Estudo multicêntrico de HIV e hepatites entre usuários de drogas injetáveis – Fase II. Protocolo de rápido acesso e estudo epidemiológico. Análise de transição no padrão de uso de drogas.

Edital/Chamamento: 
Estratégico
Número do Projeto: 
202/1999

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Fábio Caldas de Mesquita

Instituição

Instituição: 
Iepas – Instituto de Estudos e Pesquisas em Aids de Santos.
Parcerias institucionais: 
Organização Mundial da Saúde; University of California Berkeley; Secretaria Municipal de Saúde de São Vicente.
Período de Vigência: 
1999 - 2000
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

O presente projeto foi desdobramento da Fase I do Estudo Multicêntrico da OMS de HIV e outras doenças de transmissão parental entre usuários de drogas injetáveis, desenvolvido em fase de campo em 1991/1992. Nesta parte (II), foi desenvolvido um novo Estudo Epidemiológico Seccional, que se tornou comparável a outros cortes seccionais no Brasil (Fase I: 91/92) e Projeto Brasil (95 e 96), além da comparação com Salvador e Rio de Janeiro que também participaram desta parte do Estudo. Os dados finais foram comparados aos dados de 21 cidades do mundo, dentro da Fase II do Projeto da OMS.

Objetivos

Determinar os comportamentos de risco e as taxas de infecção pelo HIV e hepatites B e C entre usuários de drogas injetáveis, ex-UDI e usuários de drogas sem história de uso injetável, assim como outras conseqüências adversas para a saúde do uso de drogas, na Região Metropolitana da Baixada Santista.

Materiais e Método

Dados coletados na Região Metropolitana de Santos, perfazendo o total de 400 entrevistas: 108 usuários de drogas injetáveis (utilizando via injetável nos últimos seis meses); 100 ex-injetáveis (não tendo utilizado via injetável nos últimos seis meses) e 192 que usam outras drogas que possam vir a ser injetadas. A análise dos dados foi realizada pela Universidade da Califórnia Berkeley e os exames laboratoriais foram realizados no Laboratório Central da Secretaria Municipal de São Vicente, seguindo o padrão estabelecido no protocolo original da OMS. Aplicação de instrumento padronizado a todos os entrevistados, elaborado pela Coordenação internacional do estudo (Nova York), devidamente traduzido e adaptado, contendo seções sobre: dados sociodemográficos; informações sobre saúde; conhecimentos acerca de DST/aids; consumo de álcool e outras drogas; práticas sexuais e uso de preservativos. Convite a todos os participantes, após entrevista de aconselhamento, a terem amostras de sangue coletadas, a fim de serem testados quanto à presença do HIV (ELISA); hepatites B (HBC, antiHBsAg), HCV (anticorpos antiHCV – segunda geração) e HTLV (ELISA); os dois últimos exames realizados pela FIOCRUZ (do Rio de Janeiro e de Salvador) tendo como laboratório de referência o Laboratório da Patologia da Facudade de Medicina da USP.

Resultados - Parciais ou Finais

O estudo aqui apresentado foi analisado em comparação com outros dois cortes seccionais (fase I OMS e Projeto Brasil) no tocante aos UDIs. Os UDIs apresentaram-se como sendo 79% homens; 63% entre 25 e 40 anos de idade; 89% com no máximo 9 anos de educação formal; e somente 14% com emprego formal. Em 95% a droga de uso injetável principal foi cocaína. O compartilhamento de seringas era de 24%, e esse foi o dado de maior mudança. Houve ainda uma diminuição da freqüência de uso de drogas. Nos fatores de risco associados ao consumo de drogas houve melhora do padrão de comportamento atribuído a dois fatores principais: o sucesso das estratégias de redução de danos e a mudança do padrão de consumo de drogas provocada – na época do estudo – ao aumento do consumo de crack. Não houve mudança no comportamento sexual em uma década de estudos, colocando para os projetos de redução de danos (PRDs) o desafio de também promover sexo seguro. As taxas de soroprevalência do HIV caíram em uma década de 63% (91) 65% (95) para 42% (1999 – presente estudo). A queda consistente com a diminuição do comportamento de risco foi também biologicamente consistente com a queda de soroprevalência de hepatite C, respectivamente, de 75% (91); 77% (95) para 44% (1999).
Palavras-Chave: 
UDI. IDU. HIV. Aids. HIV/AIDS among IDUs. HIV/AIDS entre usuários de drogas injetáveis. Drogas injetáveis.

Divulgação e/ou Publicações

JARLAIS, D.D. et al. Longterm trends in three high HIV soroprevalence epidemics: IDUs in Bangkok, Thailand: New York City, USA and Santos, Brazil. In: INTERNATIONAL AIDS CONFERENCE, 13., 2000, Durban.

MESQUITA, F.C. Aids entre usuários de drogas injetáveis na última década do Século XX, na Região Metropolitana de Santos; Estado de São Paulo – Brasil. Tese (Doutorado) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 2001.

MESQUITA, F.C. et al. Overdoses among cocaine drug users in Brazil. Addiction, Inglaterra, v.96, n.12, p.1809-1813, 2001.

__. Trends of HIV infection among injecting drug users in Brazil in the 1990´s – The impact of changes in patterns of drug use. Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes and Human Retrovirology (Jaids), Estados Unidos, v.28, n.3, p.298-302, 2001.