento: 
Pesquisas Científicas - Set/2001
Número do Projeto: 
764/2001

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Valéria Cavalcanti Rolla

Instituição

Instituição: 
Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisa Hospital Evandro Chagas.
Parcerias institucionais: 
Laboratório de Bacteriologia do Ipec – Fiocruz (Maria Cristina da Silva Lourenço); Laboratório de Farmacocinética do Ipec – Fiocruz (Eduardo Werneck Barroso).
Período de Vigência: 
2002 - 2003
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

Este estudo objetiva avaliar a eficácia virológica da associação concomitante da rifampicina aos inibidores de protease ritonavir (400 mg) e saquinavir (400 mg), bem como monitorar os efeitos adversos e concentrações séricas da rifampicina antes e após a introdução da associação ritonavir saquinavir. Um segundo objetivo é a avaliação de uma nova técnica de dosagem da rifampicina na saliva para o monitoramento da adesão ao tratamento tuberculostático. Para tal, foram avaliados 30 pacientes com diagnóstico de tuberculose, virgens de tratamento para tuberculose e inibidores de protease (IP). O tratamento da tuberculose foi iniciado ao menos 30 dias antes da introdução do tratamento anti-HIV. A resposta virológica foi adequada em todos os voluntários que toleraram o tratamento. A resposta ao tratamento da tuberculose também foi satisfatória em todos os pacientes. Após a introdução dos IP, 14 pacientes foram retirados do estudo por eventos adversos relacionados aos IP e 1 outro paciente por decisão própria. A hepatotoxicidade foi observada em 4 casos e os demais eventos adversos observados foram náuseas e vômitos, e ocorreram na sua maioria nos primeiros 30 dias de tratamento anti-HIV. Foi observado um decréscimo na área sobre a curva e um prolongamento da meia vida dos IP durante o tratamento com rifampicina, porém as concentrações máximas e mínimas estiveram dentro dos limites terapêuticos. A dosagem da rifampicina na saliva se mostrou útil apenas para se verificar a adesão, não havendo correlação entre as concentrações plasmáticas e na saliva. Baseados nos dados apresentados, não indicamos o tratamento com IP como primeira opção em pacientes virgens de tratamento. Devemos, entretanto,considerá­lo para resgate em pacientes já previamente tratados.

Objetivos

Avaliar a eficácia dos anti-retrovirais ritonavir e saquinavir em associação com a rifampicina no tratamento da tuberculose e da aids. Monitorar as concentrações plasmáticas da rifampicina antes e após a introdução dos inibidores da protease, ritonavir e saquinavir.

Materiais e Método

Estudo fase IV, aberto, não randomizado, não controlado, nacional, com o objetivo de estudar a infecção pelo HIV concomitante à tuberculose. A população de estudo serão os adultos de ambos os sexos infectados pelo HIV, virgens de tratamento anti-retroviral (ARV), em tratamento para tuberculose, e que apresentem critérios para tratamento ARV de acordo com as regras estipuladas pelo Ministério da Saúde. Foram realizados: avaliação da carga viral plasmática e contagens de células CD4 (antes da introdução dos IP, 30 dias após e no final do tratamento da tuberculose) e testes genotípicos no início e no final do tratamento. A principal variável para se medir a resposta clínica e determinar a eficácia anti-retroviral nos pacientes que utilizam essas drogas em combinação com a rifampicina é o monitoramento da carga viral plasmática em relação aos valores basais. Foram consideradas como desfechos terapêuticos favoráveis as quedas >1 log ao final do primeiro mês e a obtenção de CV

Resultados - Parciais ou Finais

Todos os pacientes incluídos no estudo obtiveram cura da tuberculose ao final do tratamento. A resposta virológica foi adequada em todos os voluntários que toleraram os dois tratamentos concomitantes (TB-HIV). A principal limitação do uso desse esquema anti-retroviral foram os eventos adversos. Após a introdução dos IP, 14 pacientes foram retirados do estudo e 1 por decisão própria. A hepatotoxicidade foi observada em 4 pacientes e os demais eventos adversos observados foram náuseas e vômitos e ocorreram na sua maioria nos primeiros 30 dias de tratamento anti-HIV. Foram observados 4 casos de reação paradoxal. Não foi detectado resistência genotípica aos IP. Com relação ao estudo farmacocinético, foi observado um decréscimo na área sobre a curva e um prolongamento da meia vida dos IP durante o tratamento com rifampicina, porém as concentrações máximas e mínimas estiveram dentro dos limites terapêuticos. A dosagem da rifampicina na saliva se mostrou útil apenas para se verificar a adesão, não havendo correlação entre as concentrações plasmáticas e na saliva. Concluímos que, apesar da eficácia virológica e perfil farmacocinético, esse tratamento não deve ser recomendado como primeira opção em indivíduos virgens de ARV.
Palavras-Chave: 
Aids. Tuberculose. Farmacocinética. Ritonavir. Saquinavir. Rifampicina.

Divulgação e/ou Publicações

ROLLA, V. et al. Safety, Efficacy and Pharmacokinetics of Ritonavir 400 mg – Saquinavir 400 mg and Rifampicin Combined Therapy in HIV Patients with Tuberculosis. In: IAS CONFERENCE ON PATHOGENESIS AND TREATMENT, 3., 2005, Rio de Janeiro.

VIEIRA, M.A.M.S. et al. Monitoração da concentração plasmática da rifampicina em pacientes com aids e tuberculose em tratamento com ritonavir e saquinavir. In: ENCONTRO NACIONAL DE TUBERCULOSE, 1., 2004, Brasília.

__. Rifampicin pharacokinetics in AIDS patients treated with ritonavir and saquinavir. American College of Chest Phisicians, San Diego,v.122, p.35s-36s, 2002.