Orientação farmacêutica em DST em drogarias do Distrito Federal: um estudo experimental controlado de intervenção.

Edital/Chamamento: 
Pesquisas Científicas - Abr/2002
Número do Projeto: 
204/2004

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Janeth de Oliveira Silva Naves

Instituição

Instituição: 
Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico na Área de Saúde.
Parcerias institucionais: 
UnB – Pós-graduação em Ciências da Saúde; Gerência de DST/Aids da Secretaria de Estado de Saúde do DF; Conselho Federal de Farmácia.
Período de Vigência: 
2005 - 2006
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

As DST constituem um grave problema de saúde pública e, segundo estimativas da OMS, muitos portadores não buscam tratamento em serviços de saúde. Os farmacêuticos são numerosos e se constituem nos profissionais de saúde mais acessíveis para o público em geral. Em todo o mundo, a farmácia comunitária é um importante local de busca por atendimento primário em saúde, inclusive para problemas complexos de saúde, como as DST. Portanto, esses estabelecimentos devem ser considerados como importantes locais de intervenção para o estabelecimento de parcerias que objetivam o controle e a prevenção de doenças.

Objetivos

Conhecer as motivações que levam os usuários de medicamentos a buscar as drogarias, em primeiro lugar, e não os serviços de saúde, para solucionar problemas de saúde como as DST; Descrever e discutir as práticas dos trabalhadores de farmácias diante de um possível portador de DST; Conhecer as características dos trabalhadores das farmácias, sua forma de remuneração e os treinamentos mais freqüentes que recebem; Avaliar o grau de conhecimento dos balconistas com relação à DST e anti-bioticoterapia em drogarias da rede privada. Implementar medidas educativas em DST/aids para balconistas das drogarias em estudo e avaliar a efetividade dessa intervenção; Promover a melhoria da qualidade do atendimento das farmácias em relação às demandas de DST em Brasília e Taguatinga.

Materiais e Método

Estudo de intervenção em amostra aleatória sistemática de 70 farmácias de Brasília e Taguatinga, distribuídas em grupo de intervenção e controle. Utilizou-se o método do cliente simulado, no qual 20 estudantes de farmácia da UnB e UCB, simulando sintomas de DST, visitaram as farmácias para identificar e descrever as práticas dos trabalhadores das farmácias, antes e depois de uma intervenção educativa. Cada farmácia foi visitada por três pesquisadores diferentes. Realizar a aplicação de questionário aos balconistas e farmacêuticos para conhecer as suas características e avaliar o grau de conhecimento dos trabalhadores das farmácias sobre DST; identificar os treinamentos mais freqüentes que recebem e a composição dos seus salários. Foi elaborado material educativo, em parceria com o Conselho Federal de Farmácia e a realização de intervenção educativa sobre DST, em parceria com a Gerência de DST/Aids da SES-DF, para os trabalhado-res das farmácias do grupo de estudo. A intervenção educativa compreendeu um ciclo de palestras, abordando os conhecimentos importantes em aconselhamento, transmissão, epidemiologia e prevenção das DST; antibioticoterapia e resistência bacteriana; legislação vigente e responsabilidade social do farmacêutico e do balconista; estrutura da SES com relação ao atendimento de DST. Foram elaborados e distribuídos às farmácias materiais didáticos informativos, para divulgação de conhecimentos e orientações importantes em DST. Para auxiliar no desenho inicial da pesquisa, foram realizados três Grupos Focais com pacientes do Hospital Dia, da Asa Sul, para verificar a prática de auto-medicação e tratamento de DST em farmácias da rede privada.

Resultados - Parciais ou Finais

Os Grupos Focais revelaram que a busca de tratamento para DST nas farmácias é freqüente, bem como a indicação de medicamentos pelos trabalhadores das farmácias. O principal motivo apontado para essa busca é a insatisfação com a qualidade dos serviços de saúde, a demora, a baixa resolutividade e a baixa qualidade do atendimento médico no SUS, classificado como superficial e desumano. As comissões sobre as vendas representam uma proporção significativa dos salários, e é freqüente a prática de treinamentos oferecidos pela indústria farmacêutica a esses trabalhadores. No grupo de intervenção, 74,1% das visitas de cliente simulado resultaram em indicação de medicamentos antes e 73,1% depois da intervenção. No grupo controle, foram 70,2% antes e 75,3% depois. No total da amostra, 79,6% dos atendimentos feitos por balconistas resultaram em indicação de medicamentos, ao passo que 36,4% dos atendimentos feitos por farmacêuticos também resultaram em indicação. A freqüência de recomendação para o tratamento de parceiros sexuais apareceu em 4,7% dos atendimentos. Foi recomendado o uso de preservativos em 9,4% das visitas. O encaminhamento para o médico ocorreu em 32,1% dos atendimentos. Os farmacêuticos recomendaram a procura de um serviço de saúde cerca de 6 vezes mais do que os balconistas.
Palavras-Chave: 
Orientação farmacêutica. Doenças sexualmente transmissíveis. Prevenção. Farmácia. Farmacêutico.

Divulgação e/ou Publicações

NAVES, J.O.S. Guides to help community pharmacists in HIV/AIDS counseling. In: WORLD CONGRESS OF PHARMACIST AND PHARMACEUTICAL SCIENCES. CONGRESS OF FIP, 65., 2005, Cairo.

__. Orientação farmacêutica para DST nas farmácias do DF: um estudo de intervenção. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE PAULISTA DE SAÚDE PÚBLICA, 2005, Santos.

__. Orientação farmacêutica para DST: uma proposta de sistematização. Revista Ciência e Saúde Coletiva – Abrasco. Artigo aprovado em 2005, com a data de publicação/volume a serem confirmados.