Avaliação do padrão de vulnerabilidade para infecção pelo HIV e outras DST, comparando adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em unidades de atendimento da Febem, com escolares de Santa Maria, RS.

Edital/Chamamento: 
Pesquisas Científicas - Abr/2002
Número do Projeto: 
549/2002

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Stela Maris de Mello Padoin

Instituição

Instituição: 
Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem, Programa Aids, Educação e Cidadania: uma proposta de promoção à saúde e à qualidade de vida. Grupo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – Gepes.
Parcerias institucionais: 
Departamento de Estatística e Curso de Medicina da UFSM; Fundação de Atendimento Socioeducativo, RS.
Período de Vigência: 
2002 - 2003
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

Em função da problemática das DST/HIV/aids na população de adolescentes e adultos jovens, e a escassez de pesquisas sobre esse tema, é fundamental identificar pelos estudos quais são os fatores de risco, as variáveis biopsicossociais, os indicadores de vulnerabilidade e os níveis de conhecimento em relação ao tema. Para tal avaliação, a pesquisa propôs-se à comparação da vulnerabilidade a agentes infecciosos transmissíveis pelo ato sexual e pelo uso indevido de drogas entre populações de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e de escolares em Santa Maria-RS. Portanto, delimitaram-se três grupos para comparação, totalizando 581 adolescentes, foram realizadas oficinas de educação preventiva nos locais de coleta de dados e avaliação das mesmas, envolvendo três unidades da Fase/RS (antes Febem) e cinco escolas.

Objetivos

Comparar o padrão de vulnerabilidade entre a população de adolescentes internos em unidades da Fase, Case e Casemi de Santa Maria-RS e Casef de Porto Alegre-RS, com uma população de adolescentes escolares da mesma faixa etária do ensino fundamental e médio de escolas públicas e particulares da comunidade de Santa Maria-RS, avaliando também o padrão de vulnerabilidade de profissionais da Fase envolvidos com a educação desses jovens em relação às DST, HIV e aids.

Materiais e Método

As instituições envolvidas são cinco escolas de ensino fundamental e médio da rede pública, uma da rede particular do município de Santa Maria-RS, três unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (Fase/RS), a saber: Case Santa Maria (regime de privação de liberdade, população masculina), Casemi-Santa Maria (regime de semiliberdade, população masculina) e Casef-Porto Alegre (privação de liberdade, população feminina). Foram 581 adolescentes pesquisados e que participaram das ações de educação preventiva e coleta de dados, além de outros que participaram das atividades de educação, não participando porém da coleta de dados (estes não compõem a análise). Dos entrevistados 95 (16,35%) eram do GA, 380 (65,40%) do GB, 59 (10,15%) do GC e 47 (8,09%) do GE. Nas unidades da Fase, após o esclarecimento dos adolescentes e sua seleção, houve a coleta do TCLE; o protocolo de pesquisa foi produzido medianteentrevista individual nos dormitórios; após, havia as ações educativas em forma de oficina, em grupos; seguindo a seguinte proposta: Oficina sobre HIV/aids; DSTs; aparelhos reprodutores e métodos anticoncepcionais; sexualidade; uso indevido de drogas. Após as oficinas, organizava-se a entrevista individual em cada dormitório (pós-teste); foram 28 oficinas; 95 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas dos quais 65 concluíram as atividades do pós-teste. Nas escolas foram 116 oficinas em seis escolas, com 439 escolares dentre os quais 359 concluíram as atividades com a aplicação do pós-teste. Dessa forma, analisaram-se diferentes aspectos que interferem na vulnerabilidade individual e social de determinada população, sendo feita análise comparativa dos dados obtidos mais especificamente no pré­teste que ressaltasse a limitação do protocolo para se analisar o plano de vulnerabilidade programática. A coleta de dados buscou conhecer situação socioeconômica, acesso à informação, conhecimento, comportamento, exposição (fatores de risco) e testagem.

Resultados - Parciais ou Finais

No que se refere à idade, temos no GA, de 13 a 20 anos; no GB, de 12 a 20 anos; no GC, de 14 a 19 anos. As principais dúvidas em relação à transmissão do HIV centram-se na via sexual, sendo alguns termos confundidos ou não entendidos corretamente. A TMI é outro fator pouco conhecido pelos jovens; mais de 90% dos entrevistados não conhecem o termo janela imunológica ou não sabem explicá­lo. A respeito da experiência sexual, enquanto 96,84% dos jovens da Fase (GA) afirmaram já terem tido relações, apenas 31,32% dos estudantes de escolas públicas (GB), e 59,32% de escolas particulares (GC) tiveram alguma experiência sexual. Dos adolescentes sexualmente ativos, 88,04% do GA e 69,75% do GB tiveram sua primeira relação sexual antes dos 15 anos. No GC - 65,71%, tiveram essa primeira experiência sexual entre 15 e 21 anos. O número de adolescentes que já tiveram relações sexuais sem o uso de preservativos foi: 85,87% do GA, 52,94% do GB e 45,71% do GC. Quanto à percepção de invulnerabilidade: GA - 31,91%; GB - 42,37% e GC - 32,20% consideraram-se invulneráveis ao HIV. O uso de drogas intravenosas foi referido por 10,26% dos adolescentes do GA e 6,45% do GB; nenhum dos estudantes de escolas particulares referiu uso desse tipo de drogas; 3,74% dos usuários do GA referiram ter compartilhado agulhas e seringas, o que aconteceu com 6,45% do GB. Com relação às bebidas alcoólicas: no GA 51,58% referiram consumo semanal, no GB, 12,37% e no GC, 44,07%. Com relação ao acesso a serviços de saúde, quando necessitam de informações sobre HIV/DST/aids, 46,32% dos adolescentes do GA afirmaram que já procuraram e tiveram acesso, sendo que 51,90% fizeram-no por sistemas públicos de saúde. No GB, 22,11% tiveram acesso, e a maioria também por serviços públicos. No GC, 20,34% referiram que procuraram e tiveram acesso sendo que a maioria em serviços privados de saúde.
Palavras-Chave: 
Vulnerabilidade. HIV. Aids. Adolescentes. Medidas socioeducativas. Educação preventiva.

Divulgação e/ou Publicações

PADOIN, S.; CARMO, D.R.P.; LOPES, L.F.D. Avaliação do padrão da vulnerabilidade para infecção do HIV e outras DSTs, comparando adolescentes cumprindo medidas socioeducativas em uma unidade de atendimento da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), com escolares de Santa Maria. In: FÓRUM AIDS E DROGAS, MOSTRA EM HIV/AIDS DA REGIAO CENTRO RS, 3./2., 2002, Santa Maria.

__. Avaliação do padrão de vulnerabilidade para infecção de HIV e outras DSTs, comparando adolescentes cumprindo medidas socioeducativas em Unidades da Fase, com escolas de Santa Maria-RS. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCADORES NA PREVENÇÃO DE DSTs, AIDS E DROGAS, 7., 2003, São Paulo.