Busca ativa da co-infecção Leishmania/HIV em pacientes portadores do HIV em Belo Horizonte/MG.

Edital/Chamamento: 
Estratégico
Número do Projeto: 
085/2002

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Ana Lúcia Teles Rabello

Instituição

Instituição: 
Fundep – Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa.
Parcerias institucionais: 
Fiocruz e CNPq.
Período de Vigência: 
2002 - 2003
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

Para estudar a ocorrência de infecção por Leishmania spp. em portadores de HIV, atendidos em centros de referência de Minas Gerais, foram avaliados 381 pacientes atendidos em três centros de referência: Hospital das Clínicas e Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, e Hospital Universitário de Montes Claros. Foram realizados: Reação de Imunofluorescência Indireta – Rifi – com antígeno solúvel de L.amazonensis (5%de positivos); ELISA com antígeno solúvel de L. chagasi (17% positivos) e com antígeno recombinante K39 (0,8% de positivos); e detecção de DNA de Leishmania spp., por meio da reação em cadeia da polimerasePCR (7% de positivos). Dados epidemiológicos, demográficos, clínicos e laboratoriais de cada paciente foram obtidos dos prontuários médicos. Três critérios definiram os fatores de risco para a infecção: positividade de pelo menos um dos exames realizados; presença de anticorpos; e presença de DNA de Leishmania spp. Usando análise multivariada em relação aos três critérios adotados, ser classificado com aids, de acordo com o CDC, foi a única variável que permaneceu associada com odds ratio de 2,4 para o critério 1, odds ratio de 4,3 para o critério 2 e odds ratio de 7,4 para o terceiro critério. Entre os pacientes com exames inicialmente positivos para infecção por Leishmania spp., reavaliados após 9 a 20 meses, não se observou o aparecimento de sinais ou sintomas sugestivos de Leishmaniose e todos os exames, incluindo-se a reação de Montenegro, tornaram-se negativos. Os achados sugerem que a terapêutica anti-retroviral pode ser efetiva para impedir o desenvolvimento de Leishmaniose em pacientes portadores de HIV/aids.

Objetivos

Avaliar a ocorrência de co-infecção Leishmania/HIV em pacientes portadores de HIV, em Belo Horizonte-MG, por meio de busca ativa de casos, utilizando métodos não-invasivos de diagnóstico da Leishmaniose visceral; Determinar a freqüência da infecção por Leishmania spp. em indivíduos infectados pelo HIV em Centro de Referência para HIV em Belo Horizonte; Descrever características epidemiológicas e clínicas da co-infecção nos pacientes co-infectados; Avaliar evolução clínica e resposta terapêutica ao tratamento convencional da Leishmaniose visceral, associado à terapêutica anti-retroviral.

Materiais e Método

Foram incluídos no estudo pacientes adultos (idade superior a 15 anos) infectados pelo HIV. Foram avaliados 381 pacientes, sendo 198 do Hospital das Clínicas e 66 do Hospital Eduardo de Menezes, ambos em Belo Horizonte e 117 em Montes Claros. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das instituições envolvidas. Os indicadores laboratoriais de presença da infecção por Leishmania/HIV são: imunofluorescência com antígeno solúvel de L. amazonensis; ELISA com antígeno solúvel de L. chagasi; ELISA com o antígeno recombinante K39 e detecção de DNA de Leishmania spp. Por meio da reação em cadeia da polimerase. Para a identificação dos fatores de risco para a infecção, foi necessário definir três critérios de infecção: foram incluídos indivíduos com positividade em pelo menos um dos exames realizados; incluíram-se os indivíduos com exames positivos para a detecção de anticorpos (detecção de anticorpos séricos utilizando imunofluorescência com antígeno solúvel de L. amazonensis; ELISA com antígeno solúvel de L. chagasi e com antígeno recombinante K39); e presença de DNA de Leishmania spp., por meio da PCR. Os dados epidemiológicos, demográficos, clínicos e laboratoriais dos pacientes foram obtidos a partir da análise dos prontuários médicos.

Resultados - Parciais ou Finais

A busca de infecção por Leishmania spp em pacientes infectados pelo HIV em Centros de Referência de Belo Horizonte e Montes Claros revelou positividade de 7% para a detecção de DNA em sangue periférico, pela reação em cadeia da polimerase, 17% de positividade da detecção de anticorpos, pela técnica de ELISA com antígeno L. chagasi, 5% para a técnica de Rifi e 0,8% pela técnica de ELISA, utilizando-se antígeno rK39, sendo que, entre as variáveis demográficas, laboratoriais e clínicas, a única que permaneceu constante e independentemente associada à infecção por Leishmania spp. foi a definição de aids (p = 0,000). Entre os pacientes com exames inicialmente positivos para infecção por Leishmania spp. e reavaliados entre 9 e 20 meses, não se observou sinais ou sintomas de Leishmanioses, sugerindo que a terapia anti-retroviral combinada pode ter papel protetor à evolução para a doença em pacientes portadores de HIV/aids.
Palavras-Chave: 
Leishmaniose visceral. HIV. Co-infecção Leishmania. HIV.

Divulgação e/ou Publicações

ORSINI, M.; RABELLO A. Identificação de parasitos em hemocultura de paciente portador de co-infecção Leishmania spp/HIV, forma cutânea. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL, 36., 2000, São Luís.

ORSINI, M. et al. Co-infecção Lehsmania – HIV: Busca ativa em pacientes infectados pelo vírus HIV. In: REUNIÃO ANUAL DE PESQUISA APLICADA EM DOENÇA DE CHAGAS, REUNIÃO ANUAL DE PESQUISA APLICADA EM LEISHMANIOSES, 17./5., 2001, Uberaba.

ORSINI, M. et al. Identification of Leishmania chagasi from skin in Leishmania/HIVco-infection: a case report. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Brasil, v.35, n.2, p.259-262, 2002.

RABELLO, A.; ANDRADE, M.O.; DISCH, J. Co-infecção Leishmania/HIV. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Brasil, n.31, sup.3, p.81-91, 1998.

RABELLO, A.; ORSINI, M.; DISCH, J. Leishmania/HIV co-infection in Brazil: an appraisal. Annals of Trop. Med. & Parasitology, suppl.1, p.S17-S28, 2002.