Lucas Martins
Lucas Martins é um jovem proativo. Aos 19 anos já morava sozinho e trabalhava em dois empregos. Ele conta que, naquele período, começou a ter crises convulsivas. Ficou nessa situação por duas semanas e, na última, os médicos o internaram e realizaram diversos diagnósticos, porém nenhum relacionado ao HIV. Até que chegaram à conclusão de que seus problemas de saúde estariam ligados a situações psicológicas e o encaminharam a um hospital psiquiátrico na cidade de Maringá.
Nesse hospital, Lucas foi novamente diagnosticado e não se constatou nenhum tipo de relação psiquiátrica com suas convulsões. Assim, ele foi reconduzido ao Hospital Memorial de Maringá – uma luta árdua que estava desgastando sua família – até que uma médica viu aquele desespero.
Essa especialista indicou uma colega de profissão, que não atendia pelo serviço público, e que julgou ser a mais indicada para a situação de Lucas. Seus pais, sem hesitar, disseram que fariam de tudo por ele. “Eles não aguentavam mais esse ir e vir, e meu quadro só piorando. Chegou um momento em que eu não tinha mais consciência de mim. Tinha crises convulsivas constantes, febre intermitente, estava entubado e sedado. Era a alternativa que deveríamos abraçar”.
Na mesma semana, Lucas recebeu antibióticos devido ao seu estado de saúde. Ele teve reação adversa aos medicamentos e sofreu uma parada cardíaca, sendo transferido para o hospital de Maringá. “Naquele momento é que percebi que existe a mão de Deus nas coisas”. Quando deu entrada no hospital, a médica indicada estava de folga; porém, ela passava na frente do hospital com seu esposo e comentou que queria entrar para ver como estava o local.
Foi assim que a médica e seu marido, também médico, puderam prestar assistência a Lucas, que acabava de dar entrada no hospital. Ele foi anestesiado e, quando acordou, a médica lhe deu dois resultados: quadro de pneumonia e teste de HIV positivo.
“Nesse momento, meu mundo desabou. Não tinha a mínima noção do que iria passar. Então somente chorava. Fiquei 15 dias internado e, inicialmente, não aceitei o diagnóstico”.
Quando Lucas voltou para casa, ainda não tinha informação suficiente para enfrentar essa nova etapa de sua vida, mas tentou retomar a rotina. “Para mim, estava com aids e não sabia a diferença entre o que era HIV e aids. Após esse período, ainda não tinha iniciado o tratamento. Não sabia que havia o CTA e que o SUS disponibilizava os remédios”.
Depois de muito sofrimento, Lucas conheceu o CTA de Maringá, onde ainda passou por três médicos até chegar a uma médica que lhe disse tudo o que ele gostaria de ter ouvido desde o começo. "Precisava de informação e essa médica foi fundamental, pois me explicou todas as alternativas disponíveis à época; então, aderi ao tratamento."
"As pessoas pensam que não podemos ter uma vida normal. Eu voltei a trabalhar, faço academia, tenho projetos e sonhos."
"Hoje estou indetectável e enfrento meus problemas com um sorriso no rosto."