Comportamento de risco de mulheres usuárias de crack em relação às DST/Aids.

Edital/Chamamento: 
Estratégico
Número do Projeto: 
007/2000

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Solange Aparecida Nappo

Instituição

Instituição: 
Universidade Federal de São Paulo-Unifesp; Escola Paulista de Medicina-EPM; Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – Cebrid; Associação Fundo de Incentivo à Psicofarmacologia.
Parcerias institucionais: 
CRT/AIDS da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo; Prosan – Associação Pró­Saúde Mental; Programa Municipal de DST/AIDS de São José do Rio Preto.
Período de Vigência: 
2000 - 2002
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

Por meio de metodologia quantitativa e qualitativa, este estudo investigou a possível relação entre o uso de crack e o desenvolvimento de comportamentos de risco para o contágio de DST/HIV/aids, assim como buscou detectar as principais motivações para a adoção de práticas inseguras por parte das dependentes, objetivando, dessa forma, gerar subsídios para as ações de prevenção destinadas a essa população. As usuárias de crack, em função da compulsão pela droga, vendiam o corpo por droga ou por dinheiro para comprá­la. Chegavam a 9 programas por noite com parceiros diferentes. Por estarem sob “fissura”, perdiam o poder de negociação com o cliente e se sujeitavam a práticas onde as regras básicas para um sexo seguro não eram colocadas em prática, tornando-as uma população de alto risco em relação às DST/aids.

Objetivos

Verificar possíveis interações entre o uso de crack, práticas inseguras e a infecção pelo HIV e outras DST; Detectar a prevalência de HIV, sífilis e hepatites B e C junto a usuários de crack; Detectar a vulnerabilidade de usuários de crack à infecção pelo HIV; Detectar as principais motivações a práticas inseguras em relação ao HIV/DST/aids, oferecendo subsídios para a adoção de medidas preventivas a essa população.

Materiais e Método

A metodologia é composta de duas partes. A primeira trata-se de investigação de caráter qualitativo, com o propósito de entender como se processa o fenômeno a partir da visão dos usuários a respeito do mesmo, assim como identificar todas as situações que propiciam o eventual comportamento de risco em relação às DST/aids. Foi feita uma amostra composta de 80 mulheres usuárias e ex-usuárias de crack. A segunda investigação, com caráter quantitativo, que tem como objetivo principal dimensionar o problema do ponto de vista de prevalência, além da obtenção de dados sociodemográfico e comportamentais e de estudo sorológico para HIV, sífilis e hepatites B e C comparada a uma amostra de usuários de cocaína aspirada com as mesmas características. Amostra composta de 102 voluntários, sendo 60 usuários de crack e 42 usuários de cocaína aspirada.

Resultados - Parciais ou Finais

Qualitativos: mulheres usuárias de crack utilizam a venda do corpo para conseguir a droga ou dinheiro para comprá­la. São incentivadas a se prostituir tanto pelos traficantes (que as consideram boas pagadoras) como pelos parceiros (que acreditam que a forma de elas obterem dinheiro tem “menos” risco). A busca de “cliente” ocorre sob o efeito da droga, o que faz com que percam o poder de negociação, realizando o ato sexual por uma quantia irrisória e as obrigando a vários programas por noite. As regras para a prática de sexo seguro não são colocadas em prática, seja pela total incapacidade de exigirem o uso de preservativo por parte do cliente ou pela negativa deste em usá-­lo. As mulheres engravidam nesses programas sexuais, gerando uma prole indesejável, e que é abandonada. Por não serem prostitutas clássicas e, dessa forma, não terem intimidade com a profissão, sofrem toda sorte de violência. O cachimbo caseiro que confeccionam não as protege do calor necessário para o crack sublimar, fazendo com que os lábios sofram queimaduras que mais tarde transformam-se em feridas, expondo-as a risco na realização de sexo oral. O preconceito sobre essas mulheres as acaba afastando de qualquer possibilidade de reintegração social.
Palavras-Chave: 
Crack. DST. Aids. Sexo inseguro. Prostituição. Droga. Mulheres e crack.

Divulgação e/ou Publicações

Comportamento de risco de mulheres usuárias de crack em relação às DST/AIDS, Cebrid, 2004.