Geovanni Henrique e Jeandro Borba
Em uma bateria de exames de rotina realizados em 2014, Geovanni descobriu que havia contraído HIV. Assim como diversas pessoas que recebem o diagnóstico positivo, ele carecia de informações e não possuía em seu círculo de amizades ninguém que já houvesse passado por esse processo.
Como estudante do ensino médio, ouvia falar de DST/aids e do processo de infecção, participava de palestras sobre o tema, mas nunca se questionou ou foi informado sobre o depois do diagnóstico, ou seja, como é viver com o HIV. “Depois que revelei minha sorologia foi que descobri que havia muitas pessoas na mesma situação que a minha, mas que também não se declaravam devido ao preconceito”.
Seu primeiro passo foi buscar apoio na família. No primeiro momento, seus pais o apoiaram em relação à sua sexualidade. Depois do diagnóstico pela segunda vez que ele precisaria de ajuda, e assim aconteceu. “Meus pais foram muito receptivos e esse apoio foi fundamental para eu levantar a cabeça e seguir em frente, porque infelizmente ainda há muito estigma e preconceito”.
Geovanni tem 25 anos e se declarou para o mundo em sua página nas redes sociais. Após essa exposição, ele foi convidado a participar de programas em televisão, em que pôde explicar melhor seu caso e informar as pessoas sobre o tratamento e o preconceito.
“Possuo um perfil em aplicativo, mas percebi que muitas das pessoas me procuravam para obter informações, sanar suas dúvidas e não para buscar um relacionamento, porque muita gente que vive com HIV se esconde devido ao preconceito. Foi então que eu pensei que não arrumaria ninguém”.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas. Geovanni conheceu Jeandro Borba, que quebrou as barreiras que estavam dentro dele. “Pensava que, por estar nessa condição, ninguém ia me querer mais”, afirmou Geovanni.
Ao contrário disso, Jeandro lembra que faz parte da qualidade de vida de uma pessoa ter relacionamentos.
"Eu não tenho HIV, mas eu convivo com HIV porque o Geovanni vive com HIV. Nós temos um relacionamento sorodiferente.”
Eles já estão juntos há um ano e a sorologia deles continua diferente devido aos vários métodos de prevenção. “Escolhemos o mais adequado ao nosso relacionamento e cada casal ou pessoa pode decidir o seu tipo de prevenção. O que precisamos é acabar com o estigma, o preconceito e o medo”, diz Jeandro.
Geovanni defende a liberdade sexual com prevenção. “Quando você descobre que é soropositivo, você tem que transar muito, namorar muito, tem que se permitir e continuar sua vida do jeito que ela é. Podemos mostrar que é possível, sim! ”.
Geovanni reconhece que o acolhimento logo no início do seu diagnóstico foi fundamental. “O que me tornou indetectável foi um conjunto de fatores. Foi o profissional de saúde que se dispôs a me ajudar, o carinho dos meus pais, dos meus amigos, que não me excluíram por eu ter HIV”.