Diagnóstico de gestão e financiamento.

Edital/Chamamento: 
Pesquisas Científicas - Set/2001
Número do Projeto: 
710/2001

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Inesita Soares de Araújo, Janine Miranda Cardoso

Instituição

Instituição: 
Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Informação Científica e Tecnológica – CICT, Departamento de Comunicação e Saúde
Parcerias institucionais: 
Fiocruz, UFRJ e SMS RJ.
Período de Vigência: 
2002 - 2003
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

O modo como os indivíduos e os grupos sociais interpretam a doença e as situações de risco interferem de forma significativa na forma como se apropriam das soluções de prevenção e controle. Em conseqüência, interferem concretamente na efetividade das políticas e estratégias em curso. Considera-se, portanto, que soluções encontradas pela própria população, integrada à sua cultura e cotidiano, apresentam potencialmente melhores condições de aceitação e disseminação. Para uma aproximação a essa realidade, a pesquisa buscou combinar a ação de diagnóstico e avaliação com uma ação de estímulo e apoio a uma experiência local de planejamento de estratégias de proteção da epidemia de aids. Desenvolvida em parceria, conjugou-se um forte componente interinstitucional e interdisciplinar, ao articular diversas instâncias de produção e socialização de saberes e práticas.

Objetivos

Contribuir para o aprimoramento das intervenções públicas que visam a mobilização de redes sociais para a prevenção e controle do HIV/aids, no contexto mais amplo de fortalecimento do SUS e das estratégias de promoção à saúde; Desenvolver uma metodologia de avaliação da comunicação em processos de intervenção social, compatível e capaz de ser incorporada na dinâmica dos serviços de saúde; Conhecer e tornar mais visível o modo como grupos específicos lidam com a epidemia da aids, como se apropriam e fazem circular a comunicação que é veiculada por instituições públicas e privadas; Capacitar profissionais de saúde nessa metodologia de avaliação, no curso da pesquisa; Analisar a incorporação das estratégias de comunicação e de mobilização social nos postos de saúde e nos módulos de saúde da família; Oferecer aos planejadores e gestores da saúde coletiva subsídios que permitam aprimorar suas estratégias de comunicação para o enfrentamento da aids e de outros agravos.

Materiais e Método

O estudo foi fundamentado na Semiologia dos Discursos Sociais, valendo-se também da teoria das mediações culturais e de metodologias de mobilização social. Buscando uma análise comparativa, estabeleceram-se os seguintes passos metodológicos: o mapeamento das redes de produção de sentido; a mobilização social – formação dos grupos de produtores sociais, o apoio e acompanhamento das estratégias propostas pelos jovens; a conversão das estratégias em textos analisáveis; análise discursiva; discussão dos resultados preliminares; atividades de socialização dos resultados finais.

Resultados - Parciais ou Finais

A força dos contextos influenciou decisivamente no desenvolvimento e nos resultados da pesquisa, impondo dinâmicas e resultados radicalmente diferentes em Curicica (efetiva mobilização – I Gincana de Adolescentes, atividades lúdicas e informativas – e produção de estratégias – vídeo Jovens em Ação) e em Lins de Vasconcelos, onde a cena social inviabilizou a efetivação das estratégias propostas pelos jovens (grafitagem, concurso de música, bingo). A análise discursiva constatou o predomínio das campanhas oficiais, mas também diferentes visões da doença e seus contextos de transmissão, fundadas em várias oposições sociais, econômicas, culturais. A pesquisa reforçou que, entre os adolescentes, as opiniões e escolhas se fazem, principalmente, no plano coletivo; a percepção de risco também é absolutamente contextual e nem sempre percebido como negativo. Identificou-se a ausência e o forte poder mobilizador das informações sobre a “Aids local”, que promovam interrelações com a vida das pessoas, não apenas com sua prática sexual. Evidenciou-se, sobretudo, a urgência de que as instituições abram espaço para as estratégias de comunicação que, mais do que oferecer informações padronizadas, favoreçam canais de expressão e permitam uma escuta atenta do que pensa, como vive e age a população, na prevenção epidemiológica e na saúde como um todo. O método favorece o fortalecimento dos víncu-los do serviço de saúde com a comunidade, mas exige flexibilidade e agilidade, difíceis no cotidiano dos serviços de saúde, fora de uma situação “extraordinária” como a da pesquisa.
Palavras-Chave: 
Aids. Políticas públicas. Comunicação. Avaliação. Mobilização social.

Divulgação e/ou Publicações

BRASIL, Ministério da Saúde/Fiocruz. Promoção da saúde e prevenção do HIV/aids no município do Rio de Janeiro: uma metodologia de avaliação para políticas públicas e estratégias de comunicação. Relatório de pesquisa, Rio de Janeiro, jul. 2003. (Organização e texto: ARAÚJO, I. et al.92 p.). Para solicitar exemplares, também da versão popular do relatório, contatar as Coordenadoras.

CARDOSO, J.M.; ARAÚJO, I. Espaços de interlocução e expressão, espaços de pesquisa: alguns resultados de uma pesquisa de avaliação da comunicação na prevenção da Aids. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DST, 5., 2004, Recife.

__. Comunicação e Saúde: um método de Avaliação. In: CONFERÊNCIA LATINOAMERICANA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE, 3., 2002, São Paulo. Menção Honrosa.

__. Contextos: os desafios de um método de pesquisa da comunicação na prevenção da Aids. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 3., 2005, Florianópolis.

__. O que se diz, como se diz, o que se cala: uma avaliação da prática comunicativa na prevenção da Aids. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA, 7., 2003, Brasília.