Cida Lemos
No ano 2000 ela recebeu o diagnóstico de HIV positivo. Sua primeira
afirmação foi “Isso não tem nada a ver comigo”. Nenhum médico até
então havia pedido um teste para o HIV, pois diziam que não era o perfil de
Cida Lemos.
Porém ela começou a ter quadros de febre e fez diversos exames e todos
negativos. Não satisfeita, Cida foi a uma reumatologista pois disseram que ela
poderia estar com febre reumática. E o resultado: negativo.
“A médica me perguntou, mesmo com o resultado de todos os exames, se
eu não faria o teste Anti-HIV... Eu fiz e quando estive no consultório a médica
me disse que não tinha lúpus, nem febre reumática, e sim AIDS”.
Na ocasião, a médica foi enfática ao dizer para Cida que ela poderia se
apegar e acreditar em qualquer coisa, mas que era necessário que ela buscasse
um médico e o medicamento. E assim ela aderiu ao tratamento.
Assim como todas as pessoas que foram diagnosticadas com HIV positivo a mais
de uma década, Cida passou por uma lida diária de dezenas de comprimidos.
“Eram comprimidos ruins e com gosto horrível! Mas hoje eu tomo apenas um
comprimido e estou indetectável há 16 anos”.
Mas Cida teve um alerta um ano após a descoberta do HIV. Em 2001 ela sofreu
um ataque de citomegalovírus que atacou sua visão fazendo com que ela perdesse
totalmente este sentido. “Vocês imaginam uma mulher com HIV e ainda cega.
Eu perdi o direito de ir e vir”.
Cida buscou ajuda em uma instituição e descobriu que, na verdade, ela é quem
daria ajuda. “Eu conheci pessoas que não tinham estrutura, não tinham
família, nem casa para morar. Ajudei estas pessoas a se superarem e acabei
ajudando a me superar também. Hoje eu vivo brincando, chorando, rindo, me
cuidando e vivendo meus lutos. Sim, por que quando você está mal, está de luto,
mas levanto e volto à vida”.