Leonardo Cezimbra
Natural de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, Leonardo Cezimbra descobriu que era soropositivo aos 32 anos, no check up preventivo que realizava periodicamente. A surpresa inesperada mudou toda sua vida após o diagnóstico. Assim como muitos que recebem essa notícia pela primeira vez, Leonardo pensou que poderia morrer em dois meses e que iria perder todo contato com as pessoas que amava.
Porém, o que faz a diferença é buscar informação. Leonardo não esperou o tempo passar e logo na primeira semana pesquisou sobre o HIV e as formas de tratamento. “O que me ajudou muito foi descobrir o HIV depois dos 30 anos, porque isso me trouxe maturidade para buscar informações”, afirma.
Por ter nascido em uma cidade pequena, Leonardo sofreu bullying durante toda a vida em razão de sua sexualidade. “Consegui sair do armário aos 27 anos de idade e aos 30 me vi dentro de outro armário. Foi então que eu decidi que tinha que abrir a porta de uma vez, pois não tinha mais como manter aquela situação”.
Era óbvio que, em uma cidade de interior, os comentários começariam a surgir. O serviço de saúde ficava no centro da cidade e Leonardo, mais uma vez, teve que passar por situações de preconceito.
“Algumas pessoas chegaram a não assistir aulas comigo por medo da água da piscina estar infectada."
"Por isso, me expus de vez. Faltava informação às pessoas e sentia que deveria levar essa informação a elas”.
Antes, Leonardo comunicou sua família sobre sua decisão, pois esse passo também os envolveria. Ele iniciou o tratamento e quando percebeu que estava bem, revelou abertamente sua condição. “Eu tinha que me expor para tentar passar informação. Mas, antes disso, tinha que falar com minha família, pois no momento em me expusesse eu também iria expô-los e todos, nunca duvidei, me acolheram muito. Eu sou uma pessoa privilegiada”.
Já em tratamento, Leonardo decidiu abrir sua condição de forma clara para a sociedade. “Algumas pessoas se afastaram. Foram muitos nãos em relacionamentos e outros nãos de antigos amigos, que se afastaram e não me ligaram mais”.
No entanto, isso fez com que ele descobrisse uma força que talvez nunca soubesse que tinha. Leonardo conseguiu essa força pelo acolhimento de sua família e pela adesão ao tratamento. “O medicamento funciona como um herói e não como um bandido. No começo foi difícil a adaptação, mas tinha certeza de que colheria os louros, que iria ficar tudo bem”.
Leonardo começou a escrever suas experiências anonimamente em uma página nas redes sociais e, com o tempo, ele deixou o anonimato e assumiu sua identidade. A página se chama Confissões de um soropositivo. “Reuni todas as confissões que escrevi e publiquei um livro, o que também gerou um canal no YouTube. Outras pessoas começaram a se identificar e enxergar nos relatos a possibilidade de ficarem bem
“Eu tenho muita força e uma das razões que me fazem estar indetectável é a possibilidade de seguir convivendo com as pessoas que eu amo”.