Prevenção e profilaxias

Hepatite A

A prevenção mais efetiva para a hepatite A é a vacina anti-HAV, disponibilizada em toda a rede SUS para menores de cinco anos e grupos de vulnerabilidades acrescidas, como nas seguintes situações:

  • Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive portadores do vírus da hepatite C (HCV);
  • Portadores crônicos do vírus da hepatite B (HBV);
  • Coagulopatias;
  • Pacientes com HIV/aids;
  • Imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora;
  • Doenças de depósito;
  • Fibrose cística (mucoviscidose);
  • Trissomias;
  • Candidatos a transplante de órgãos sólidos, cadastrados em programas de transplantes;
  • Transplantados de órgãos sólidos ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea);
  • Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes;
  • Hemoglobinopatias.

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Mais informações:

Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais

 

Vale lembrar a importância das medidas de higiene pessoal na prevenção da hepatite A, pois se trata de uma doença viral aguda de transmissão fecal-oral, ou seja, pelo contato com fezes contaminadas. Pode ser transmitida pela água ou por alimentos contaminados e também pelo contato entre as pessoas, por meio de mãos mal lavadas, de objetos que estejam contaminados pelo vírus e da prática de sexo oral-anal desprotegido.

  Áreas que ainda não dispõem de saneamento básico e tratamento de esgoto adequado também deixam as pessoas mais vulneráveis à infecção pelo vírus da hepatite A.

Hepatite B

A hepatite B é considerada uma infecção sexualmente transmissível, uma vez que a principal fonte de contaminação é a relação sexual desprotegida. Dessa forma, a prevenção da hepatite B é realizada pelo uso do preservativo nas relações sexuais, tendo a vacinação como medida mais efetiva. A vacina contra a hepatite B (HBV) é universal, ou seja, está disponível para todas as pessoas no SUS. Em crianças, a vacina deve ser aplicada em quatro doses, sendo a primeira ao nascer e as seguintes aos 2, 4 e 6 meses de idade.

Para os adultos que não se vacinaram na infância, são necessárias três doses em um intervalo de 6 meses (0, 1 mês e 6 meses). Pessoas que tenham algum tipo de imunodepressão ou que vivam com HIV precisam de um esquema especial, com o dobro da dose, administrada nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). A vacina para hepatite B também protege contra a hepatite D.

Na prevenção da hepatite B, também é utilizada a imunoglobulina (IGHAHB), insumo disponibilizado por meio dos CRIE. A imunoglobulina é ofertada para os seguintes indivíduos suscetíveis:

  • Gestantes, para prevenção da infecção perinatal pelo vírus da hepatite B;
  • Vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente suspeito de infecção por HBV;
  • Comunicantes sexuais de casos agudos de hepatite B;
  • Vítimas de violência sexual;
  • Imunodeprimidos após exposição de risco, mesmo que previamente vacinados.

Prevenção da Transmissão Vertical

Todas as gestantes e suas parcerias sexuais devem ser investigadas para IST e informadas sobre a possibilidade de prevenção da transmissão para a criança, especialmente de HIV/aids, sífilis e hepatites virais B e C.

O teste para detecção da hepatite B deve ser realizado durante o primeiro trimestre da gestação ou no início do pré-natal. Deve-se também garantir que a gestante esteja ou seja vacinada para hepatite B. Contudo, caso a gestante tenha hepatite B, ela deve ser avaliada quanto à necessidade de iniciar o tratamento da infecção ou a profilaxia, a fim de prevenir a transmissão do HBV para a criança. Complementarmente, ao nascer, a criança deverá receber a vacina + imunoglobulina anti-hepatite B.

A testagem para hepatite C também é importante, principalmente quando a gestante apresentar maior vulnerabilidade para a infecção. Devem-se monitorar os casos positivos, a fim de realizar as orientações que ajudam a evitar a transmissão do vírus para a criança. Todavia, por não existir um esquema de profilaxia, algumas crianças irão adquirir o vírus. O tratamento da gestante será realizado após o término da gestação, e a criança deverá ser acompanhada. Caso a criança tenha contraído a infecção, poderá ser tratada a partir dos três anos de idade, se houver indicação.

O diagnóstico precoce (com o uso de testes rápidos) e a atenção adequada no pré-natal podem auxiliar em ações que diminuam os riscos de transmissão vertical.

Prevenção Combinada

A Prevenção Combinada associa diferentes métodos de prevenção ao HIV, às IST e às hepatites virais (ao mesmo tempo ou em sequência), conforme as características e o momento de vida de cada pessoa. Entre os métodos que podem ser combinados, estão: a testagem regular para o HIV; a prevenção da transmissão vertical (quando o vírus é transmitido para o bebê durante a gravidez); o tratamento das infecções sexualmente transmissíveis e das hepatites virais; a imunização para as hepatites A e B; programas de redução de danos para usuários de álcool e outras substâncias; profilaxia pré-exposição (PrEP); profilaxia pós-exposição (PEP); e o tratamento de pessoas que já vivem com HIV. Todos esses métodos podem ser utilizados pela pessoa isoladamente ou combinados.

Dentro das tecnologias ofertadas na Prevenção Combinada, no que refere às hepatites virais, vale destacar:

  • Imunização para hepatite B (HBV);
  • Testagem regular para o HIV, outras IST e hepatites virais;
  • Profilaxia pós-exposição (PEP), no caso da hepatite B, nas seguintes situações: criança exposta, nascida de mãe que tenha sido diagnosticada com HBV; acidente ocupacional (com material biológico potencialmente infectante); vítimas de violência sexual; relação sexual (parceria sexual com HBV aguda);
  • Profilaxia em recém-nascidos para prevenir a transmissão vertical;
  • Diagnóstico e tratamento das pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST) e hepatites virais (HV);
  • Uso de preservativo masculino ou feminino nas práticas sexuais.