Estudo multicêntrico da OMS – II, Brasil. Segunda fase – Inquérito epidemiológico (Survey) – risco de infecção pelo HIV e hepatites virais entre usuários de drogas e transição de vias de uso da cocaína.

Edital/Chamamento: 
Estratégico
Número do Projeto: 
211/1999

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Francisco Inácio Pinkusfeld Monteiro Bastos

Instituição

Instituição: 
Fundação Oswaldo Cruz.
Parcerias institucionais: 
Organização Mundial da Saúde – OMS; CNPq e FAPERJ.
Período de Vigência: 
1999 - 2000
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

Inquérito epidemiológico acerca dos comportamentos de risco de Usuários de Drogas Injetáveis – UDI, em face da infecção pelo HIV e respectivas taxas de infecção. Ampliação das perspectivas de comparações diacrônicas (entre diferentes momentos da “cena” de uso e da epidemia) e permissão de estudar, de forma preliminar, por se tratar de estudo seccional, a intensidade e a natureza do fenômeno de transição entre diferentes vias de consumo, a ser complementado por análises longitudinais. Permite-se também avaliar novos fatores de risco para o HIV, hepatites virais e HTLV, subsidiando as intervenções preventivas.

Objetivos

Avaliar comportamentos de risco e taxas de infecção pelo HIV e outros patógenos de transmissão sangüínea e/ou sexual entre UDI, ex-UDI e usuários sem história de uso de injetável, na região metropolitana do Rio de Janeiro; Mensurar, para a população do estudo, conhecimentos, atitudes e práticas associados à infecção pelo HIV e outros patógenos de transmissão parenteral e/ou sexual. Inserir o Brasil em um Estudo Multicêntrico, que compara dados referentes a 13 cidades do mundo.

Materiais e Método

Dados coletados na região metropolitana do Rio de Janeiro, contemplando uma amostra mínima de 400 entrevistas, amplamente ultrapassada no estudo efetivo, que recrutou mais de 600 entrevistados. Aplicação de instrumento padronizado, elaborado pela Coordenação internacional do estudo (Nova York), devidamente traduzido e adaptado ao contexto brasileiro, além de abreviado (por decisão consensual da equipe do Rio de Janeiro e a partir de dois pequenos estudos piloto). Após entrevista de aconselhamento, convite a todos os participantes a terem amostras de sangue coletadas, para testes sorológicos quanto à presença do HIV (ELISA e Western Blot); hepatites B (antiHBC, HbsAg, AntiHBs), C, delta/D, além de HTLV I/II (ELISA), analisadas pela Fundação Oswaldo Cruz. Procedimentos de biologia molecular, não incluídos no protocolo base da OMS, decididos de comum acordo entre os laboratórios de referência da Fiocruz e o investigador principal. Resultados laboratoriais entregues em caráter individual e confidencial, durante sessão de aconselhamento pós-teste.

Resultados - Parciais ou Finais

Chama a atenção o expressivo declínio das taxas de infecção, para o conjunto de patógenos sob análise, com especial relevância do declínio da prevalência da infecção pelo HCV, agente da hepatite viral do tipo C (e marcador biológico de exposição parenteral) e da baixa incidência estimada para a infecção pelo HIV (por meio da utilização do algoritmo de testagem STAHRS, combinando testes sorológicos habituais e menos sensíveis), além da baixa prevalência da infecção pelo HIV. O declínio observado, em relação aos achados anteriores, na mesma localidade, e dizendo respeito à mesma população, sugere uma combinação de saturação deste segmento populacional; mudança espontânea de comportamento, no sentido de comportamentos de menor risco; e reflexos positivos da atuação dos programas preventivos. As mudanças comportamentais disseram respeito, especialmente, a uma redução substancial da freqüência de injeção de cocaína, especialmente entre os UDI mais jovens/com menor tempo de uso, o que fala a favor de uma oportunidade ótima de intensificar as ações de prevenção, incorporando novas estratégias, como a vacinação para a hepatite B.
Palavras-Chave: 
Usuários de drogas injetáveis. UDI. Cocaína. Brasil. Epidemias declinantes. HIV/AIDS. Hepatites virais.

Divulgação e/ou Publicações

BASTOS, F.I. et al. A. Is human immunodeficiency virus/acquired immunodeficiency syndrome decreasing among Brazilian injection drug users? Recent findings and how to interpret them. Mem Inst Oswaldo Cruz, v.100, n.1, p.91-96, Feb. 2005 [Review].

BASTOS, F.I.; TELLES, P.R.; HACKER, M. Uma década de pesquisas sobre usuários de drogas injetáveis & HIV/AIDS no Rio de Janeiro. Parte I: “Rumo a uma epidemia sob controle?”. In: BRASIL. A contribuição dos estudos multicêntricos frente à epidemia de HIV/aids entre UDI no Brasil (Série Avaliação 8), p.49-78. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Disponível em: http://www.aids.gov.br/avalia8/index.htm. Acesso em: 26 abr. 2006.

HACKER, M.A. et al. The role of “longterm” and “new” injectors in a declining HIV/AIDS epidemic in Rio de Janeiro, Brazil. Subst Use Misuse, v.40, n.1, p.99-123, 2005.

TEIXEIRA, S.L. et al. HIV-1 infection among injection and exinjection drug users from Rio de Janeiro, Brazil: prevalence, estimated incidence and genetic diversity. J Clin Virol, v.31, n.3, p.221-226, Nov. 2004.

TELLES, P.R. et al. Uma década de pesquisas sobre usuários de drogas injetáveis & HIV/AIDS no Rio de Janeiro. Parte II: “Uma agenda para a ação, a experiência carioca”. In: BRASIL. A contribuição dos estudos multicêntricos frente à epidemia de HIV/aids entre UDI no Brasil (Série Avaliação 8), p.79-94. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Disponível em: http://www.aids.gov.br/avalia8/index.htm. Acesso em: 26 abr. 2006.