Células T CD4+ em infecção aguda versus infecção crônica pelo vírus da hepatite C.

Edital/Chamamento: 
Chamada MCTI – CNPq/MS-SCTIE-DECIT-SVS-DST-Aids n. 30/2014
Número do Projeto: 
470092/2014-9

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Lia Laura Lewis-Ximenez de Souza Rodrigues

Instituição

Instituição: 
Instituto Oswaldo Cruz; Fundação Oswaldo Cruz.
Parcerias institucionais: 
Fundação Oswaldo Cruz; Massachusetts General Hospital/Harvard Medical School.
Período de Vigência: 
2014-2016
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

A vacina para hepatite B é recomendada a todos os indivíduos portadores de hepatite C no Brasil. Entretanto, a resposta vacinal na produção de anticorpos protetores (anti-HBs) é reduzida quando comparada a indivíduos saudáveis. A presença de infecções virais latentes, tais como Epstein-Barr, Citomegalovírus humano (CMV), HIV, etc., está associada à redução da eficiência da resposta imune a diversas vacinas em portadores crônicos do vírus da hepatite C (VHC). Porém, a influência destas infecções na resposta vacinal para hepatite B, na população brasileira com VHC, ainda não é conhecida.

Objetivos

Avaliar a resposta imune após vacinação por meio de sorologia e citometria de fluxo.

Materiais e Método

Foram realizadas comparações entre 36 amostras de indivíduos portadores do VHC vacinados para hepatite B, sendo 13 portadores crônicos e 23 indivíduos com resolução viral espontânea (RVE).

Resultados - Parciais ou Finais

Na resposta humoral, foi observado que 23/36 (63,8%) dos indivíduos com VHC apresentaram o anti-HBs detectável após três doses da vacina. Notou-se que a maioria dos indivíduos com RVE (64,7%) eram positivos para anti-HBs no período de 1 a 12 meses da primeira dose, enquanto todos portadores crônicos do VHC apresentavam níveis detectáveis de anti-HBs somente após 12 meses da primeira dose. Depois de 1-3 meses da 3a dose, naqueles indivíduos com RVE, o anti-HBs foi detectado em 17/23 (73,9%), dos quais 10/17 (58,9%) apresentaram títulos elevados de anti-HBs (>100UI/mL). Já os portadores crônicos de VHC, somente 6/13 (46,2%) responderam a vacina, e destes, 2/6 (33,3%) com títulos de anti-HBs>100UI/mL. Considerando os indivíduos negativos para o anti-HBs depois da 3a dose, os resultados mostraram que 13/36 (36,1%) pertencem a este grupo, sendo 7/13 (53,8%) portadores crônicos. Quanto à pesquisa de células TCD8 HBs-específicas após a 3a dose, 15 pacientes foram investigados (n=7 crônicos; n=8 com RVE), em que 7/15 (46,6%) (n=4 crônicos; n= 3 com RVE) apresentaram baixo número de células TCD8 HBs-específicas no sangue periférico (n=1-3 células/100mil linfócitos). Entre os crônicos com resposta TCD8 HBs-específicas, 3/4 (75%) não tinham níveis de anti-HBs detectáveis após vacinação. Na pesquisa de células TCD8 CMV-específicas em amostras negativas para anti-HBs após três doses da vacina, foi verificado que 12/13 (92,3%) dos indivíduos com VHC apresentavam células CMV-específicas circulando (>100 células/100mil linfócitos).
Conclusões: 
Em suma, a maioria dos portadores crônicos do VHC não possuem níveis de anti-HBs detectáveis após vacinação para hepatite B. A presença de células TCD8 CMV-específicas pode estar envolvida em uma progressiva redução da resposta imune vacinal para hepatite B, principalmente em portadores crônicos. Futuros estudos são necessários para investigar o perfil das células T antígeno-específicas nesta população. O monitoramento da vacinação para hepatite B em portadores do VHC é essencial e deve incluir a pesquisa de outras infecções latentes.
Palavras-Chave: 
Hepatite C crônica. Vacina hepatite B. Resposta imune.

Divulgação e/ou Publicações

MELGAÇO, Juliana Gil; SOUSA, Paulo Sergio Fonseca de; BAPTISTA, Bruna Silva; TONERRE, Pierre; TORRES-CORNEJO, Almudena; KVISTAD, Daniel; ROBIDOUX, Maxwell; WOLSKI, David; LEWIS-XIMENEZ, Lia Laura; LAUER, Georg M. Portadores de hepatite C que apresentam células TCD8-Citomegalovírus-específicas tem dificuldade em produzir anti-HBs após vacinação. In: 11º CONGRESSO DE HIV/Aids; 4º CONGRESSO DE HEPATITES VIRAIS: PREVENÇÃO COMBINADA: MULTIPLICANDO ESCOLHAS, 26 a 29 de setembro de 2017, Curitiba, PR, MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, Anais... p. 199. (Apresentação de trabalho/Resumos e Anais).

MELGAÇO, Juliana Gil; SOUSA, Paulo Sergio Fonseca de; BAPTISTA, Bruna Silva; TONERRE, Pierre; TORRES-CORNEJO, Almudena; KVISTAD, Daniel; ROBIDOUX, Maxwell; WOLSKI, David; LEWIS-XIMENEZ, Lia Laura; LAUER, Georg M. Influence of Chronic Hepatitis C on the Phenotype of CD8 T Cells Targeting other Viruses. In: 15TH ANNUAL MGH GASTOINTESTINAL UNIT CLINICAL AND BASIC SCIENCE RESEARCH RETREAT MEETING, Massachusetts General Hospital, EUA. (Apresentação de trabalho/Resumos e Anais).

MELGAÇO, Juliana Gil. Título: Influência da hepatite C crônica no fenótipo de células T CD8 antígeno-específicas após vacinação para hepatite B. (Pós-doutorado).

Aplicabilidade para o SUS

A vacinação para hepatite B em portadores crônicos de hepatite C é importante para monitorar a prevenção e controle de coinfecções nas hepatites virais. A investigação de outros agravos, que induzem infecções latentes, como Citomegalovírus e Epstein-Barr devem receber atenção futura, principalmente, em portadores crônicos de hepatite C, podendo auxiliar nas medidas preventivas e de tratamento deste agravo.