Hepatite D

Qual o agente causador da hepatite D?

O vírus da hepatite D (HDV) é um RNA subvírus pequeno, esférico e incompleto, que precisa do antígeno de superfície HBsAg para se replicar, sendo o causador da hepatite D ou Delta.

Hepatite D, o que é?

É uma infecção causada pelo vírus D da hepatite (HDV). A hepatite D, também chamada de Delta, está associada com a presença do vírus B da hepatite (HBV) para causar a infecção e inflamação das células do fígado. Existem duas formas de infecção pelo HDV: coinfecção simultânea com o HBV e superinfecção pelo HDV em um indivíduo com infecção crônica pelo HBV.

A hepatite D crônica é considerada a forma mais grave de hepatite viral crônica, com progressão mais rápida para cirrose e um risco aumentado para descompensação, carcinoma hepatocelular (CHC) e morte (FATTOVICH et al., 2000; MALLET et al., 2017).

Epidemiologia

Estima-se que 15 a 20 milhões de pessoas no mundo sejam acometidas pelo HDV (CIANCIO; RIZZETTO, 2014).   No Brasil, a hepatite D (Delta) apresenta taxas de prevalência elevadas na Bacia Amazônica (BRAGA et al., 2013). Atualmente, 41% e 27% dos casos notificados concentram-se nos estados do Amazonas e Acre, respectivamente. Entre 1999 e 2018, foram notificados 3.984 casos confirmados de hepatite D no Brasil. A maior ocorrência se deu na região Norte, com 74,9% dos casos notificados. As regiões Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste abrangeram 10,3%, 5,9%, 5,5% e 3,4% dos casos, respectivamente. Em 2018, foram notificados 145 casos no país, sendo 104 (71,7%) na região Norte.

Formas de transmissão

As formas de transmissão são idênticas às da hepatite B, sendo:

  • Por relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada;
  • Da mãe infectada para o filho, durante a gestação e parto;
  • Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos);
  • Compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam);
  • Na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança;
  • Por contato próximo de pessoa a pessoa (presumivelmente por cortes, feridas e soluções de continuidade);
  • Transfusões de sangue (mais relacionadas ao período anterior a 1993).

Quais são os sinais e sintomas?

Da mesma forma que nas outras hepatites, quem tem hepatite D pode não apresentar sinais ou sintomas da doença. Quando presentes, os mais comuns são: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Como é o diagnóstico?

O diagnóstico sorológico da hepatite D é baseado na detecção de anticorpos anti-HDV. Caso a pessoa apresente exame anti-HDV reagente, a confirmação da hepatite Delta será realizada por meio do somatório das informações clínicas, epidemiológicas e demográficas. A confirmação do diagnóstico também poderá ser feita por meio da quantificação do HDV-RNA, atualmente realizada apenas em caráter de pesquisa clínica. Excepcionalmente, a confirmação diagnóstica da hepatite D poderá ser feita por meio do exame de histopatologia.

Como é o tratamento?

Após o resultado positivo e confirmação, o médico indicará o tratamento de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções (PCDT Hepatite B).

Os medicamentos não ocasionam a cura da hepatite D. O objetivo principal do tratamento é o controle do dano hepático. Todos os pacientes portadores de hepatite Delta são candidatos à terapia disponibilizada pelo SUS. Atualmente, as terapias são compostas por alfapeguinterferona 2a e/ou um análogo de núcleosídeo ou nucleotídeo. Todos os pacientes com hepatite D devem ser encaminhados a um serviço especializado.

Além do tratamento medicamentoso, orienta-se que a pessoa não consuma bebidas alcoólicas.

Como se prevenir?

A imunização para hepatite B é a principal forma de prevenção da hepatite Delta, sendo universal no Brasil desde 2016 (CGPNI/DEVIT/SVS/MS, 2015). Outras medidas envolvem o uso de preservativo em todas as relações sexuais e o não compartilhamento de objetos de uso pessoal – como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.

Além disso, toda mulher grávida precisa fazer o pré-natal e os exames para detectar as hepatites, o HIV e a sífilis.