Estudo epidemiológico sobre a prevalência da infecção por sífilis, HIV, hepatites virais B e C e dos fatores comportamentais associados em conscritos das Forças Armadas, 2014 - 8ª Edição.

Edital/Chamamento: 
Processos Licitatórios 223/2013 - UNESCO
Número do Projeto: 
NA

Pesquisador(es)

Pesquisador(es) Responsável(eis): 
Rosa Dea Sperhacke

Instituição

Instituição: 
Laboratório de Pesquisa em HIV/AIDS (LPHA) - Área do Conhecimento de Ciências da Vida; Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Parcerias institucionais: 
Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais; Secretaria de Vigilância em Saúde; Ministério da Saúde; Ministério da Defesa; Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT); Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Período de Vigência: 
2015-2017
Situação: 
Concluída

Introdução e Justificativa

O Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais e o Ministério da Defesa, por intermédio das Forças Armadas, vem trabalhando em cooperação técnica desde o ano de 1996 na condução de pesquisas de amostra probabilísticas periódicas e anônimas para determinar a prevalência de infecções sexualmente transmissíveis (IST), os comportamentos sexuais e de risco entre conscritos das Forças Armadas. Os dados dessas pesquisas são empregados para o monitoramento epidemiológico das ISTs em homens jovens e são aplicados como proxy para estimar a prevalência de ISTs entre adultos na população em geral.

Objetivos

Estimar a soroprevalência de sífilis, do HIV e das hepatites virais B e C, por macrorregião geográfica do País, analisando as variáveis socioeconômicas e epidemiológicas; avaliar o nível de conhecimento dos conscritos sobre a transmissão do HIV, das hepatites virais B e C e de outras IST e avaliar o comportamento dos conscritos em relação ao risco de transmissão da sífilis, do HIV e das hepatites virais B e C.

Materiais e Método

Trata-se de um estudo soroepidemiológico de corte transversal, o qual foi constituído de jovens do sexo masculino de 17 a 22 anos de idade que se apresentaram às Comissões de Seleção do Serviço Militar Obrigatório entre os meses de agosto a dezembro de 2016. O estudo incluiu um questionário de autopreenchimento e coleta de sangue para a realização de ensaios laboratoriais para o diagnóstico da infecção pelo HIV, sífilis e hepatites virais B e C.

Resultados - Parciais ou Finais

Foram analisados dados de 37.282 conscritos. A média de idade dos participantes foi 18 anos (DP: 0,8); 98,2% eram solteiros, 93,6% moravam com os pais ou parentes e 73,7% afirmaram ser sexualmente ativos. Em relação à educação, 93,5% completaram o Ensino Fundamental, 50,7% completaram o Ensino Médio e 67,0% relataram estar estudando. Quanto à raça/cor da pele autodeclarada, observou-se um predomínio da cor parda (42,6%), seguida da branca (36,0%) e preta (15,7%). Um total de 95,4% tinha televisão em casa, 93,9%, geladeira, e 90,5%, telefone celular. A distribuição dos conscritos nas diferentes macrorregiões foi similar à distribuição populacional brasileira, sendo que as regiões Sudeste e Nordeste contribuíram com a maior quantidade de conscritos para o estudo (38,9% e 30,0%), respectivamente, seguido pela região Sul (13,9%), Norte (9,7%) e Centro-Oeste (7,5%). Em relação ao comportamento sexual, 32,2% tiveram a primeira relação sexual antes dos 15 anos de idade, 20,4% relataram mais de 10 parceiros sexuais na vida e 14,2% tiveram mais de cinco parceiros eventuais no último ano. A taxa de utilização de preservativo na última relação sexual foi de 60,7%, enquanto o uso na primeira relação sexual foi relatado por 73,8% dos conscritos. A prevalência estimada para a infecção pelo HIV, sífilis na vida, sífilis, hepatite B e hepatite C em todo o país, foram de 0,12%, 1,63%, 1,09%, 0,22% e 0,28%, respectivamente. A proporção de conscritos que relataram ter sexo com outros homens (HSH) foi de 4,4%, e a prevalência estimada da infecção pelo HIV nesta população foi de 1,32%, enquanto a prevalência de sífilis na vida foi de 5,22% e sífilis ativa, 4,59%. A população de HSH apresentou 13,3 vezes mais chances de contrair HIV do que a população não HSH.
Conclusões: 
A realização de estudos com conscritos das Forças Armadas constitui oportunidades únicas para analisar o comportamento dos jovens do sexo masculino, já que a apresentação ao serviço militar é obrigação legal do jovem ao completar 18 anos de idade. A inclusão contínua de questões sobre práticas sexuais de risco permite, por outro lado, avaliar as ações de prevenção e controle. Os dados encontrados corroboram com a necessidade de ampliar a combinação de intervenções de prevenção do HIV e das outras IST para homens jovens no Brasil.
Palavras-Chave: 
HIV. Sífilis. Hepatite B. Hepatite C. Prevalência. Homens jovens. Comportamento sexual. HSH. Conscritos. Forças Armadas.

Divulgação e/ou Publicações

SPERHACKE, R. D.; MOTTA, L. R. da; KATO, S. K., VANNI, A. C.; PAGANELLA, M. P.; OLIVEIRA, M.C.P. de, PEREIRA, G. F. M.; BENZAKEN, A. S. HIV Prevalence and sexual behavior among young male conscripts in the Brazilian Army, 2016. Medicine, Baltimore, 2018 May.

Aplicabilidade para o SUS

O monitoramento da prevalência do HIV, sífilis, hepatites virais B e C, bem como a avaliação do comportamento sexual de risco de jovens do sexo masculino e o nível de conhecimento acerca das formas de transmissão e prevenção são importantes ferramentas para subsidiar a formulação de políticas de prevenção e ações programáticas necessárias ao controle desses agravos.