Pesquisador(es)
Pesquisador(es) Responsável(eis):
José da Rocha Carvalheiro, Mary Jane Paris Spink
Instituição
Instituição:
CRT/AIDS – Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
Homepage:
Parcerias institucionais:
PN-DST/AIDS do Ministério da Saúde e UNAIDS.
Período de Vigência:
1994 - 2001
Situação:
Concluída
Introdução e Justificativa
Estudo epidemiológico e sociocomportamental da incidência de HIV em uma coorte aberta de homens que fazem sexo com homens. O estudo consistiu no acompanhamento de voluntários a cada seis meses, que eram submetidos à sorologia para hepatite B, HIV e sífilis e a um questionário sobre práticas, comportamento e identidade sexual. Nessas oportunidades, os voluntários passavam por sessões de aconselhamento para prevenção das DST e aids. Atividades paralelas ao estudo eram realizadas com o objetivo de oferecer informações sobre comportamento sexual, prevenção e outros temas de interesse da população-alvo.
Objetivos
Conhecer o número de novos casos de infecção pelo HIV (incidência) em homens que fazem sexo com homens; Conhecer fatores de risco da população-alvo; Desenvolver estratégias de aconselhamento e prevenção diante da especificidade da população-alvo; Criar capacidade técnica para a implementação de ensaios clínicos vacinais.
Materiais e Método
O estudo foi desenhado com metodologia de coorte aberta. O acompanhamento dos voluntários ocorreu a cada 6 meses, com aplicação de entrevista sociocomportamental, exame clínico direcionado para sinais e sintomas de DST e a realização de sorologia para HIV, sífilis e hepatites B e C. Os voluntários, ao completarem 3 anos de acompanhamento de rotina e de entrevistas, a sorologia e o exame clínico passavam a ser realizados anualmente. Os seguintes critérios de inclusão foram adotados: ser homem que pratica sexo com outros homens, ser maior de 18 anos, não infectado pelo HIV e não ter sido usuário de drogas injetáveis nos últimos 6 meses. Todos os voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido anterior à entrada no estudo. O trabalho de campo foi inicialmente desenvolvido no Instituto Clemente Ferreira, na Praça Roosevelt, região central da cidade, posteriormente transferido para as instalações do Programa Estadual de DST e Aids. Dispunha-se de duas salas para entrevistas e exame clínico, uma sala para coleta de sangue e administração de vacina para hepatite B, uma sala para os arquivos com os prontuários dos voluntários, uma sala de recepção e uma pequena sala de reuniões. Na parte de trás do prédio havia um jardim, que servia de local de espera ou palco de atividades em grupo. Algumas atividades paralelas aconteceram no auditório do CRT/AIDS. As atividades eram desenvolvidas de segunda a sexta, das 14 às 20 horas. Para a captação de novos voluntários, utilizaram-se estratégias como: divulgação do projeto no Coas Henfil; divulgação na imprensa; anúncios em jornais; distribuição de materiais (folhetos, vale-camisinhas, cartazes, etc.); intervenção face a face; e recrutamento por snowball.
Resultados - Parciais ou Finais
A idade das pessoas acompanhadas variou de 18 a 76 anos, com média de 28 e mediana de 27 anos. Mais de dois terços tinham menos de 30 anos de idade. A escolaridade da população estudada mostra-se bastante elevada, com apenas 14,2% com menos de 2º grau completo e cerca de 45,8% dos voluntários referindo terem tido acesso à universidade. Quando analisada a distribuição da renda individual dos voluntários, observou-se que a renda média foi de 887,9 reais, variando de 20 a 13.000 reais. A renda média familiar foi de 863,9 (mediana 650,0). Quando perguntado aos voluntários qual a sua cor, a grande maioria auto-denominou-se branco (61,5%), pardos (30,0%), negros (7,3%) e amarelos ou asiáticos (0,7%), de acordo com a classificação étnica utilizada pelo IBGE. Em relação ao estado civil, a grande maioria dos voluntários é solteira (81%), apenas uma pequena porcentagem refere viver maritalmente, entre os quais 12% vivem com um homem e apenas 1% refere ser casado com mulheres. Quanto à coabitação, pouco mais da metade (52%) mora com os pais ou família, 9% moram com o parceiro, 21% com amigo e apenas 15% referiram morar sozinhos. No que se refere à utilização de serviços de saúde, mais da metade dos voluntários (53%) utiliza a rede pública, 23% referem possuir seguro saúde particular ou oferecido pelas empresas onde trabalham e somente 12% referiram utilizar serviços médicos privados.
Sobre comportamento sexual dos voluntários do Projeto Bela Vista, baseado nos dados coletados na primeira entrevista sociocomportamental, a grande maioria referiu ter relações sexuais apenas com homens (79%) ou quase sempre com homens (15%). Uma pequena parcela da amostra (6%) refere relações sexuais igualmente com homens e mulheres. A idade da primeira experiência sexual, referida pelos voluntários, e não caracterizada, necessariamente, pela penetração, foi com 17 anos, variando de 3 a 44 anos (mediana 17 anos). Quando perguntado sobre a busca de parceiros, os locais mais utilizados pelos voluntários para este fim foram, entre outros, os bares e as boates. A grande maioria (78,0%) dos voluntários referiu ter parceiros fixos e ocasionais ao mesmo tempo, variando a freqüência. Uma pequena parte tem exclusivamente parceiros fixos (12,5%) e outra apenas ocasionais (9,5%). As práticas mais referidas foram receber e fazer sexo orogenital (80,7% e 70,1%, respectivamente), penetrar o ânus (75,9%) e ser masturbado ou masturbar parceiro (68,0 e 61%, respectivamente). As práticas mais realizadas com parceiros fixos e ocasionais são também as mesmas, porém, em diferente ordem de preferência. Do total de voluntários, 8% referiram ter tido relação sexual com parceiro portador de sinal ou sintoma sugestivo de DST, nos últimos seis meses, e cerca de um terço deles referiu não ter usado preservativo nessas relações.
Palavras-Chave:
Epidemiologia. Homossexualidade. Prevenção. HIV. Aids.
Divulgação e/ou Publicações
BRASIL. Ministério da Saúde/SVS/PN-DST/AIDS. Bela Vista e Horizonte: Estudos Epidemiológicos e Comportamentais entre Homens que Fazem Sexo com Homens. Brasília: Ministério da Saúde, 2000. (série avaliação 5). Disponível em: http://www.aids.gov.br/avalia5/home.htm. Acesso em: 26 abr. 2006.