Estudo sobre o atendimento ao paciente com aids nas emergências hospitalares do SUS no município do Rio de Janeiro.

Edital/Chamamento: 
Estratégico
Número do Projeto: 
120/1999

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Ezio Távora dos Santos Filho

Instituição

Instituição: 
Grupo Pela Vidda – Rio de Janeiro.
Parcerias institucionais: 
Fiocruz/RJ; Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro; Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.
Período de Vigência: 
1999 - 2000
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

O projeto teve por objetivo traçar um diagnóstico das dificuldades que os setores de emergência dos hospitais da Rede Pública de Saúde no Município apresentavam para dar atendimento e encaminhamento adequados às pessoas com sintomas relativos à infecção pelo HIV, bem como verificar os obstáculos enfrentados pelas pessoas que se identificavam como doentes de aids para receber tratamento de emergência. Pretendia-se subsidiar estratégias adequadas a serem implantadas nesses setores para um melhor atendimento, visando futuras intervenções. O projeto foi inspirado nas queixas dos clientes e voluntários do Projeto Rio Buddy ao levarem seus clientes (pessoas vivendo com aids) com intercorrências. A pesquisa foi feita em nove emergências de hospitais municipais, estaduais e federais na cidade do Rio de Janeiro.

Objetivos

Realizar uma análise qualitativa do atendimento às pessoas vivendo com HIV e aids nos setores de emergência dos hospitais do SUS no Município do Rio de Janeiro, visando subsidiar a elaboração de novas propostas de estratégias e futuras intervenções, tais como aperfeiçoamento dos procedimentos e a atualização de profissionais de saúde relativamente ao atendimento dessa população específica.

Materiais e Método

O estudo foi baseado nos princípios da Pesquisa Estratégica proposta por Bulmer, que, segundo Minayo (1992), se volta para problemas da realidade e, ainda que não vise necessariamente soluções práticas, lança luz sobre seus aspectos para que se tenha um melhor conhecimento e que se possam avaliar políticas. A análise, de caráter qualitativo,focalizou a realidade do atendimento da emergência hospitalar, procurando caracterizar como ocorre o seu processo, identificar seus limites de atuação e configurar as dificuldades e as possibilidades para um atendimento adequado. Com base no princípio de amostra de pesquisa qualitativa e em critérios de distribuição geográfica, tais como perfil das unidades de saúde (atendimento a clientelas distintas e oferta de diferentes serviços), e administração (federal, estadual ou municipal, com serviços terceirizados ou não), foram selecionadas nove unidades de saúde com emergências para a aplicação, por seis diferentes pesquisadores, de entrevistas semi-estruturadas, por meio de roteiro, e observação de dois plantões de emergência de cada unidade, com consulta a prontuários e outros documentos administrativos. Foram entrevistados gestores e/ou administradores, plantonistas, responsáveis de setor e pacientes em todas as unidades.

Resultados - Parciais ou Finais

As informações fornecidas pelos entrevistados, bem como as observações dos pesquisadores geraram dados em três eixos temáticos: “Destacando aspectos do cenário da emergência”; “Mantendo distância dos portadores de HIV/aids”; “Buscando uma saída para a abordagem de HIV/aids na emergência”. Os dados apontam que as emergências não estão necessariamente estruturadas para atender ao grau de complexidade a que se propõe trazer uma resolutividade. Além disso, foi observada falta de profissionais em quase todas as unidades, servidores que não cumprem integralmente sua carga horária alegando insatisfação, condições de trabalho e nível salarial. Em todas as unidades foram verificadas práticas que promovem a subnotificação, principalmente pelo não reconhecimento, em muitos casos feito de forma deliberada, da sorologia ou da indicação pelo quadro clínico apresentado pelo paciente. Mais de 80% dos profissionais de saúde entrevistados disseram já ter passado por pelo menos um treinamento sobre HIV/aids. A maioria dos profissionais de saúde alegou conhecer os sintomas das doenças correlatas, mas muitos consideram não ser a emergência o espaço adequado para atendimento dessa população. Indica-se contínuo treinamento e sensibilização dos profissionais para o tema.
Palavras-Chave: 
HIV/aids. Projeto Rio Buddy. Emergências. Atendimento em HIV/aids. Assistência. SUS.

Divulgação e/ou Publicações

Elaboração de estratégias de monitoramento dos serviços públicos de saúde por voluntários dos Projetos Buddy (acompanhamento domiciliar gratuito, de base voluntária), particularmente dentro da Rede Buddy Brasil, pelo Grupo Pela Vidda/RJ e pelo Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual.

SANTOS FILHO, E.T. Apresentação de dados preliminares dos resultados da pesquisa durante discussão em mesa redonda sobre assistência comunitária. In: LA CONFÉRENCE INTERNATIONALE SUR LA PRISE EN CHARGE EXTRAHOSPITALIÈRE ET COMMUNAUTAIRE DES PERSONNES VIVANT AVEC LE VIH/SIDA, 4., 1999, Paris; SANTOS FILHO, E.T. et al. A qualitative study on care for PWAs in emergencies revealing demand for a new epidemiological surveillance strategy in Brazil. In: INTERNATIONAL AIDS CONFERENCE, 13., 2001, Durban (RSA). Proceedings... Durban: International AIDS Society, 2001. v.1, p.423. Abstract TuPeC3445.

__. Um estudo qualitativo sobre o atendimento aos pacientes com aids nas emergências dos hospitais da rede do SUS na Cidade do Rio de Janeiro suscitando uma nova estratégia de vigilância epidemiológica no Brasil. In: FÓRUM 2000 - FÓRUM E CONFERÊNCIA DE COOPERAÇÃO TÉCNICA HORIZONTAL DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE EM HIV/AIDS E DST, 1./2., 2000, Rio de Janeiro. Proceedings... Brasília: Ministério da Saúde, 2000. v.1, p.40.