Prevalência de infecções cervicovaginais e validação do fluxograma de corrimento vaginal em gestantes.

Edital/Chamamento: 
Estratégico
Número do Projeto: 
300/2001

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Maria Luiza Bezerra Menezes

Instituição

Instituição: 
Centro de Estudos, Pesquisas e Apoio ao Cisam.
Parcerias institucionais: 
.
Período de Vigência: 
2001 - 2002
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

O estudo foi transversal e de validação de teste diagnóstico em 400 gestantes submetidas a exame ginecológico, teste das aminas, coleta de conteúdo vaginal para exame microscópico a fresco e por coloração de Gram e coleta de urina para pesquisa de Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria gonorrhoeae (NG) pela técnica de reação em cadeia da ligase. Observou-se prevalência de 58% de corrimento vaginal, 32,3% de vaginose bacteriana, 61,3% de candidíase vaginal, 9,8% de tricomoníase e 7,8% de cervicite. A associação de infecções foi observada em 21,6% das gestantes. O fluxograma de corrimento vaginal mostrou fraca validação para cervicite; ótima validação para candidíase, tricomoníase e vaginose bacteriana, quando se emprega a microscopia; regular para vaginose bacteriana, mas fraca para tricomoníase, quando emprega a associação do corrimento vaginal presente ao teste das aminas; e sofrível para tricomoníase e fraca para VB e candidíase ao adotar apenas o corrimento vaginal presente.

Objetivos

Determinar, em mulheres gestantes que realizam primeira consulta no pré­natal no Cisam: Prevalências de cervicite por CT e NG, tricomoníase, VB e candidíase vaginal; e, a validação do fluxograma de corrimento vaginal para o diagnóstico de cervicite por CT ou NG, tricomoníase, VB e candidíase vaginal por meio da sensibilidade, especificidade, valor preditivo, razão de verossimilhança e índice de Youden.

Materiais e Método

Às mulheres que aceitaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi aplicado um questionário para levantar dados sociodemográficos, ginecológicos, obstétricos e sobre a parceria sexual. Em seguida foram encaminhadas para exame ginecológico com testes das aminas (teste do KOH ou do cheiro ou de Whiff) e coleta de exsudato de fundo de saco vaginal para exame a fresco e bacterioscopia (gram). Por fim, coletou-se amostra de urina para hibridização molecular para clamídia e gonococo. A amostra de exsudato de fundo de saco vaginal foi enviada para análise do gram em laboratório local do próprio Cisam. E a amostra de urina foi centrifugada imediatamente após a coleta no laboratório local, e o sedimento armazenado em congelador enviado ao laboratório conveniado que realizou o processamento da técnica do LCR para CT e NG. 400 gestantes que foram à primeira consulta de pré­natal no Cisam, participaram da pesquisa. Critério de exclusão: pacientes que tinham consultado, na gestação, outras clínicas de pré­natal ou DST; pacientes que tinham iniciado o pré­natal após a 28ª semana de gestação e; pacientes que não desejassem continuar participando da pesquisa. Utilizou-se a seguinte fórmula: N = Z*Z (P(1-P))/ D*D, onde N= tamanho da amostra, Z= 1,96 para erro alfa de 0,05 e intervalo de confiança (IC) de 95%. P= proporção esperada D= semi amplitude do intervalo de confiança.

Resultados - Parciais ou Finais

Observou-se prevalência de 58% de corrimento vaginal, 32,3% de vaginose bacteriana, 61,3% de candidíase vaginal, 9,8% de tricomoníase e 7,8% de cervicite. A associação de infecções foi observada em 21,6% das gestantes. Observou-se baixa sensibilidade, VPP e RVP do fluxograma e constatou-se que o índice de Youden foi fraco para cervicite, independentemente de se empregar o fluxograma em todas as gestantes ou só naquelas que de fato apresentavam corrimento vaginal. Quanto à tricomoníase, o fluxograma de corrimento vaginal mostrou-se com especificidade, VPP e RVP baixos e índice de Youden sofrível ou fraco quando, respectivamente, se emprega o ramo do fluxograma que adota apenas o critério do corrimento vaginal presente e quando se associa esta constatação ao teste das aminas positivo. A sensibilidade mostrou-se menor quando se empregam dois critérios. A validação do fluxograma de corrimento vaginal para a VB mostrou-se com valores aceitáveis de sensibilidade, especificidade, VPP, VPN, RVP, RVN, acurácia e índice de Youden, quando se emprega o critério da associação do corrimento vaginal presente com o teste das aminas positivo, mas especificidades VPP e RVP baixos, e índice de Youden fraco quando se adota apenas o corrimento vaginal presente como diagnóstico. Para a candidíase o fluxograma de corrimento vaginal ao adotar o ramo que não incorpora recursos laboratoriais mostrou-se com baixa sensibilidade e RVP, e índice de Youden sofrível, apesar da acurácia, especificidade, VPP e VPN terem revelado valores aceitáveis.
Palavras-Chave: 
Candidíase. Tratamento. Vulvovaginite. Diagnóstico. Neisseria gonorrhoeae. Richomonas vaginalis. DST. Vaginose bacteriana. Candidíase vulvovaginal.

Divulgação e/ou Publicações

MENEZES, M.L.B. Freqüência de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Validação do Fluxograma de Corrimento Vaginal em gestantes do Cisam. Tese (Doutorado em Tocoginecologia) - Universidade Estadual de Campinas, 2003.

__. Prevalência de Infecções Cervico-vaginais e Validação do Fluxograma de Corrimento Vaginal em Gestantes. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA, 50., 2003, Recife. Proceedings... Recife: Febrasgo e Sogope, 2003.

MENEZES, M.L.B.; FAUNDES, A.E. Validação do Fluxograma de Corrimento Vaginal em Gestantes. Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Rio de Janeiro, v.16, n.1, p.38-44, 2004.