Avaliando uma proposta de integração DST/aids – saúde reprodutiva em uma unidade do PSF na cidade de São Paulo.

Edital/Chamamento: 
Estratégico
Número do Projeto: 
514/1999

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Wilza Vieira Vilela

Instituição

Instituição: 
Casa de Saúde Santa Marcelina.
Parcerias institucionais: 
Instituto de Saúde.
Período de Vigência: 
1999 - 2000
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

O projeto teve como objetivo implantar e avaliar em 12 meses uma proposta de integração de ações de prevenção e assistência as DST/aids às ações de saúde da mulher já desenvolvidas em uma unidade básica de saúde integrante do Programa de Saúde da Família, na zona leste do município de São Paulo, que conta com quatro equipes do PSF, atendendo, portanto, a 4.000 famílias.

Objetivos

Implantar e avaliar um modelo de integração DST/aids e saúde reprodutiva em uma Unidade de Saúde da Família no Itaim Paulista, integrante do Projeto Qualis I, São Paulo. Realizar diagnóstico preliminar da UBS escolhida; Desenvolver uma proposta de integração Saúde reprodutiva/DST/aids para a unidade; Desenvolver metodologia de aconselhamento para testagem anti-HIV para mulheres que buscam ações de Saúde da Mulher na Unidade de Saúde; Desenvolver metodologia de convocação e aconselhamento de parceiros das mulheres com agravos ginecológicos para realização de testagem anti-HIV e uso de preservativo; Desenvolver metodologia de captação da população masculina para atividades de saúde reprodutiva e prevenção de DST/aids na Unidade de Saúde; Capacitar profissionais da UBS para o diagnóstico precoce e tratamento sindrômico das DST; Disseminar o conceito de sexo protegido, buscando quebrar a dicotomia entre prevenção da gravidez e prevenção das DST/aids; Estimular o uso de dupla proteção sexual; Avaliar a proposta; Divulgar o resultado do trabalho.

Materiais e Método

O projeto foi realizado em cinco etapas. Na primeira, a proposta foi apresentada e discutida com as equipes, visando responder, coletivamente, a dúvidas e demandas da equipe relativas à prevenção das DST/aids em USF. Na segunda etapa, foram realizadas entrevistas individuais com profissionais de diferentes graus de escolaridade e formação, visando conhecer sua opinião a respeito dos problemas relacionadas ao HIV na região e da possibilidade de realização de ações integradas DST/aids/saúde da mulher. Na terceira, as agentes receberam treinamento específico, a partir de farto material educativo, posteriormente doado às unidades, sobre prevenção de DST/aids e ações integradas, incluindo a camisinha feminina e a contracepção de emergência. Na quarta etapa, acompanharam-se as agentes comunitárias em suas atividades de visita domiciliar, visando perceber em que medida os conteúdos discutidos nas reuniões e treinamentos haviam sido incorporados, enquanto práticas no trabalho cotidiano. Na quinta e última etapa foram entrevistadas cem usuárias das duas unidades, visando apreender em que medida elas haviam sido objeto de alguma ação voltada para a prevenção das DST/aids no contexto das ações rotineiras de saúde da mulher implementadas pelas unidades.

Resultados - Parciais ou Finais

Os problemas apontados espontaneamente pela equipe na primeira reunião em relação à população atendida foram o alcoolismo, a violência relacionada ao tráfico e uso de drogas e ao desemprego masculino e, com menor importância, a gravidez entre as jovens; na entrevista individual, os profissionais, especialmente os de nível superior que atendiam diretamente a população, não se mostravam muito dispostos a incorporar novos conteúdos à sua ação, apresentando um discurso de que o PSF situavam-se bem próximo às demandas da população nas suas ações básicas, e que o HIV ali não era problema. Ao contrário, as agentes comunitárias mostraram-se bem motivadas durante as oficinas, em especial no que se refere ao uso da camisinha feminina. No entanto, durante as visitas domiciliares, foi possível perceber a reprodução de uma série de estereótipos de gênero, como a desqualificação das queixas de algumas mulheres, o uso do termo “mãezinha” e a pequena incorporação da discussão sobre o uso do preservativo, ou a realização da testagem anti-HIV, independentemente da situação de gravidez. Houve por parte das agentes, também, bastante dificuldade com a camisinha feminina, embora houvesse oferta e aceitação por parte de algumas usuárias. Nas entrevistas domiciliares com usuárias, foi possível perceber que houve uma boa disseminação das informações sobre a contracepção de emergência e uma problematização sobre o uso do condom, no âmbito da vida social e sexual, que até então não havia ocorrido. A camisinha feminina despertou curiosidade, mas uma parcela de menos de 40% das mulheres que a experimentaram continuavam usando esse método após três meses.
Palavras-Chave: 
Programa Saúde da Família. Integração DST/aids. Saúde da mulher.